quinta-feira, 17 de maio de 2012

Como podemos lidar melhor com os nossos filhos?



Para educarmos bem os nossos filhos, necessitamos de pensar com clareza, principalmente se nossos filhos são “crianças difíceis”. E se forem precisaremos mesmo de saber lidar com cada um. No relacionamento com crianças e adolescentes, o que de imediato temos que fazer é deixar de lado o pensamento negativo e, principalmente, o preconceito em relação à postura deles. Pensamentos negativos em destrutivos em relação aos nossos filhos nos levam a um alto nível de aborrecimento e o nosso corpo imediatamente denuncia isso. Ficamos literalmente alterados. Sentimos isso na expressão de nossa face, no ritmo cardíaco acelerado, na sudorese etc. Tudo isso acontece por “ordem” de nosso cérebro na liberação de substâncias químicas. Por isso, devemos afastar os pensamentos negativos. Nada de achar que nossos filhos estão contra nós, ou que só fazem o que fazem para nos contrariar. Cuidado com essa visão negativa, pois ela influencia, e muito, na forma com iremos educar nossas crianças.
Na educação de nossos filhos, é necessário não só aceitar o que vem à nossa mente, mas reconhecer esses pensamentos e até mesmo corrigi-los. Pensamentos negativos podem tomar conta de nosso cérebro e nos fazer acreditar que a visão que estamos tendo sobre algo é verdade, mesmo sendo pura distorção. Por isso mesmo, necessitamos de muito cuidado e atenção para nossa primeira impressão de situações na lida com os nossos filhos. É muito comum,  embalados pelos pensamentos negativos, distorcemos as situações, fazendo com que um problema seja na verdade muito pior do que realmente é. Dessa forma, o problema aumenta de tamanho ou instala-se  onde na verdade não exista um.
Para que possamos evitar que o pensamento negativo nos domine, temos que evitar alguns comportamentos.
  • Generalização: Você toma um fato e acha que irá se repetir. Você acha que seu filho (a) está sempre pronto a enfrentá-lo ou desacreditá-lo (a), que não obedece nunca. Aí complica, porque fazemos uma “abordagem defensiva” e bloquemos o diálogo com a criança ou adolescente.
  • Previsão do futuro: é a capacidade que temos de prever que tudo vai dar errado. Por exemplo, quando prevemos que o filho(a) não nos dará ouvido. Acontece também com aquela prevenção de que o filho (a) irá criar problemas em algum lugar para onde estão programando ir. Ora, isso faz com que você já se irrite antes mesmo que algo aconteça.
  • Leitura da mente: imagina-se que consegue ler o que o filho(a) está pensando e geralmente acha que ele(a) está pensando algo que seja contrário a sua orientação. Ta vendo só como a gente se arma?
  • Rotulação: são os rótulos negativos que colocamos em nossos filhos. Quando chama uma filho de malcriado ou bobo, acabamos inibindo em nós mesmos a capacidade de vermos algo diferente em nossos filhos.
O primeiro passo para mudarmos esse padrão de pensamento é identificarmos a maneira como pensar. Treine para reconhecer os pensamentos negativos e principalmente para saber aboná-los. Eu tenho feito muito esse exercício e, confesso, muitas vezes erro na lida com os meus filhos. Por isso mesmo que compartilho com vocês mais essa reflexão, para que, juntos compartilhemos experiências e busquemos caminhos. Na educação de nossos filhos, estamos sujeitos  a erros e a acertos. É assim mesmo. O que temos que fazer é procurar novas formas de lidar com as crianças.
Se achar que precisa aprofundar mais o tema, leia o livro: O Manual de instruções que deveria vir com seu filho, o autor  é o Dr. Daniel G. Amen, neurocientita e psiquiatra infantil e diretor da The Amen Clinic, em Fairfield, Califórnia, EUA. Ele é autor de vários livros que me ajudam, como pai e educador, no entendimento de nossas crianças e adolescentes.

Somos o lado maduro na relação com nossos filhos e alunos.



As crianças e mesmo os pré-adolescentes, essa moçada de 11 e 12 anos, têm muita dificuldade em dominar suas emoções. Os sentimentos são muito fortes, e o tempo todo estamos presenciando “destempero” emocional entre irmãos e amigos destas faixas etárias: crianças de 03 a 10 anos e pré adolescentes de 11 e 12 anos.
Há mesmo uma falta de maturidade emocional. Depende de cada criança, mas o que temos aqui varia de choro a agressividade. Bater, empurrar, morder, xingar... Isso tem sido cada vez mais normal esse descontrole.
Em sua teoria psicanalítica, Freud explica que o homem, ao nascer, tem em sua estrutura emocional apenas o “ID”, composto basicamente de instintos. Isso explica o fato de os bebês se manifestarem no choro e na birra. Com o tempo, o ser humano desenvolve o “EGO”, que é o eu, fase mais madura do aparelho psiquiátrico, sinal de crescimento e, claro, do amadurecimento. Aqui, o ser humano já consegue resistir às frustrações, e conquista a capacidade de se fortalecer, pois o “EGO” é uma defesa do homem que se faz mais tolerante e compreensivo.
Conhecer a forma como nossos filhos crescem e amadurecem as suas emoções é fantástico, ficamos mais calmos e compreensivos diante das situações diárias, mas isso não pode ser motivo para não educarmos nossas crianças. Elas necessitam de orientação sempre para que possam se socializar, e principalmente, saber conviver com seus pares, com maturidade necessária para saber lidar com os problemas, com as situações postas a elas na escola ou mesmo em casa com os irmãos, com os amigos e no prédio ou condomínio.
Também não devemos negligenciar, aceitando que a criança nessa fase nos bata, chute, cuspa e nos dê as costas, quando estamos orientando ou disciplinando. Eles podem ter emoções ainda não dominadas, mas sabem quando estão errados e conseguem entender os limites, quando isso lhes é colocado.
Alguns pais permitem que seus filhos lhes batam, achando que são pequenos e que quando crescerem não mais o farão. Cuidado! Compreender é uma coisa; permitir é algo bem diferente. Não devemos também bater no filho, quando ele nos bate. O que se aconselha é não permitir que a situação chegue a esse ponto. Vamos segurar a mão da criança e deixar claro que você não gostou da atitude dela. O mesmo se faz com os maiores. Não aceite que batam a porta ou retruquem as suas palavras. Tenha segurança na relação e deixe claro sempre que você é que está no comando. Para isso, não precisa mostrar nervosismo, vamos lembrar sempre que o nosso “EGO” é bem maduro.
Na escola, não é diferente. Nós, educadores, estamos preparados emocionalmente e tecnicamente para lidarmos com situações-problemas que acontecem no cenário pedagógico. Sabemos que a disciplina e o senso de autoridade devem ser trabalhados. Os educadores, no exercício de seu magistério, são conscientes de seu papel, e as crianças sabem disso. A clareza do papel do educador nos permite lidar com muitas crianças no mesmo espaço e, claro, com muitos “EGOS” diferentes. Com base em nossa vivência, digo a vocês: podemos sim, desde bem cedo, orientar as nossas crianças, para que, educadas, possam viver felizes em casa e na sociedade.
Na verdade estou retornando a uma fala recorrente em meus discursos: nós somos o lado maduro na relação com as nossas crianças. Portanto, precisamos mesmo é de “dominar” essa relação, sempre com muito afeto e respeito. Sejam firmes, eduquem as crianças e saibam que isso será bom para todos.
  

Fonte: ZAGURY, Tania. Educar Sem Culpa 17ª edição. Ed. Record. 2001. São Paulo.