A Educação
contemporânea tem sido marcada por profundas modificações ocorridas nos campos
econômico, científico e cultural. Se considerarmos os avanços tecnológicos e a
forma de interação e comunicação entre crianças e jovens, aí diria até que as
mudanças são significativas em todo mundo.
Na semana
passada, em São Paulo, participei da Bett Educar Brasil, uma enorme feira de
educação. Participei de várias palestras com educadores da Finlândia e
Cingapura, que nos revelaram o quanto de mudanças significativas acontecem na
educação mundial.
Há um novo
conceito de educação que certamente choca-se com o modelo tradicional que nós
conhecemos aqui. Não me refiro apenas a introdução de recursos tecnológicos na
sala de aula, mas principalmente na mudança significativa de valores e
paradigmas educacionais. Isso no sentido metodológico, mas também na
organização espacial da escola e das salas de aula. Esse formato conhecido por
nós, do professor que ensina e o aluno aprende, está sendo substituído pelo
modelo em que o professor instiga e os alunos aprendem e ensinam. O professor
vem deixando de ser um palestrante e passando a ser um orientador, um mediador.
Os alunos estão sendo provocados no sentido de serem mais ativos e menos
passivos nesse processo.
Se pensarmos que
as crianças e jovens de hoje não conseguem mais ficar sentados e ouvindo por
muito tempo, faz sentido repensarmos as estratégias de ensinar. Precisamos de
mais movimento e provocações, além é claro de utilização de recursos
tecnológicos de acordo com a linguagem desse mundo contemporâneo, conectando os
nossos alunos no universo global em que vivem. Estamos certos disso e evoluindo
gradativamente para isso. A escola, enquanto instituição transformadora,
necessita de fazer esse papel inovador e está fazendo. Talvez por isso, vivemos
uma certa onda de inconformismo de algumas famílias que atreladas a conceitos
antigos, acham que a escola tem perdido a mão. Reclamam sempre dos passos dados
no sentido das mudanças necessárias e se apegam ao apelo: “ Na minha época, a
gente...” Pois é, essa época foi sua, foi minha, mas não é a época das gerações
contemporâneas. A escola de hoje é certamente para a geração de hoje. Por isso
mesmo, ela tem que se adequar aos apelos do presente e continuar de olho no
futuro, caso contrário, não consegue cumprir o papel de instituição
transformadora. Essa entrega de contemporaneidade é o que determina a sua
sobrevivência enquanto instituição para o futuro.
Como sabemos
que essa “Geração Z” já nasceu segurando um smartphone, a escola de hoje
precisa entender melhor as demandas dessa nova gente. A pergunta simples, mas de
solução complexa é: Como ajudá-los a aprender mais? Certamente não com os métodos e estratégias
do passado. Precisamos de aulas voltadas para o protagonismo dos alunos e
precisamos de inovar na metodologia e na didática também. Estamos certos disso.
A Profª Marjo
Kyllömen, Secretária de Educação de Helsingue, Finlândia, em sua palestra para
os diretores do grupo SEB, foi enfática ao afirmar que a única saída para a
qualidade educacional dos alunos é a inovação na metodologia e na prática
relacional dos educadores com seus alunos. Não se trata aqui de relação social
amistosa, mas sim de mudança de comportamento em relação aos atores do teatro
da educação. Os professores precisam garantir aos alunos um ambiente de
aprendizagem, onde a colaboração, o movimento e o interesse dos alunos seja o
foco. O protagonismo dos alunos garantirá a aprendizagem de qualidade. No
passado, o professor era o colecionador de informações. Hoje, a conexão do
mundo contemporâneo abre perspectivas ilimitadas no que tange fonte de
conhecimento. Os saberes estão nas nuvens. O professor tem que orientar e
despertar, mas o aluno é quem deve buscar o conhecimento.
Aquela escola
pautada em pilares da disciplina rígida e da rotina pedagógica engessada, não
atende às demandas educativas das gerações contemporâneas. O próprio conceito
de disciplina e valores também se modernizam. As roupas, o corte de cabelo, os
adereços, as múltiplas expressões de linguagem devem também fazer parte desse
ambiente educativo. Tudo com racionalidade e dentro de normas de convivências,
mas ainda assim sem a rigidez de um quartel. A escola é o espaço das
manifestações humanas. Não é na escola que as crianças e jovens vivem grande
parte de suas vidas? É por isso mesmo que a escola precisa buscar uma
identidade com os alunos de seu tempo. Muito interessante é ver que, no
segmento de educação infantil, toda essa leveza e movimento que se busca sempre
existiram. O que sentimos na escola, é que na proporção que as crianças vão
crescendo, mudando de segmento, ela vai perdendo a identidade com o espaço
escolar. A escola vai se distanciando, tornando-se não mais estimulante.
Torna-se chata na verdade. Aí, instala-se um clima de pouca identidade e
interesse. Precisamos mudar isso ou teremos sempre uma escola distante de seus
alunos. Esse desafio é mundial e o mundo está discutindo a necessidade do
reposicionamento da escola como instituição de ensino e transformação. Saliento
que estamos atentos e comprometidos com uma educação inovadora, responsável e
criativa.