segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Conflito entre os pais afetam a vida dos filhos até a fase adulta



Crianças que crescem em ambientes de conflito serão adultas que reproduzirão tal ambiente em seus lares e na convivência com o parceiro ou parceira. Você pode até não perceber, mas brigas de casal na frente dos filhos podem marcá-los para sempre. Não há como ser diferente. O modelo vivido será projetado na relação com o outro ou outra. Afinal, a criança que cresce testemunhando uma relação tumultuada acha que esse padrão é o que caracteriza uma relação em família. Fica guardada em seu inconsciente essa experiência, como se fosse ela a única forma de se manter em uma relação a dois. Dessa forma, o impacto na vida das crianças é imenso e arrebatador.
Lídia Weber, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós doutora em desenvolvimento familiar, afirmou: “Sabemos com certeza, que não basta ter ótimas práticas educativas. Os pais também devem ter um bom relacionamento entre eles”. Segundo Lídia, quanto mais os pais brigam entre eles, mais as crianças apresentam dificuldades de se relacionar bem socialmente com os amigos, apresentando, na infância, comportamentos antissociais e, na vida adulta, mostrando-se como alguém que não consegue gerir bem os conflitos com o cônjuge. Outra verdade que se constata é o fato de que quanto mais as crianças percebem a desarmonia dos pais, menos regras os adultos conseguem colocar e mais essas crianças são consideradas “difíceis”. Dessa forma, podemos dizer que quanto mais as crianças percebem um clima conjugal negativo, menor o índice de habilidades sociais.
Kátia Teixeira, psicóloga da Equipe de Diagnóstico Clínico de São Paulo (EDAC), defende o valor da experiência das brigas conjugais para as crianças, desde que não haja agressões físicas e verbais, apenas desencontro de opiniões. Tal fato pode até ajudar as crianças a se colocarem no mundo real, mas é preciso muito cuidado. Casal que não se respeita acaba por oportunizar surgimento de conflito entre os filhos. Portanto, o melhor mesmo é aparar as divergências longe dos olhos dos filhos. Para que isso aconteça, precisamos estar abertos e conscientes de que precisamos preservar os filhos. Piora muito a situação, se o casal resolve incluir os filhos na briga. Não peça que eles tomem partido nem compartilhe com eles o motivo da divergência, para que isso? Eles não têm maturidade e muito menos habilidade para lidar com essa situação.
É comum, também, que as crianças que convivem na família em um ambiente de brigas entre os pais se sintam culpadas, pois entendem que a motivação da briga pode estar relacionada a elas. Aí a situação do emocional dessas crianças é ainda pior. A insegurança, a culpa, o medo e as diversas manifestações psíquicas provocados pelo ambiente estressante em que vivem, poderão facilitar a instalação de ansiedade e depressão infantil. Infelizmente, um diagnóstico cada vez mais presente entre as crianças em todo o mundo. Por isso mesmo, mantenha aberta a janela da família e cuide para que se instale em casa um ambiente harmonioso e afetivo.
Esse tema é recorrente em minhas reflexões, mas o momento crítico que atravessamos em nosso país acaba sendo propício às desavenças e desentendimentos. Por isso, devemos mesmo estar atentos e confiar em nossa capacidade de gerenciarmos as divergências e ouvir o outro em suas razões.

Estamos juntos!


Fonte:
1.       Weber. Lídia, Eduque com carinho. Ed. Juruá.
2.       Site EDAC – Diagnóstico clínico.