sábado, 3 de dezembro de 2011

“Os pais que me perdoem, mas mãe é fundamental”



O mundo mudou! As mulheres agora estão ganhando mais espaço no mercado de trabalho e, por isso, a “Revolução Sexual” está se concretizando. A família também mudou e os homens ocupam mais e importante espaço na educação dos filhos. Será?
Mesmo com as mudanças no mercado de trabalho, é inegável que a mãe se mantém como a pessoa que mais faz o acompanhamento escolar dos filhos. É fácil constatar isso. Observe a freqüência na reunião de pais e mestres na escola de seu filho e vai notar que o público feminino predomina. Se considerarmos os atendimentos rotineiros na escola, veremos que o número de mães é significativamente maior do que o número de pais que procuram alguma informação sobre a vida escolar dos filhos.
Pesquisa realizada na rede pública e privada de educação, uma pesquisa aplicada pelo SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) que quantificou que os alunos do Ensino Fundamental, em sua maioria, são assistidos pelas mães quando em casa fazem as suas tarefas. 75% no 5º ano e 72% dos alunos do 9º ano afirmavam que as mães ajudam nas atividades que levam para casa. Isso é muito significativo, pois deixa transparecer a pouca participação dos pais.
Levantamento do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos) mostra que a participação das mulheres no mercado de trabalho passou de 39,4% em 1992 para 42,5% em 2002. As mulheres estão mais atuantes profissionalmente, sem, com isso, deixar de continuar a desempenhar o seu papel de mãe, no acompanhamento de seus filhos. Ao contrário, parece-me que os homens perdem espaço no mercado de trabalho e nem por isso estão aumentando a participação em casa, no caso... como pais.
Mas afinal, os pais que trabalham fora têm mesmo dificuldade em acompanhar os filhos em sua educação? Sim, há dificuldades, embora o que gera problema na educação dos filhos não seja o fato de os pais trabalharem fora, mas a forma como administram o seu tempo com os filhos. Pais e mães podem estar próximos dos filhos grande parte do dia, mas distantes afetivamente. Assim, a qualidade da atenção e afeto é mais importante do que a quantidade. Isso ajudou? Mas voltemos à questão inicial.
As mães participam mais por quê? Seria por determinismo cultural ou mesmo disposição de uma “força de sobrevivência” que todos os animais têm? Bem, a questão não é tão simples de explicar e nem pretendo polemizar. O fato é que o pai, embora seja homem, esteja cansado, tenha trabalhado o dia inteiro etc, etc, tem que estar mais presente na educação de seus filhos, ajudando a mãe, que tem mesmo esse instinto (a tal “força de sobrevivência”) mais aguçado do que o homem. A partilha das tarefas e responsabilidades mantém-se por toda vida. A mulher não pode ter jornada dupla e ainda estar sempre animada e contente para receber o “maridão”. Isso sim tem que ser diferente. O homem tem que ajudar a mulher que também trabalha fora de casa. Além de compreensível, tem que ser participativo e mais tolerante. Deve aproveitar-se do fato de a mulher ter jornada fora de casa e aproximar-se mais dos filhos, acompanhando-os nas tarefas e conversando sobre a vida.
As mães são fundamentais, são mais afetivas, e os filhos têm mais aproximação, mas os pais necessitam também de mais entrega nessa relação. Faça isso e verá o quanto é gostoso o convívio com os seus filhos. 
    

Fontes:

1.       http://groups.msn.com/professoressp
2.       www.aprendiz.org.br
3.       Instituto Paulo Montenegro (pela Educação) – www.ipm.org.br
4.       APASE – Associação de Pais e Mães Separados – www.apase.org.br

Necessitamos de uma grande revolução na educação


Em 2009, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura) divulgou o resultado do estudo realizado na educação brasileira intitulado “Professores do Brasil: impasses e desafios”. Como podemos imaginar, o cenário é preocupante. Para minha surpresa, o professor no Brasil representa 84% da força de trabalho do País, ficando atrás dos escriturários com 15,2% da força ocupacional e dos trabalhadores do setor de serviços com 14,9%. A profissão supera, inclusive, o setor da construção civil que detém 4% da força de trabalho ocupada. Somos, então, uma parte significativa dos trabalhadores brasileiros. Contudo devemos nos preocupar em elevar o status do profissional em educação no Brasil.
       Quando pensamos nessa imensa força de trabalho e nos debruçamos no estudo realizado, deparamo-nos com a situação da qualificação desse profissional. Há problemas na qualidade da formação inicial e também na formação contida. O estudo revela que há um “desencontro” entre a formação teórica do professor e a prática de ensino. Não há sintonia entre o academicismo da formação do docente com o conteúdo programático na grade curricular nacional. O professor aprende ensinando aos alunos, pois na sua formação em faculdade e universidades ele ficou “partido” em um academicismo que não tem relação com o que se ensina e como se ensina. Talvez isso possa explicar por que 50% dos educadores em formação dizem não ter vontade de ser professor (querem ir para o bacharelado e pesquisa). E isso, é claro, é complicado.
         Além disso, é preciso repensar que na questão de remuneração do professor há muito o que se fazer mesmo. Salários baixos e jornadas muitas vezes triplas fazem do professor um profissional super atarefado, com pouco tempo para se reciclar e se cuidar. Em sua maioria oriundos de classes sociais mais baixas, esse profissional chega à formação com déficits que na maioria dos casos são intransponíveis. Daí, surge mais um problema, muito observado na rede privada de ensino: há um abismo entre a realidade de vida do professor e a realidade de vida do aluno. É preciso mudar isso! Os professores necessitam de motivação salarial, formação de qualidade que atenda às demandas curriculares e formação continuada que realmente ocorra. É preciso de plano de carreira e piso salarial que atraia mais pessoas e que a carreira de magistério seja mais envolvente. A revolução na educação começará pelo professor!


Referência: Glauco Rodrigues Cortez, Pontifícia Universidade de Campinas. Doutorado em Ciências Sociais.

Lei de Diretrizes e Base da Educação brasileira. (LDB - Lei 9394 / 96): A importância do Gestor e o seu papel.


A LDB (Lei de Diretrizes e Base da Educação) foi sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso em 1996, quando então era ministro da Educação o Sr. Paulo Renato. É baseada no princípio de direito universal a educação para todos, incluindo a Educação infantil (Creches e Pré-escolas) como primeira etapa da educação básica. O relator da Lei foi o inesquecível educador e senador Darcy Ribeiro.
A lei prevê a gestão democrática do ensino público e progressiva autonomia pedagógica e administrativa das unidades escolares. Determina a gratuidade e obrigatoriedade do Ensino Fundamental que, com o Presidente Lula, tornou-se de 9 anos. Determina que o docente para atuar na área tem que ter nível superior completo, determinando que a união deve investir no mínimo 18% dos recursos públicos e os estados e municípios ficam com 25% de seus respectivos orçamentos na manutenção e desenvolvimento do ensino público, conforme texto original.
Com a constituição de 1998, iniciou-se o debate nacional sobre a necessidade de descentralização da gestão escolar, e com a LDB em 1996 é que teremos fixadas as incumbências dos estabelecimentos de ensino, sendo o artigo 15 o responsável por engrenar maior autonomia pedagógica e administrativa a cada unidade de Ensino da rede pública em nosso país. Implantamos, então, o conceito de “Gestão democrática”, o que em tese desencadearia uma participação social nas tomadas de decisões políticas na administração da Educação pública. Cabe ao diretor, gestor pedagógico, a importante missão de ser o facilitador da implantação de procedimentos participativos de toda a comunidade escolar. Seria então o Gestor responsável por ações transformadoras de sua unidade escolar em um “centro democrático” de educação.
Como modelo democrático de gestão escolar, o diretor passa a ter a função de catalisador das inspirações e mesmo da dinâmica da comunidade, a fim de gerar condições adequadas em nível material e imaterial para um melhor processo de aprendizagem. É o conceito de “autoridade compartilhada” na visão de Luck (2001), cujo poder é delegado pela comunidade. Tal situação aponta o relevante papel social da escola gerido a partir da comunidade. O objetivo é envolver a comunidade em todo o processo e fazer do diretor um agente de transformação social na comunidade onde é gestor.
Quando observamos o cenário atual da educação brasileira e do modelo democrático implantado, o que temos de mudanças qualitativas, após 15 anos de experiência nesse modelo? Como na gestão democrática, o dirigente da escola é escolhido por eleição direta e secreta, com participação de grêmio estudantil, corpo docente, pais e, em alguns estados, líderes comunitários e sindicais. Aí, instala-se um problema: as eleições para diretores podem sofrer pressão de um “aparelhamento” ideológico e partidário? Há risco de conchavos e acordos entre possíveis lideranças políticas que surjam de um sonho à candidatura de um diretor a um cargo público? Sim, tudo isso pode acontecer. O que temos hoje é um modelo democrático na escola do Gestor, mas que “engessa” o gestor em sua administração. O diretor não tem autonomia necessária para desenvolver boas ferramentas de gestão. São amarrados por uma burocracia controladora da máquina do estado. Raras lideranças conseguem fazer algo significativo. Temos que rever esse modelo.
A escolha do Diretor por um critério misto poderia ter uma saída. Por exemplo, mesclando prova de conhecimento, capacidade de liderança, propostas pedagógicas apresentando uma PPP (Projeto Político Pedagógico) para avaliação da Secretaria de Educação e da comunidade, capacidade de administração e, por fim, a eleição através do voto direto e aberto. A qualidade da eleição será outra, e o Gestor escolhido mais preparado. Mas além disso, temos que ter também mecanismos que garantam aos gestores mais autonomia que permita que sua capacidade administrativa possa aparecer. Fato é  que necessitamos de experimentar outros modelos que existem em outros países. Enquanto isso não ocorre, devemos estar atentos às “brechas do sistema”, àquela janela que um bom secretário de educação deve procurar abrir para o sistema fluir com mais qualidade e comprometimento.

Referências:
- Luck, Heloísa. A Escola Participativa: o trabalho do Gestor escolar. 5ª edição. São Paulo 2001.
- LDB _ Lei 9394 de dezembro de 1996.
- Brasil – Ministério da Educação e do Desporto. Salto para o futuro: Construindo uma escola cidadã. Projeto Político Pedagógico. Brasília. SEED, 1998 – ISBN.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Continuem sonhando



Sempre me dirijo a vocês para compartilhar com todos a minha experiência de pai e educador. Hoje, gostaria de dirigir-me a vocês não para falar de nossas crianças, mas de como somos importantes para elas. Somos importantes não só porque somos heróis de nossos filhos e alunos, mas, acima de tudo, porque sonhamos. 
São os sonhos que nos movem; dão ousadia aos líderes, inteligência ao poeta e desejo de lutar por dias melhores. Os sonhos são como combustível humano e transformam o mundo. Inspiram-nos a criar, nos levam a superar e nos encorajam a conquistar. São esses sonhos que nos transformam e nos fazem as pessoas que nossos filhos enxergam. Por isso, temos que sonhar. São os sonhos que mantêm em nós a chama viva e, por isso, nos fazem levantar da cama para lutar.
          Os sonhos de cada um de nós nos projetam no mundo em que vivemos. Se os nossos sonhos são pequenos, também serão pequenas as nossas conquistas. Será também pequena a condição de suportar a pressão da vida. Os sonhos dão ao nosso canteiro da vida  o adubo necessário para a nossa existência com sentido. Temos que sonhar e ensinar aos nossos filhos a sonharem. Deixem que eles participem de nossos sonhos, pois são projetos de nossa vida. Sonhando com o futuro, nossas crianças e jovens certamente estarão se equipando para a construção de oportunidades.
           Os sonhos nos enchem de saúde e de desejo e nos levam à construção que nos projetará no futuro. Por isso, peço-lhes que conversem com seus filhos sobre os sonhos. O seu e o deles. Mostrem a eles a dimensão da existência deles em seus sonhos. Incentivem-nos a construir sonhos e permitam que eles conheçam o seu sonho. Ou os seus muitos sonhos!
Somos produtos de um sonho ou um sonho que ainda irá se concretizar por completo. Lembrem-se de que não há idade para sonhar, para recomeçar, reconstruir e viver! E saibam que vocês, mesmo adultos, estão, como as nossas crianças, em plena construção.
Eu sonho sempre e ainda tenho muitos sonhos. Falo deles aos meus filhos e ensino-os a sonhar. Acredito que cabe a nós, pais e educadores, ser uma usina de sonhos e que devemos continuar sonhando, pois eles irrigam a vida de prazer e sentido. Continuem sonhando sempre! Os sonhos são transpiração de nossos desejos e a vontade natural de sermos fortes, saudáveis, bonitos e ricos. Isso é humano; isso é de Deus.

Como eu tenho dito, o problema da educação não passa por mais verbas.


        O MEC, Ministério da Educação, sob o comando do Ministro Fernando Haddad, praticamente triplicou a oferta de verbas. Hoje, o montante investido em educação é a fábula de 69 bilhões de reais, contra os 19 bilhões investidos há 10 anos. Ou seja, muito dinheiro público está sendo aplicado na educação. E, por incrível que pareça, a qualidade do ensino na rede púbica não apresentou resultados que justifiquem tantos investimentos. A qualidade não acompanhou a cifra e, pior, na verdade, ela vem caindo.
         Para atrair a criança, evitar evasão e melhorar os índices educacionais, o Ministério incrementou o programa de merenda escolar em todo o país. Em 2006, aplicava-se 1,5 bilhão de reais no programa de merenda; hoje, aplicam-se 3,2 bilhões, o que nos impele a afirmar que dinheiro parece não ser o problema.
         Estamos assistindo, enquanto sociedade, a um descrédito na educação brasileira. E isso, lamentavelmente, não se restringe apenas à educação básica. Pesquisas recentes têm mostrado que estamos com um enorme gargalo também no ensino superior. O ensino público de qualidade vem gradativamente perdendo espaço para faculdades e universidades privadas. Segundo últimos dados do ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), que avalia as instituições do Ensino Superior, dentre as 100 melhores universidades do país, 65 delas são particulares. 77% das matriculas no Ensino Superior no Brasil se concentram no setor privado.
        Há, sem dúvida, um processo silencioso de privatização do Ensino Superior no Brasil. E isso seria até suportável, se a educação básica, o ensino técnico profissionalizante, por exemplo, tivessem investimentos capazes de atender à enorme demanda por mão-de-obra especializada que vem ocorrendo nos últimos anos devido ao aquecimento da economia.
 Como se percebe, não se trata apenas de discutir ou reivindicar liberação de mais verbas ou, quem sabe, questionar se essas verbas estão sendo bem geridas. A questão passa, também, por políticas públicas mal direcionadas e por utilização de verbas que, embora aplicadas, não estão se concretizando em mais qualidade de ensino nem em benefícios outros para o cidadão brasileiro.
Confirma-se essa triste constatação quando avaliamos os resultados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em todo o Brasil. Alagoas por exemplo, apresenta os seguintes resultados: em 2005, a média  foi de 2,4; em 2009, de 3,4; a projeção para 2011 é de 3,2 em uma escala que varia de zero a dez. A média nacional em 2009 foi de 4,6. São Paulo apresentou nota 4,5 em 2005 e 4,9 em 2009. A meta para 2011 é de 5,3 de nota. Parece pouco, mas há um abismo entre as realidades dos dois estados. As metas são diferenciadas para cada rede e escola, e projetadas bienalmente de 2007 a 2021.
Estados, municípios e escolas deverão melhorar seus índices e contribuir, em conjunto, para que o Brasil chegue a meta 6,0 em 2022. Há muito o que se fazer e, por isso, eu insisto. A questão passa pela vontade política de fazer educação. E isso não depende só de verbas. Depende de Gestão Educacional e de vontade política de fazer educação de qualidade.


Referência: INEP – Portal inep.gov.br