O grande educador brasileiro Paulo Freire, falecido em 1997, já
havia anunciado as mudanças pelas quais a educação passaria, a partir de uma
pedagogia mais participativa e colaborativa. Essas mudanças certamente estão
impactando nos modelos pedagógicos vigentes e provocando uma verdadeira
revolução silenciosa na educação. Estamos falando de uma nova concepção, um
novo conceito e uma nova pedagogia, que ganhou o nome de Educação 3.0. Esse
conceito foi utilizado inicialmente no ano de 2007 pelo Prof. Derek Keats, da
Universidade de Witwatersrand, de Joanesburg. A ideia era produzir um conceito
para a proposta de introduzir na prática de ensinar o aprendizado colaborativo
e personalizado, a partir de uma visão mais holística do educando.
Preparar os estudantes desta nova geração para o mercado de
trabalho está exigindo das escolas e dos educadores uma nova postura, levando
ao engajamento dos alunos motivados a dar respostas aos desafios de hoje e do
futuro, e a enxergar o aprendizado como uma ação contínua que não se restrinja
às oportunidades oferecidas pelos professores, mas que oportunize ao aluno
buscar e construir saberes inerentes às suas necessidades de aprendizagem e
interesse em um ambiente físico acolhedor e de posse de tecnologias digitais
para o suporte da aprendizagem. As salas de aula de hoje se transformarão em ambientes
onde o mobiliário e a dinâmica do aproveitamento do espaço garantirá aos alunos
acesso às informações sem necessitarem de livros ou mesmo biblioteca. Os
educadores, por sua vez, deverão estar habilitados para lidar com alunos cada vez
mais conectados e informados. Terão, então, que ser mais orientados para a
solução de problemas do que “passadores de informação”, “dadores de aulas”.
Ao contrário do que muitos podem pensar, a escola 3.0 não é aquela
que troca a lousa de giz pela lousa digital, ou o caderno pelo tablet para
simplesmente continuar transmitindo o conhecimento. Ela é, antes de tudo, uma
nova concepção de ensinar, como ensinar e com o que ensinar e avaliar. Esse é o
desafio para todos os educadores do mundo e essa nova pedagogia já é realidade
em vários países da Europa e também nos EUA. De forma objetiva, a ideia
principal é levar os alunos a trabalharem em problemas que valem a pena
resolver, produzindo em conjunto, através de pesquisa, aprendendo a criar
histórias, empregando diversas ferramentas, sendo curiosos e criativos, como é necessário
que sejam as pessoas ativas do século XXI. Hoje, na vida e no trabalho, as
pessoas vivem e trabalham em pequenos grupos. Elas resolvem problemas juntas.
Usam ferramentas digitais, apresentando novas ideias para os outros, reunindo
informações de vários conhecimentos para a solução dos problemas. Elas
conversam umas com as outras, utilizando-se de muitos veículos de comunicação e
interação colaborativa.
A escola 3.0 precisa evoluir a ponto de ser parte dessa cultura
produtiva e relacional de nosso século. Os alunos necessitam de conexão com o
mundo e de um ambiente desafiador. Ainda estamos com um modelo 2.0, mas
avançando para o modelo 3.0. Jim Lengel, consutor e professor da Universidade
de Nova York, concorda que a escola de hoje necessita evoluir para o mesmo
modelo de trabalho executado hoje pelas grandes corporações em todo mundo. A
escola tem que propiciar aos estudantes um ambiente físico e pedagógico que se
assemelhe ao que ocorre no mundo do trabalho contemporâneo. É preciso contextualização
com o mundo atual, com as novas tecnologias e demandas do nosso mundo e do
mundo em que nossas crianças viverão.