A Educação Infantil, em sua concepção pedagógica, tem como proposta preparar a criança para o ingresso no 1º ano do Ensino Fundamental. Por isso, cabe à educação pré-escolar desenvolver nas crianças as habilidades necessárias para o seu desenvolvimento cognitivo e afetivo. Treina-se a coordenação motora, ensina-se a identificar e a copiar letras e números, além de disciplina de organização, hábitos de higiene e, principalmente, relacionamento social. Dessa forma, a Escola de Educação Infantil não é a substituta da mãe, mas sim uma ampliação da família (Winnicott, p. 214).
A proposta de uma educação para crianças de zero a cinco anos surgiu da necessidade das mães em buscar o mercado de trabalho. Dessa forma, a Pré-Escola surge como segmento educacional que teria como função específica a “ampliação para a família”. Winnicott quer, com essa ideia, colocar a escola de Educação Infantil como extensão e ampliação do lar, no que tange a uma acolhida afetiva e confortável, dando aos pequenos alunos uma sólida formação para que possam se adaptar com facilidade à fase alfabetizadora e às demais etapas de seu desenvolvimento. É, nesse contexto, que a Escola de Educação Infantil se depara com dois desafios: educar e cuidar. Dar às crianças condições emocionais e materiais para um saudável desenvolvimento sócio-afetivo. Mas seria só esse o papel de uma Escola de Educação Infantil? Claro que não! Há, nesse ambiente, uma organização pedagógica que alicerça todo o trabalho das educadoras com as nossas crianças. O respeito, a criatividade e o exercício da autossuficiência são aspectos fundamentais. A busca da autonomia e o desenvolvimento integral das crianças são objetivos a serem perseguidos.
A escola de educação infantil e suas educadoras são frequentemente chamadas à reflexão acerca dos objetivos na educação infantil. Há um entendimento comum de que o educando nessa fase de seu desenvolvimento deve sentir-se seguro para poder ampliar as relações sociais, estabelecendo vínculos com outras crianças e adultos, aprendendo a construir uma imagem positiva de si, ao mesmo tempo em que aprende a respeitar a diversidade do mundo em que vive. Mais do que isso, a criança deve ser estimulada a tornar-se autônoma e cooperativa, socializando-se com os demais coleguinhas. Deve-se também oferecer aos pequeninos a possibilidade de manifestarem-se através de múltiplas linguagens (Plástica, Matemática, Oral, Musical, Corporal etc.), e de compreender e comunicar-se com outras crianças e adultos.
Até completar os 06 anos de idade, a criança vive uma das mais complexas fase da evolução humana em todos os aspectos de seu desenvolvimento. É nessa fase que a criança desenvolve a sua afetividade, sociabilidade e habilidades motoras essenciais para a aquisição da escrita. Por isso mesmo, a escola tem que ser mais do que um lugar gostoso. É necessário que seja também um lugar onde haja profissionais qualificados e condições ambientais adequadas, além, é claro, de um projeto pedagógico focado nos educandos infantis.
A educação infantil deve ser realizada em um espaço estimulante, educativo e afetivo e a escola deve ter certeza do que realmente quer com as crianças. Elas devem ser acolhidas com afetividade e cuidadosamente estimuladas a se comunicarem, através das diversas linguagens. A arte, o esporte, a música, a leitura e a escrita, a informática, o inglês, o conhecimento da natureza e da sociedade, a matemática e, acima de tudo, o desenvolvimento das habilidades de aprender a pensar. É isso que deve ser privilegiado em uma escola de educação infantil, tendo como elemento chave o carinho e a compreensão.
Sabemos que a educação ocupa o espaço de esperança na dinâmica da sociedade e que na fase da infância essa esperança ainda é maior. Por isso, as educadoras têm que ter o compromisso com o desenvolvimento global das crianças, partindo da premissa que cada um é um ser dotado de sua própria história e experiência. Cada criança é um maravilhoso universo a ser lido e interpretado.
A educação de crianças leva-nos a ter como conduta a criança como um terceiro educador. Dessa forma, a sala de aula tem, em “harmonia educativa”, a docente e a criança, que com a sua vivência torna-se a segunda pessoa no processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, ela é parte integrante do processo, tendo uma particular contribuição na construção do conhecimento, cuja prática se dá principalmente no desenvolvimento de projetos complementares, onde as crianças são estimuladas a se expressarem.
Outra forma de expressão importante nas crianças e necessária ao seu desenvolvimento é a brincadeira. Enquanto ações humanas, os jogos e as brincadeiras são situações de interação com o meio cultural e social. O lúdico oportuniza às crianças a organização de valores, regras e raciocínios que são essenciais ao seu desenvolvimento cognitivo e afetivo. Na educação infantil, o brincar ganha então significado mais amplo: o de contribuir para a construção da individualidade e sua expressão no meio sócio-cultural. Assim sendo, é preciso na educação infantil o espaço para o brincar, permitindo a combinação entre a ficção e a realidade. É também no brincar que a criança explora e conhece o mundo físico e afetivo. Por isso mesmo, há entendimento entre os especialistas, no sentido de que a escola de educação infantil tem que estar aparelhada e ambientada para acolher crianças que com segurança irão, nas brincadeiras e jogos, revelarem-se ao mundo.
Referências:
Consulta: www.crmariocovas.sp.gov.br/pdfideias
Elvira Cristina de Azevedo Sousa – Escola de Comunicações e Artes da USP.
Winnicott, D. W. Pensando sobre crianças. Porto Alegre. Ed. 1. Karwac Books. Londres.
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