sábado, 3 de dezembro de 2011

Necessitamos de uma grande revolução na educação


Em 2009, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura) divulgou o resultado do estudo realizado na educação brasileira intitulado “Professores do Brasil: impasses e desafios”. Como podemos imaginar, o cenário é preocupante. Para minha surpresa, o professor no Brasil representa 84% da força de trabalho do País, ficando atrás dos escriturários com 15,2% da força ocupacional e dos trabalhadores do setor de serviços com 14,9%. A profissão supera, inclusive, o setor da construção civil que detém 4% da força de trabalho ocupada. Somos, então, uma parte significativa dos trabalhadores brasileiros. Contudo devemos nos preocupar em elevar o status do profissional em educação no Brasil.
       Quando pensamos nessa imensa força de trabalho e nos debruçamos no estudo realizado, deparamo-nos com a situação da qualificação desse profissional. Há problemas na qualidade da formação inicial e também na formação contida. O estudo revela que há um “desencontro” entre a formação teórica do professor e a prática de ensino. Não há sintonia entre o academicismo da formação do docente com o conteúdo programático na grade curricular nacional. O professor aprende ensinando aos alunos, pois na sua formação em faculdade e universidades ele ficou “partido” em um academicismo que não tem relação com o que se ensina e como se ensina. Talvez isso possa explicar por que 50% dos educadores em formação dizem não ter vontade de ser professor (querem ir para o bacharelado e pesquisa). E isso, é claro, é complicado.
         Além disso, é preciso repensar que na questão de remuneração do professor há muito o que se fazer mesmo. Salários baixos e jornadas muitas vezes triplas fazem do professor um profissional super atarefado, com pouco tempo para se reciclar e se cuidar. Em sua maioria oriundos de classes sociais mais baixas, esse profissional chega à formação com déficits que na maioria dos casos são intransponíveis. Daí, surge mais um problema, muito observado na rede privada de ensino: há um abismo entre a realidade de vida do professor e a realidade de vida do aluno. É preciso mudar isso! Os professores necessitam de motivação salarial, formação de qualidade que atenda às demandas curriculares e formação continuada que realmente ocorra. É preciso de plano de carreira e piso salarial que atraia mais pessoas e que a carreira de magistério seja mais envolvente. A revolução na educação começará pelo professor!


Referência: Glauco Rodrigues Cortez, Pontifícia Universidade de Campinas. Doutorado em Ciências Sociais.

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