Crianças que crescem em ambientes de conflito serão
adultas que reproduzirão tal ambiente em seus lares e na convivência com o
parceiro ou parceira. Você pode até não perceber, mas brigas de casal na frente
dos filhos podem marcá-los para sempre. Não há como ser diferente. O modelo
vivido será projetado na relação com o outro ou outra. Afinal, a criança que
cresce testemunhando uma relação tumultuada acha que esse padrão é o que
caracteriza uma relação em família. Fica guardada em seu inconsciente essa
experiência, como se fosse ela a única forma de se manter em uma relação a
dois. Dessa forma, o impacto na vida das crianças é imenso e arrebatador.
Lídia Weber, professora e pesquisadora da
Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós doutora em desenvolvimento familiar,
afirmou: “Sabemos com certeza, que não basta ter ótimas práticas educativas. Os
pais também devem ter um bom relacionamento entre eles”. Segundo Lídia, quanto
mais os pais brigam entre eles, mais as crianças apresentam dificuldades de se
relacionar bem socialmente com os amigos, apresentando, na infância,
comportamentos antissociais e, na vida adulta, mostrando-se como alguém que não
consegue gerir bem os conflitos com o cônjuge. Outra verdade que se constata é
o fato de que quanto mais as crianças percebem a desarmonia dos pais, menos
regras os adultos conseguem colocar e mais essas crianças são consideradas
“difíceis”. Dessa forma, podemos dizer que quanto mais as crianças percebem um
clima conjugal negativo, menor o índice de habilidades sociais.
Kátia Teixeira, psicóloga da Equipe de Diagnóstico
Clínico de São Paulo (EDAC), defende o valor da experiência das brigas
conjugais para as crianças, desde que não haja agressões físicas e verbais,
apenas desencontro de opiniões. Tal fato pode até ajudar as crianças a se
colocarem no mundo real, mas é preciso muito cuidado. Casal que não se respeita
acaba por oportunizar surgimento de conflito entre os filhos. Portanto, o
melhor mesmo é aparar as divergências longe dos olhos dos filhos. Para que isso
aconteça, precisamos estar abertos e conscientes de que precisamos preservar os
filhos. Piora muito a situação, se o casal resolve incluir os filhos na briga.
Não peça que eles tomem partido nem compartilhe com eles o motivo da
divergência, para que isso? Eles não têm maturidade e muito menos habilidade
para lidar com essa situação.
É comum, também, que as crianças que convivem na
família em um ambiente de brigas entre os pais se sintam culpadas, pois
entendem que a motivação da briga pode estar relacionada a elas. Aí a situação
do emocional dessas crianças é ainda pior. A insegurança, a culpa, o medo e as
diversas manifestações psíquicas provocados pelo ambiente estressante em que
vivem, poderão facilitar a instalação de ansiedade e depressão infantil.
Infelizmente, um diagnóstico cada vez mais presente entre as crianças em todo o
mundo. Por isso mesmo, mantenha aberta a janela da família e cuide para que se
instale em casa um ambiente harmonioso e afetivo.
Esse tema é recorrente em minhas reflexões, mas o
momento crítico que atravessamos em nosso país acaba sendo propício às
desavenças e desentendimentos. Por isso, devemos mesmo estar atentos e confiar
em nossa capacidade de gerenciarmos as divergências e ouvir o outro em suas
razões.
Estamos juntos!
Fonte:
1.
Weber.
Lídia, Eduque com carinho. Ed. Juruá.
2.
Site EDAC –
Diagnóstico clínico.