A escolaridade se mostra fundamental para a queda da desigualdade e o crescimento da classe média. Dinheiro e posse de bens podem até ser sinais de enriquecimento, mas o que realmente distingue com clareza a classe social a que o indivíduo pertence é sua escolaridade. Pesquisa Datafolha, divulgada na edição da Folha de S. Paulo em 22 de janeiro de 2012, aponta que os brasileiros que estão no topo da pirâmide social possuem o ensino superior completo. Até na classe média alta predomina o Ensino Médio completo.
Estudos recentes dos pesquisadores Márcio Menezes Filho e Alisson Pablo de Oliveira ( da USP – Universidade de São Paulo e do INSPER – Instituto de Ensino e Pesquisa) revelam que 40% da queda da desigualdade social no Brasil na última década é explicada pela melhoria da escolaridade dos brasileiros. Assim, a Educação é fator determinante para a queda da desigualdade social em nosso país. Não é à toa que no Nordeste, onde se registra a maior parcela de excluídos sociais e, claro, uma enorme desigualdade social, é onde se tem, também, a mais baixa escolaridade em sua população.
Como a educação é o fator que determina a mobilidade social, o “melhorar na vida” está diretamente relacionando com a escolarização de cada um. Sobe na vida quem estuda mais, o que nos leva a entender que a ascensão social se torna possível com educação. Assim sendo, não há mais o que imaginar se não esta ideia: precisamos de educação para que a miséria seja combatida. Como sabemos que a miséria leva à violência, é lógico supor que resolveremos a questão da violência também com a educação. Por isso mesmo é mister que os governantes tratem a educação como prioridade máxima Não precisamos de mais policiamento ou mais presídios; necessitamos é de mais escolas. Povo educado é povo saudável, ordeiro e capacitado para o trabalho.
Mesmo que os brasileiros não tenham escolaridade, a maioria deseja subir na vida. Há entre os diversos retratos sociais a certeza de que a educação é fator fundamental para reter uma vida melhor. Todos têm a percepção do que já é consenso: hoje não é mais possível ascender socialmente sem que haja investimento em educação. O mercado de trabalho é dividido por mão-de-obra qualificada e preparada intelectualmente. Aqui, então, temos um dado interessante: com uma reserva de mão-de-obra qualificada, o país, os estados e os municípios brasileiros passam a atrair mais investimentos de grupos empresariais. A relação é direta: quem tem mão-de-obra mais especializada e mais educada certamente atrai mais investimentos. Essa é outra razão para que os governantes invistam em educação. População educada gera, então, paz social e ainda atrai investimentos que movimentam a economia local. A saída é, de novo, a educação.
Além de valorizarmos a necessidade de investimentos governamentais em educação, devemos também exigir uma boa qualidade de ensino em nossa rede de ensino. Cada vez mais o que diferencia as classes não é apenas o nível de escolaridade, mas a qualidade de ensino recebido. O mercado de trabalho é exigente. Não basta a escolarização; tem que ser de qualidade. Sabendo que a rede particular de ensino recebe mais investimentos na qualidade é de se pensar que a demanda por esse serviço cresça proporcionalmente ao crescimento da renda de cada grupo social. Tanto é verdade que hoje os filhos da classe média baixa são responsáveis por ocuparem 8% das vagas nas escolas particulares, contra 41% dos filhos da classe alta. A classe média intermediária e média alta ocupam juntas 37% das vagas na rede privada. Os denominados excluídos ocupam 4% apenas dessas vagas. A classe média baixa ocupa 8% das vagas disponíveis nas escolas privadas.
Como a questão social passa pela educação, nada mais justo que a sociedade exija ensino público de qualidade. Não podemos mais discutir planos de governos, se os mesmos não passarem pela garantia de uma educação pública de qualidade.