Tive, em meu relacionamento com meus pais, momentos maravilhosos e
outros que não foram lá grandes coisas. Lembro-me de ter tido pouco contato com
meu pai: ele trabalhava muito e quando estava em casa, gostava muito de “ficar
quieto”, no “canto dele”. Por isso mesmo, a relação com a minha mãe foi mais
intensa. Tudo era com ela. E ela sabia bem desempenhar o papel de esteio na
família. Lembro-me também de que o excesso de exigências de meu pai muitas
vezes me deixou inseguro. Minha adolescência foi difícil, pois meu pai (sempre
querendo o meu bem, disso não tenho a menor dúvida!) exagerou na imposição de
um modelo de rapaz que ele idealizava para mim.
Tenho procurado, ainda hoje, trabalhar em profundidade todas as
experiências vividas. O que foi bom e o que foi ruim marcaram a minha
existência e deixaram marcas em minha formação. Mas, por que estou tratando
disso com você? Simplesmente por desejar chamá-lo a uma reflexão: você tem
estado mais tempo com o seu filho? Você, pai/mãe tem buscado uma relação de
comunhão com seus filhos? O importante é percebermos que estamos em um contato
saudável com os nossos filhos. O tempo de vermos isso é agora, quando ainda estão
conosco. Quando os filhos crescem e vão embora de nossa casa, talvez já não
seja a melhor hora para estabelecermos essa comunhão com eles. Quando partem
para a vida deles, levam na bagagem da vida tudo o que a eles legamos. Se for
segurança, autoestima elevada e competência, é o que levarão. O contrário disso
também estará com eles, infelizmente. A
hora de ter com seus filhos uma relação de confiança, amor e segurança é agora.
Por isso, eduque com a alma!
Educar com alma exige conexão dos pais com os filhos. A melhor
maneira de passar mensagens efetivas para uma criança é criando uma conexão com
ela. Os pais precisam entender os argumentos dos filhos e, para tanto, se faz
necessário o diálogo contínuo. E isso exige muita confiança! Quando os filhos
sentem que confiamos neles, a autoconfiança se desenvolve imediatamente. Confie
em seus filhos. Sem isso será impossível educar com alma. Garanta liberdade aos
seus filhos. Precisam experimentar, conhecer, comparar, descobrir. Sufocá-los
não contribuem para que sejam felizes. Sem liberdade, ninguém descobre seu
verdadeiro caminho. Ajude seu filho a descobrir a sua vocação e ajude-o a
realizar o seu desejo. Respeite a escolha deles, sabendo que talvez não seja
para sempre. Eles mudam de opinião. O que vale aqui é o incentivo a uma
escolha. A vida das pessoas que fazem escolhas é mais objetiva. Respeite a
essência de pessoa que seu filho é. Ele é um ser vivo para o mundo. Eu demorei,
mas aprendi: nossos filhos são, cada um, um ser independente; eles existem em si mesmos e não por mim, mesmo que eu tenha dado a eles
a vida.
Pais e mães têm muito o que ensinar aos filhos. As crianças
esperam esses ensinamentos e necessitam deles para a vida. Para tanto, precisamos
evoluir. É fundamental aceitar que o mundo mudou e irá continuar mudando e que
a lógica de meu mundo não é a do mundo de meus filhos. Estamos juntos neste
tempo e neste espaço, mas existe um enorme choque de gerações entre nós, pais e
filhos. Precisamos acompanhar as evoluções e ter a consciência de que educamos
para o mundo.
Estamos juntos! Peço a Deus forças para ajudá-los na formação de
nossas crianças. Educador é pai e mãe, pois também educa com a alma.