Nas salas de aula de nossas escolas, é bastante comum encontramos alunos com dificuldade de enxergar o que está escrito no quadro. Alunos míopes certamente encontraremos em várias classes e, embora a professora não seja oftalmologista, é ela quem consegue observar que o aluno está apresentando dificuldades com a visão. Isso, é apenas um exemplo do que constitui a responsabilidade do professor. Se é assim com alunos míopes, certamente tem que ser assim com alunos que apresentam qualquer deficiência de aprendizagem ou síndrome. Aplica-se também, é claro, nos casos de alunos que apresentam, por exemplo, o transtorno de atenção com déficit, em todas as suas manifestações e variações.
Estatísticas internacionais apontam que de 3% a 5% das crianças, principalmente do sexo masculino, devem ser trabalhadas do ponto de vista clínico e psicopedagógico, a partir da indicação de educadores, que buscam orientar as famílias, com base na observação de sintomas apresentados pela criança em sala de aula. Não é o educador quem faz o diagnóstico e o tratamento, mas é ele comumente quem identifica a necessidade de avaliação por profissionais da área.
A proposta de me levar a escrever este artigo, com toda limitação de um educador no que tange ao conhecimento específico da neurologia e psiquiatria, é somente a de alertar educadores, familiares e profissionais especializados na área de saúde sobre a importância de mantermos o tripé família-escola-especialista, para o diagnóstico e tratamento de crianças com a síndrome de TDA (Transtorno do Déficit de Atenção) e suas variantes. Só o médico com a família não conseguirá reunir importantes informações capazes de serem fundamentais no diagnóstico e tratamento de tais pacientes. Ouvir a escola, o educador é muito importante para o sucesso do tratamento clínico.
Na década de 80, a evolução tecnológica permitiu à medicina avançar em seus diagnósticos através de análises comparativas de cérebros de pessoas portadoras de características evidentes de desatenção e agitação extrema com outros de comportamento “normal”. A partir de então, diagnósticos mais precisos revelaram a ocorrência e a involuntariedade de certas situações de falta de atenção e hiperatividade, o que significam um grande avanço também para a escola, que, de posse de um diagnóstico, consegue, através do SOE (Serviço de Orientação Educacional), traçar estratégias facilitadoras na aprendizagem de crianças portadoras dessa síndrome. Com diagnóstico fechado e acompanhamento clínico, a escola, por sua vez, promove ações que acomodam o paciente às exigências naturais para que tenha uma boa aprendizagem e um saudável relacionamento com o meio social.
Qualquer que seja a síndrome, a escola necessita (e muito!) de estar em sintonia com o profissional clínico que acompanha a criança. Se isso não ocorre, esse aluno pode parecer,com a manifestação de seus sintomas, apenas um rebelde, um indisciplinado que atrapalha as aulas e cria problemas com os colegas. É fato que só teremos acerto no sentido de um tratamento clínico de qualidade e adaptação da criança portadora de DDA (Deficiência de Déficit de Atenção) e suas variáveis, se escola, família e profissionais clínicos atuarem juntos.