Filhos equilibrados emocionalmente e felizes
na vida, tenho certeza absoluta, é o desejo de todos nós, pais. Mas, na ânsia
por fazermos certo, muitas vezes somos atrapalhados por algum desajuste
emocional nosso. O que estou tentando dizer é que causamos efeitos para toda
vida de nossos filhos quando somos emocionalmente ineptos. Muitas vezes nosso
comportamento emocional pouco equilibrado irá imprimir em nossos filhos um
modelo, um padrão mental e emocional de ser. O modo de vida que temos em
família acaba sendo a aprendizagem de desequilíbrio emocional de nossos filhos.
Jovens ou adultos que apresentam estresse em
seus relacionamentos sociais certamente estão reproduzindo um padrão assimilado
de seu pai ou de sua mãe. Pesquisas realizadas em Nova York por Daniel Goleman
apontam que pais muito rigorosos na disciplina de seus filhos foram da mesma
forma tratados por seus pais. A transferência é fato, e a reprodução desse
padrão mental persiste em gerações. Isso se nada fizermos para mudar, é claro!
Exemplos vividos são passados de pais para
filhos e, por isso mesmo, precisamos estar atentos. Muitas vezes, o modelo, o
padrão mental estabelecido em nossa relação familiar pode estar reproduzindo
crianças com as mesmas “fissuras emocionais” que nós temos. Assim, vamos nos
conhecer um pouco mais para que possamos identificar o padrão mental em que
estamos sintonizados. Pode ser que estejamos tão absorvidos em nossa vida, em
nossa rotina, que em momento algum nos questionamos sobre nossos atos e a forma
como emocionalmente nos relacionamos com os nossos filhos.
Eu precisei mudar o meu padrão mental, para
atingir melhor qualidade no relacionamento emocional com os meus filhos. Como
“filho de peixe, peixinho é”, reproduzia o mesmo padrão mental e de
relacionamento de meu pai, ao lidar com os meus filhos, principalmente com o
mais velho. Estava equivocado. Precisei de um bom tempo para acertar isso. Para
tanto, foi necessária uma reflexão interna e uma revisão nas coisas do meu eu.
Nada fácil, mas consegui.
Assim, o que tenho que compartilhar com você
é isto: para reavaliarmos o relacionamento que temos com os nossos filhos, é
preciso, primeiro revermos internamente o nosso relacionamento com os nossos
pais. É fundamental sabermos como anda o nosso relacionamento emocional com os nossos
filhos e como esse relacionamento está impactando na vida deles. O resgate do
passado e a mudança do padrão mental é essencial. Além disso, é preciso
oportunizar aos nossos filhos uma aprendizagem emocional. Para tanto, precisamos
estar atentos aos indícios de raiva, medo, impaciência, agressividade e
somatização, aos indicativos de que algo anda desequilibrado. É necessária
também uma revisão interior sobre a forma como estamos nos dirigindo aos nossos
filhos. Precisamos estar atentos. Há estudos que constatam que a negligência,
pura e simples, pode ser mais prejudicial que os maus-tratos diretos. Por esse
estudo, crianças negligenciadas no amor e na atenção são as que apresentaram o
pior desempenho na escola e nas relações interpessoais. São mais ansiosas, desatentas
e apáticas, alternando agressividade com retraimento.
A primeira oportunidade para moldar os
ingredientes da inteligência emocional é nos primeiros anos de vida, embora
essas aptidões continuem na formação permanente do ser humano. Elas devem crescer
com autoconfiança, interessadas e sabendo qual o comportamento que devem ter
diante de uma situação que envolve o emocional. Também devem saber como frear o
impulso de se comportar mal; precisam ser capazes de aguardar a sua vez, seguir
orientações e de procurar ajuda quando necessário. É necessário que tenham
competência para expressar as suas necessidades e que não tenham medo de
desafiar. Com essas habilidades, nossos filhos serão crianças felizes e adultos
realizados. Não é nada tão difícil assim, depende de nós!
Bibliografia:
Daniel Goleman. Inteligência emocional –
A teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente. Ed. Objetiva, 2007.
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