quinta-feira, 30 de abril de 2015

Somos produtos de nossa mente



Ao escrever os meus ensaios e compartilhar semanalmente com você, a minha intenção é de fomentar um momento de reflexão acerca das experiências que venho acumulando ao longo de 34 anos de dedicação à educação. Claro que soma-se a essa vivência, a minha condição de pai e mais recentemente de psicanalista. A ideia é mesmo convidar você a parar alguns minutos de seu dia para pensar sobre a educação de seus filhos, as suas práticas e os seus olhares. Sinto-me comprometido com essa causa, pois sei que nada posso fazer com as crianças, se não atingir também os seus lares.
Hoje dirijo-me a você com um tema novo, que ainda não abordei: o poder de nossa mente, à força da imagem mental e a capacidade construtiva do nosso pensamento positivo. Sei que há polêmica entre a “autoajuda” e a “ciência mental”, mas meu objetivo não é buscar aderência à polêmica, mas compartilhar com você um olhar diferente sobre a força do pensamento em nossas vidas. Há anos acredito sim, que nós somos produtos de nossa mente. Eu sempre acreditei que com ideias positivas, nossa mente nos trás saúde e ascensão. Aceito com tranquilidade a tese de que o pensamento é uma força e que doença e falta de possibilidades se originam na mente. Para mim, o pensamento positivo tem um efeito criativo e enriquecedor. Mas, certamente você deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com a educação de meu filho? Pois é, tem sim! Se você cultiva um padrão mental positivo e passa isso a seus filhos, é claro que está contribuindo para que eles vejam o mundo de forma positiva. Padrão mental negativo, ao contrário, submete às crianças as incertezas, baixa autoestima e a uma série de comportamentos conflituosos. Nossos filhos devem ser alegres, positivos e crentes de que podem vencer os seus desafios, superar as dificuldades e ter confiança para vencer as adversidades que nos ameaçam constantemente. Pensamento positivo gera certeza, confiança, força de vontade e alegria na vida.
Crianças com padrão mental positivo, com certeza atingirão o sucesso. Precisamos acreditar nisso para que tenhamos mais um componente aliado na educação de nossas crianças. Qual é o padrão mental que mais desejamos para os nossos filhos? A felicidade? Lembra-se que precisamos informar a nossa mente, e sempre, o que de fato queremos para nós e para a nossa família. É a mente que tem a tarefa de comunicar as nossas pretensões e emoções ao nosso coração.
Minha alegria de compartilhar com vocês este aprendizado é muito grande. Quero muito poder sempre passar algo bom e positivo para você Pai e Mãe de nosso século. Eu sou testemunha da sua luta e do desejo de todos em verem seus filhos bem e acolhidos. Todas estas novidades interessantes que divido com você, estão na obra Seu Poder Invisível de Geneviève Behrend, editora Clio. Geniviève é um autor renomado e considerado um dos “papas” da Neurociência. São saberes estudados a partir da mente humana, essa caixinha de milhões de compartimentos que estão sendo abertos e lidos, para maior compreensão do ser humano.


A lição (de casa) nossa de cada dia



Quando falo com os pais sobre tarefa diária, percebo que para muitos é um tormento. Orientar os filhos nas lições de casa, após um dia de trabalho, é uma missão difícil. Mesmo os pais que têm disponibilidade, e até mesmo os que gostam de auxiliar as crianças, encontram algum tipo de dificuldade. Muitos ficam confusos, explicam de forma diferente do professor, irritam-se por ter que fazer pesquisa na internet e, por fim, acabam se estressando com a criança e com a escola.
A lição de casa é parte essencial do processo de aprendizagem. É o momento em que a criança resgata as orientações dos professores e aplica o que foi ensinado, conseguindo reter o conteúdo. A tarefa obriga o contato diário com o conteúdo estudado em sala. Não há como fazer isso de outra forma. O que se faz necessário é uma melhor organização por parte da família, no sentido de garantir um tempo ideal para a execução das tarefas.  É preciso aceitar que o filho está em processo de aprendizagem. É essencial perceber se o problema está mesmo na dificuldade da criança, ou se na tentativa de orientar a mesma não se está criando mais e mais dificuldades. Dar autonomia à criança e respeitar seu tempo é fundamental para o sucesso da atividade.
Procure um ambiente tranquilo quando for ajudar o seu filho. Garanta um horário fixo e respeite incondicionalmente esse horário. Não permita que haja interrupções e providencie para que nada tire a atenção da criança. Tenha às mãos um dicionário, o material multimídia e os livros. Disponibilize lápis e borracha para não ter que sair e procurar. Auxilie a consulta, mas jamais faça para a criança. Lembre-se de que ela necessita de autonomia. Fazer para a criança, seria a mesma coisa que tomar remédio no lugar dela, quando o médico receitar. Mantenha a calma, fale baixo ao dirigir-se a ela. Faça menção ao progresso do seu filho e incentive o capricho. Se parar para pensar, perceberá que esse momento pode vir a ser também um momento de afetividade e observação. Você irá conhecer ainda mais seu filho, passará segurança e ajudará na organização interior dele.
É muito natural que a criança, nos primeiros anos escolares, exija a presença de um apoio na hora de fazer a lição de casa. Ela necessita de segurança. Agora, não esqueça que a tarefa é um compromisso da criança com o aprendizado e com o professor.
Um abraço e um ótimo estudo com seu filho(a). Certamente ele (a) vai adorar!


quinta-feira, 16 de abril de 2015

A infância está morrendo



Vivemos em um mundo cujo sistema social está promovendo o aniquilamento da infância. Eu tenho testemunhado esse “genocídio” ao longo de minha carreira de educador, pai e mais recentemente com um olhar psicanalítico. Tenho observado com mais refino a alma humana e o comportamento social de nossas famílias e crianças. Quando eu era mais jovem, o grande vilão era a TV e os programas infantis. Lembro-me de debates acalorados na universidade quando a questão em pauta era um programa matinal apresentado por uma famosa modelo em uma emissora líder de audiência. Tal programa era acusado de roubar a inocência das crianças e aniquilar a infância. Diziam que a programação erotizava as crianças e incentivava o consumismo. Em trajes adultos, em meio às danças sensuais e embalados em consumo rápido, as crianças foram sendo submetidas a um enorme apelo psicológico que as tirou das brincadeiras sadias de outros tempos.
O excesso de estímulos, atividades extras curriculares, jogos eletrônicos e os smartphones, acabaram processando mutações na mente infantil. A era da Internet, chegou com mais força do que a era da TV e hoje a exposição em redes sociais e sites com diversos conteúdos impróprios ao universo infantil contribuíram para tirar as crianças das brincadeiras de roda, queimado, corda, pião, bola e pique-pega. As crianças tornaram-se impulsivas, agitadas, desconcentradas e instáveis emocionalmente. Estão em vários casos mergulhados em conflitos do mundo adulto, sem que suas imaturas emoções sejam preservadas. Há muitas crianças no “olho do furacão”, no meio de conflitos litigiosos entre pais separados. Estão com a agenda cheia de compromissos: esporte, língua estrangeira, música etc. Estão se preparando para um futuro competitivo. A escola recheada de laudos e diagnósticos como TDAH (Transtorno do Déficit de atenção e Hiperatividade) e os pais inquietos e com pressa, querendo resolver tudo nos grupos de WhatsAPP. A ansiedade tomando conta de tudo.
O cientista e médico psiquiatra Augusto Cury, escreveu em sua obra Ansiedade (como enfrentar o mal do século), Ed. Saraiva, que crianças e adultos estão sendo atingidas hoje pela SPA (Sindrome do Pensamento Acelerado). Esse distúrbio bem parecido com o TDAH tem acometido cada vez mais pessoas, principalmente na infância. Ele classifica como sendo o mal de nosso século. Dessa forma, ansiedade, depressão e fobias diversas tomaram de assalto a vida de nossas crianças e adolescentes. Precisamos estar atentos! Temos que ter coragem para refletirmos sobre os nossos modelos e sobre o que de fato estamos construindo com e para os nossos filhos. Precisamos respirar um pouco, sair da confusão, ignorar as exigências que a nós tem sido impostas. Necessitamos olhar para o nosso interior, acolher afetuosamente os nossos filhos e deixarmos eles brincar. Eles precisam ser crianças. Vamos encontrar meios para devolver a eles a infância perdida, a deliciosa meninice. Como fazer? Comece por oportunizar grupos de amigos reais e não virtuais, garantir encontros para brincarem e limitar o uso da Internet.
Precisamos sim ter acesso às maravilhas da tecnologia, preparar os nossos filhos para a vida, mas se faz necessário guardarmos um tempo para humanizar as nossas crianças e adolescentes. Vamos reintroduzi-los ao maravilhoso mundo da imaginação e do faz de conta. Eles precisam ser crianças, para se tornarem adultos felizes.


sexta-feira, 10 de abril de 2015

A Família, a Escola e o aprendiz: as dificuldades na aprendizagem e as relações familiares



Em meio as transformações que o mundo vivencia nesse Século XXI que avança, na busca por tentar entender o sujeito, como parte integrante de toda essa transformação, a psicopedagogia busca o entendimento acerca das diferentes redes relacionais estabelecidas. O aprendiz, agora “entorpecido” pelas influências desse mundo em movimento precisa ser compreendido e analisado através de um olhar novo, que esteja também sintonizado e conectado com todas essas mudanças.
Nesse mundo de tantas mudanças, precisamos posicionar o ser (sentido sujeito), como um elemento essencialmente integrado a um contexto sócio-afetivo em que escola e família constituem o palco onde ele encena os papéis de sua vida. Assim sendo, a escola através de seu serviço de psicopedagogia deve conhecer e desvendar a posição do aprendiz em sua escola, mas também em sua família. Sabemos que crianças e jovens comprometidos emocionalmente ou organicamente respondem a uma intervenção com sucesso, desde que o núcleo familiar entenda e aceite a leitura e o prognóstico da situação que está interferindo na aprendizagem ou mesmo no relacionamento interpessoal do sujeito.
Temos claro como escola que a tarefa fundamental de nosso trabalho é promover a boa aprendizagem e a perfeita sociabilização de nossos alunos. Contudo, a aprendizagem depende de elementos que estão associados às experiências extraescolares, ou seja, na família de cada aprendiz. Aprender depende de investimentos no ensinar, mas exige muito das possibilidades sócio-afetivas de cada sujeito. Vale dizer que a aprendizagem vai acontecendo à medida que a criança vai construindo uma série de significados que são resultados das interações que ela fez e continua fazendo em seu contexto sócio-afetivo. Sabendo que a família é a estrutura social básica e o primeiro núcleo de construção do sujeito, aí está a razão para darmos tanta importância à família, para que crianças e jovens consigam uma boa aprendizagem.
Um núcleo familiar estável e acolhedor assim como motivador e estimulante se faz necessário para otimizar a aprendizagem. Tem que ser um núcleo familiar que provoque em seus membros o sentido de pertencimento. Tem que ser gostoso estar em casa. Tem que ser prazeroso relacionar-se com os demais membros da família, mas tendo a individualidade respeitada. Família, independente de sua constituição tradicional ou não, tem que promover o desenvolvimento emocional de cada membro. É preciso avançar, aceitar as mudanças e observar o que o mundo tem de novo. Manter valores cristalizados em uma instituição social (pois família é instituição social) que evolui, é no mínimo trazer os conflitos do passado para dentro de seu núcleo familiar de hoje.
Hoje é consenso entre os especialistas que não bastam e não são garantia para uma boa aprendizagem somente os estudos, um bom projeto pedagógico e professores competentes. É preciso mais! Cabe a escola e a nós educadores, construir respostas e instrumentos que atendam os novos tempos que aí estão. A escola é uma instituição que tem uma pauta de desempenho socialmente bem definida e historicamente situada. A execução adequada e competente desta tarefa é que estabelece e constitui sua importância e sua função social. Aderindo aos chamados desse novo mundo a escola tem que inovar. Atender esta inovação não é só aderir as ferramentas tecnológicas de ensino, mas também provocar mudanças de mentalidade. Acolher nossa vocação institucional e ajudar famílias que se encontram com necessidade de apoio em casos devidamente diagnosticados nos motiva e nos deixa radiantes de felicidade.