Já analisamos muita coisa, já
compartilhamos muitas experiências. Eu me expus, me despi emocionalmente para
vocês, no que tange a minha experiência de pai e educador. Mas ainda falta
discutirmos uma questão muito complicada, que é o sentimento de culpa que
carregamos conosco. Não quero discuti-lo à luz da Psicanálise, não quero correr
o risco de tornar-me enfadonho. Quero como pai e educador me reportar a vocês a
partir de um ponto prático. Na verdade, quero que paremos um segundo na leitura
deste artigo para que nos perguntemos isto: Eu já me culpei em algum momento na
relação com meus filhos?
Imagino que sim. Muitas vezes, pressionados
pela “psicologização” de nossa sociedade, em algum momento (ou até em vários!)
a culpa por agir diferente do que andam convencionando por aí tenha lhes
deixado(a) constrangido.
E quando a culpa se instala, fazemos mil
promessas.
Será que erramos mesmo na hora de um
corretivo disciplinar que damos aos filhos? Será que temos sempre que estar
alinhados a uma “padronização comportamental”? Temos mesmo que agir, na
educação de nossos filhos, exatamente como têm agido nossos amigos com os
filhos deles? Temos não! Temos é que educar com amor, com razão e com
autoridade, ora essa! Agora devemos colocar as crianças no centro de tudo? Elas
têm sempre prioridades e deve ser tudo como dita um certo “psicologismo social
pequeno-burguês”? Claro que não!
O sentimento de culpa abre a janela da
insegurança e aí o medo de estar errando nos leva a sensação de que precisamos
ceder sempre. “Tadinho” é o que vem a nossa mente. O “tadinho” é a chave do “Então
tá. Pode sim”. Isso tem contribuído sabe para que? Estamos nos tornando reféns
de nossos filhos. Eles é que estão se impondo e tendo autoridade em casa. Inversão
de papéis? Cuidado com isso, pois podemos estar perdendo nossas crianças, ao
permitirmos que elas cresçam sem limites, achando que tudo tem que ser para ela
e do jeito dela. Sabem o que gera isso? Conflito na escola, no condomínio... E,
depois que crescem, os conflitos acontecerão também no trânsito, no trabalho,
no casamento. Não podemos nos conformar com isso nem com a ideia de que “é
assim mesmo, tudo é normal, o mundo hoje é assim”. Se é, é porque estamos
deixando que assim seja. Estamos autorizando a negligência na educação dos
filhos para que não tenhamos culpa.
As mães que trabalham costumam sentir mais
culpa, contudo entendo que é certo vocês trabalharem, exercerem a sua profissão
e contribuírem na renda familiar. Há algo de errado aí? Claro que não! Não
quero aqui entrar na questão do trabalho feminino, apenas deixar claro que ele
é uma realidade, e que o mercado está para vocês, mães, e que tudo deve ser
acomodado no sentido de vocês se permitirem se realizar. Se não for assim,
terão culpa também: a culpa de não terem se construído como pessoa. Portanto,
tudo certo. Trabalhem, eduquem, disciplinem, realizem-se e digam: “o comando é
meu!”. Sejam seguras e seus filhos entenderão.
Não sintam culpa quando tiverem que corrigir,
orientar, educar e mostrar o que é certo na vida. Suas experiências é um
arsenal que os filhos precisarão para a vida. Sei que é difícil educar filhos
hoje sem que haja culpa. Contudo, a culpa será muito maior quanto mais agirmos
por influências de teorias com que não concordamos. Sejam o modelo de pai e de
mãe que desejam ser. Não tenham medo de usar tudo o que aprenderam com os seus
pais. Se a culpa vier, vejam quem a trouxe, mas não tentem mudar o curso das
coisas. Seus filhos, lá na frente, saberão que agiram por amor. Afinal, não se
erra quando se quer acertar de verdade e por agir com amor e responsabilidade.
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