quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Indisciplina Infantil e o TDAH


É muito comum, crianças terem comportamento inadequado que cause insatisfação aos pais e aos educadores. Mas se o comportamento estiver mesmo muito fora do gráfico, é preciso estar atento. Ao perceber crianças teimosas, inquietas e rotuladas de mal educadas em casa e na escola, principalmente se apresentarem dificuldades no aprendizado escolar e no relacionamento social com os amiguinhos, é hora de se procurar um profissional para uma avaliação mais profunda. Geralmente, a escola percebe primeiro que as famílias a necessidade de um apoio à criança com essa sintomatologia. Crianças que apresentam esse quadro: desorganização, impaciência, dificuldade de aprendizagem e de relacionamento podem ser portadoras de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade).
O TDAH é uma patologia que se caracteriza por uma alteração no lobo frontal, causadas por fatores externos ou genéticos. Portanto, trata-se de um transtorno neurobiológico que aparece na infância e acompanha a pessoa por toda a vida. Segundo Silva (2009, p. 23), ninguém adquire TDAH durante a vida, mas nasce com ele. Portanto, se faz necessário um acompanhamento médico, e a escola deve ser informada através de laudos médicos para que o trabalho das Psicopedagogas sejam adequados a cada caso. Escola, família e profissionais de saúde devem formar juntos o tripé de apoio a essa criança ou adolescente, sem dramas. Os portadores de TDAH são inteligentes, criativos e intuitivos. Apresentam dificuldade em administrar o tempo, manter a concentração e dar continuidade ao que iniciam. O transtorno apresenta três sintomas específicos: desatenção, impulsividade e hiperatividade. Cuidado! Não vamos confundir o portador de TDAH com uma criança ativa, esperta, brincalhona e inquieta. São situações diferentes e, por isso, a importância de uma avaliação médica.
O diagnóstico de TDAH é muito importante, e para fechar esse diagnóstico é necessário que o paciente apresente claras evidências de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional (conforme a CID 10). Por isso mesmo, o tratamento é muito importante. Não só a medicação, mas técnicas que venham auxiliar a criança ou adolescente a melhorar o seu desempenho na escola e no relacionamento com os amigos. Aí entra o importante trabalho do Psicopedagogo na escola.
Convém salientar que é importante e fundamental a diferenciação entre TDAH e indisciplina. Um diagnóstico correto é fundamental para o bom desenvolvimento social, cognitivo e afetivo da criança, uma vez que o não tratamento pode vir a comprometer gravemente a vida do paciente. Assim, é relevante a participação da família nesse empenho de buscar ajuda, caso haja suspeita por parte da escola ou mesmo de um familiar. No mais, não há com o que se perturbar. A escola está preparada para acompanhar os alunos que venham apresentar esse quadro e, além disso, tudo se organiza quando realizamos as nossas trocas com confiança e segurança. Como sempre digo, estamos juntos! Acredite nisso!
  


Referências:

1) Silva, Ana Beatriz. B. Mentes inquietas. São Paulo, Ed. Gente, 2003.

2) CID – 10, classificação de transtornos mentais e de comportamento. Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre, Artmed; 1993 R. 2011.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Meu filho está tirando notas boas



 “Os dedos de nossas mãos não são iguais”. Nossos filhos também não! 


Como sabem, eu tenho três filhos e, claro, entendo que cada um é um. Por isso, lá em casa, eu e minha mulher respeitamos  o jeito de ser de cada um na lida diária com as crianças. E como diz o ditado, “Em casa de Ferreiro,  o espeto é de pau”, sendo educador e pai, eu também estou o tempo todo buscando caminhos para acertar na educação de meus  filhos, pois, no dia a dia, essas diferenças, às vezes,  são difíceis de serem gerenciadas.
Mesmo sem querer, muitos pais criam expectativas de que os filhos serão os melhores em tudo. E como nem todos nós nascemos para gostar de estudar, pois essa ação depende da personalidade de cada um, os resultados da escola costumam frustrar muito a família. Não entendam que estou defendendo que devamos aceitar notas vermelhas como algo normal. Não é isso! Só não acredito que é necessário que a criança seja o melhor aluno ou que tenha as melhores notas. Cabe a nós, pais e educadores, conscientizar nossos filhos sobre a importância dos estudos para a vida.
Já tratei deste assunto com vocês, mas retomo à questão, compartilhando minha  própria experiência. Orgulhosamente, meu filho tem me apresentado bons resultados, depois de várias recuperações na escola. Sinto que ele está mais motivado e feliz. Confiante, ele tem me trazido o bom resultado, que não é o dez, com um lindo sorriso no rosto. Qual é a mágica? É simples assim...
· Quando seu filho chegar com notas baixas da Escola, não o recrimine nem fique bravo com ele. Pergunte o que houve e argumente sobre a necessidade de ele recuperar a nota;
· É importante ter paciência. O processo de recuperação das notas é a médio prazo, pelo menos;
· Converse com seu filho sobre a importância dos estudos, sem criar a expectativa futura, pois isso gera ansiedade, o que não é bom;
· O estudo tem que ser diário e supervisionado por um adulto. Tire as dúvidas, mas não faça a atividade para ele;
· Incentive a criança a despertar o interesse pelos estudos, através de desafios;
· Dê carinho e atenção e compreenda que o que a criança lhe entrega de resultado pode ser melhorado, mas é o que temos no momento para ser valorizado e elogiado.

Se você se permitir dar um mergulho em sua consciência, vai se lembrar de que, em algum momento de sua vida, você não foi a excelência nos estudos ou nos esportes. Pode até ser que se lembre de algo que levou os seus pais a repreendê-lo. Não foi isso? Pois é, você está aqui e com responsabilidades na família, no trabalho etc. A vida é assim mesmo. A gente cresce e amadurece. 
Por isso mesmo, compartilho com vocês essa maravilhosa experiência para que aproveitemos esse momento para nos lembrarmos do que já sabemos: nossos filhos, com base moral sólida, escolaridade e afeto, serão adultos felizes que também terão responsabilidades futuras. A vida é assim! Estamos juntos!

No anseio de dar tudo, às vezes estamos presenteando na hora errada.



Converso muito com os pais de nossos alunos. Há encontros muitos agradáveis, em situações sociais fora da escola. Tenho tido a alegria de conhecer pais e tornar-me amigo de muitos casais. Na conversa informal com eles, aprendo muito. Compartilhamos experiências, trocamos impressões acerca do comportamento das crianças e, claro, chegam a mim situações novas que muito me ajudam a entender o universo de nossas crianças. Como tenho refletido muito sobre o papel da família, da escola e as respectivas responsabilidades, os encontros, além de divertidos e gostosos, me trazem inspiração.
Em um domingo desses, recebi um casal de amigos e suas crianças que estudam em nossa escola. Um bate-papo agradável, crianças brincando e a gente ali realizando as nossas trocas. Um dia de sol maravilhoso e a companhia de pessoas irradiantes. É impossível não falarmos de nossos filhos, nossas preocupações e, claro, compartilharmos experiências como pais na educação de nossas crianças. É interessante observar que na conversa encontramos muitas situações, que “só mudam de endereço”, pois a questão é a mesma.
Muito interessante isso. Até escutei de minha esposa, com ar de alívio, um comentário confortante: “É bom a gente conversar porque daí a gente vê que os nossos filhos são iguais. A gente fica achando que só a gente tem problemas...” Problemas aqui, são aquelas coisinhas que conhecemos como birra, teimosia, aproveitamento escolar etc. Mas é isso mesmo! Os problemas enfrentados pelos pais na educação dos filhos são muito similares. Afinal, vivemos em um mesmo contexto, em uma mesma sociedade e em uma mesma escola. Tudo fica muito igual mesmo, até os “problemas de nossos filhos”. Por isso, conversar sobre as nossas experiências é muito interessante.
Nesse encontro tão delicioso, entre degustações e risadas, o amigo exteriorizou uma certa “frustração” por sentir que às vezes parece que os filhos não valorizam o que oferecemos a eles. Concordei na hora. Sinto a mesma coisa e cobro a valorização deles por terem recebido um presente, uma viagem desejada ou até mesmo um almoço em um restaurante encantador. Só que, a exemplo do que acontece com o amigo, os filhos recebem o que damos com muita naturalidade. Concluímos: estão tão acostumado a ganhar tudo que valorizam pouco. Pois é... A culpa é deles? Não seria ansiedade nossa? Estamos oferecendo realmente mais do que necessitam ou mesmo desejam?
Meus caros amigos, realmente temos que nos questionar! Às vezes (tenho certeza disso!) por querer agradar e muito e oferecer todas as oportunidades, nós estamos é exagerando na medida. Damos tanto, que as crianças passam a ter outro referencial e valorizam menos o que tanto têm. A época era outra, o país era outro, mas me lembro que lá em casa, presentes e viagens só aconteciam na hora certa. Nem adiantava chorar. Verdade! Mas também sabemos que o mundo de nossos filhos não é o mesmo mundo da gente e também que nós não somos os nossos pais. Tudo mudou.
Nossos filhos, são da “Geração Z”. É uma definição sociológica para os nascidos desde a segunda metade na década de 90 até os dias de hoje. Nasceram no “boom” da criação dos aparelhos tecnológicos. Os que gostam é de “zapear” canais de TV por assinatura, navegar na internet, brincar de Vídeo Game, mp3 Player e tudo o mais que inventaram. Diferente da gente, né? Pois é... muito diferentes. Será que estamos acompanhando? Não poderemos vencer essa geração? Claro que não! O mundo é deles, para eles e por eles. O que poderemos fazer é compreendê-los, amá-los e respeitá-los. Não valorizam, ou parece que não, por terem com as oportunidades, uma relação diferente. Estão acostumados aos confortos de um Brasil que cresceu e que nos deu melhores condições de vida.
Então, vamos relaxar um pouco e procurar a melhor forma de nos relacionarmos com os nossos filhos. Continuo vigilante, explicando a eles o mundo e suas contradições; dizendo a eles o quanto é importante valorizar tudo e agradecer a Deus. Contudo, mais amadurecido na questão, entendo que eles precisam viver o mundo na ótica deles e enxergar a vida através de suas lentes e não das minhas. Sou de outra geração e tenho a obrigação de entender o mundo deles, as expectativas deles e os anseios que os rondam. Peço a Deus luz para que em nossa caminhada como família e escola, encontremos sempre pessoas que, com sua experiência, nos ajudem a enxergar melhor o nosso mundo. Que sejamos felizes!

Televisão: É preciso ter cuidados!



Todos nós estamos apavorados com a agressividade e a violência com que convivemos hoje. As crianças e os nossos pré-adolescentes estão também assustados. Digo isso por saber que eles estão assistindo aos programas de TV sem nenhum “filtro”. Assistem a novelas, filmes e programas de entretenimento elaborados para o público adulto. Isto não pode acontecer! Por favor, não deixem que assistam às telenovelas da noite. Elas são para o público adulto.
Já escrevi a respeito desse tema, mas tenho observado, ouvindo as “vozes dos corredores” de nossa Escola, que as crianças estão acompanhando novelas e filmes extremamente violentos. Em casa, eu não deixo. Podem assistir aos canais dirigidos ao público infantil e teen, mas não a canais ou a programas direcionados aos adultos.
A televisão é um competidor importante pelo coração e pela mente de nossos filhos. Ainda crianças, eles podem confundir agressividade na tela com os resultados dessa violência sobre elas. As mais novas não desenvolvem ainda defesas ou controles para medos induzidos por imagens que não vêm do seu mundo, mas da imaginação de um adulto. Os pais precisam limitar o tempo de exposição da criança à TV e monitorar o que estão assistindo. Na verdade, deve-se assistir junto com as crianças para poder avaliar os impactos e decidir se permanecerão ou não assistindo àquele programa.
Claro que não estou aqui fazendo um “discurso retrô”. A TV e a internet vieram para ficar. É irrealístico pensar que uma criança possa ser criada sem assistir a TV e, na verdade, há programas que até ajudam as crianças e os adolescentes, basta selecionarmos. Para tanto, temos que participar. Em minha casa, as crianças não têm TV em seus quartos. TV é na sala e é para que a família compartilhe. Também não os deixo assistir novelas da TV aberta e muito menos a das 21 horas. Nesse horário, já estão na cama. Como a sempre digo, criança tem que dormir e bem, para repor a energia.
Assistir à televisão com os filhos nós dá uma chance de compartilhar a experiência deles e escutar suas perguntas e preocupações. Alguns pais são resistentes a esse conselho, mas experimentem e verão que é fantástico, pois terão a oportunidade de observarem mais seus filhos, o que pensam e o que desejam. Saibam que o tipo certo de TV e mídia ajuda a moldar o comportamento de crianças e adolescentes. Eles estão prontos e ansiosos para identificar-se com os adultos e seus papéis. Podemos até influenciá-los na escolha de papéis adicionais se formos companheiros na escolha do melhor programa ou filme para se assistir.
Em casa, nós fazemos isso e quando o relógio aponta 20h30, encaminho-os para os quartos. Aí irão ler um livro até as 21h, quando certamente pegam no sono. É simples assim, pois acredito na necessidade da rotina na vida de nossos filhos.

 
Fonte: BRAZELTON, Berry T. Momentos decisivos do desenvolvimento infantil. Ed. Arimed. Porto Alegre, 2003.

Casa dos avós: compotas na cristaleira



Vocês se lembram da casa de seus avós? Eu me lembro, e muito! Chegar à casa de minha avó era a certeza de “bom atendimento”. Doces deliciosos, frutas no quintal, carinho gostoso e pronto! Esperava ansioso um retorno. Sempre foi assim. A importância dos avós na vida dos netos é tão grande quanto é a presença dos pais na vida dos filhos. Não me lembro de avós “coordenando” a minha vida ou a vida de meus amigos. Os avós eram uma referência gostosa e não tinham obrigações com os netos.

Essa questão é bem contemporânea. Avós ajudando, ou mesmo “criando” os netos, é bem típico de nossa sociedade atual. Também é bem contemporâneo ver avós novos, bem dispostos e com energia para “ajudar” a criar as crianças. Que delícia! Como os avós podem ajudar,  né? Afinal, são experientes e nos passam muita confiança.

Hoje, é cada vez mais raro encontrar a casa da vovó de nossa época. Da minha, então, ficou na história, na lembrança. Como já disse, o mundo contemporâneo impõe um ritmo pesado, exigindo que todos trabalhem muito. Por isso, é frequente recorrermos aos avós para darem um apoio importante. E como é importante! Mas precisamos nos organizar quanto ao papel de cada um.

Os avós podem ajudar sim, mas não podem substituir os pais. Pelo menos nas condições normais. A função dos avós não pode ser a de educar os nossos filhos. Isso cabe aos pais. Os avós naturalmente relaxam na disciplina, pois se relacionam com os netos de forma mais tranquila do que se relacionaram com os filhos. A responsabilidade é outra. Não se trata de pensar que os avós deseducam os netos, mas não podem ser a referência de autoridade da família. Esse papel é dos pais, não pode ser delegado a ninguém. São os pais que planejam as principais linhas educativas, os hábitos e os valores humanos que desejam transmitir aos filhos.

Como os avós têm um ritmo mais pousado e são naturalmente mais compreensíveis, é normal que os netos apelem para a sua intervenção, mas tudo com o essencial limite. Quem educa, disciplina e organiza as rotinas da família são os pais. Mas, isso não é razão para temores. Geralmente os avós não interferem e não querem assumir grandes responsabilidades.

É importante que pais e avós não discutam sobre a educação das crianças na frente delas. Se surgir alguma divergência, é preciso solucioná-la longe das crianças. Não é sadio para elas ter que tomar partido na discussão. O que é preciso é a criança saber diferenciar os pais dos avós e saber que a autoridade reside nos pais. Só isso! No mais, deixem-se amar. Como é gostoso, como é saudável, como é maravilhoso!

Por isso, se for possível, recorram aos avós para que os ajudem em algum ponto que não seja fundamental na educação de seus filhos. E, dedicados, darão aos netos o carinho e a atenção que tanto desejam.

Saibam que estamos juntos. Avós, pais e educadores são tudo de bom no mundo maravilhoso de nossas crianças. Como é gostoso curtir os avós!

 

Fonte: Edufam – www.edufam.com