terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Transtorno do sono, qualidade de vida e tratamento do aparelho psíquico



Resumo

Este artigo aborda os transtornos do sono, com foco especial em insônia, qualidade de vida e o tratamento necessário ao aparelho  psíquico para que, analisado, possa reencontrar o conforto do sono. Procurou discutir as causas dos transtornos do sono; identificar os fatores que interferem na qualidade de vida do analisando com o transtorno do sono, analisar o papel do psicanalista na reabilitação da saúde do analisando com transtorno do sono. O problema central investigado foi: o transtorno do sono influencia a qualidade de vida do indivíduo? A metodologia de estudo foi através de artigos e livros a respeito da temática. Levanta-se também a possível relação existente entre transtorno do sono e distúrbios no aparelho psíquico.

Palavras – chave: Transtorno do sono (insônia); qualidade de vida; psicanalista; terapia.

Introdução

Este trabalho tem como tema central o transtorno do sono, especificamente a insônia, a qualidade de vida do analisando e analisa o papel do psicanalista na reabilitação da saúde do paciente. Busca identificar as possíveis relações do transtorno do sono (insônia) com transtornos no aparelho psíquico. O objetivo é lançar luz à questão: há ligação entre insônia e alguma neurose? E,  havendo, como esse fator influencia na qualidade de vida do analisando e, principalmente,  como a análise pode ajudá-lo a superar esse mal.
Eleger esse tema como objeto deste artigo ocorreu-me  devido ao estudo do módulo e do curso de formação em Psicanálise, em que me chamou atenção a importância do sono para saúde física e mental do ser humano. Essa inquietação provocou  a ideia de que existe uma relação entre transtorno do sono e os males que atingem a mente humana.
No corpo do artigo, focarei na questão da insônia, por acreditar que há uma grande relação entre a perturbação do aparelho psíquico e o transtorno do sono citado.

Objetivos

Objetivo Geral
Conhecer as consequências da insônia na qualidade de vida do analisando e o impacto no aparelho psíquico do mesmo.

Objetivo Específico
Identificar os fatores que interferem na qualidade de vida dos analisandos com transtorno no aparelho psíquico e a insônia.
O Sono sempre foi de interesse do mundo. Desde a Grécia antiga, explicações para o sono já existiam em Hipócrates. Aristóteles dizia que o sono tinha relação direta com o alimento que havia sido ingerido. (Souza e Guimarães. 1999). Foi esse filósofo também quem destacou aspectos fisiológicos se relacionando ao sono. Considerava o sono não a perda de consciência, mas sim um estado necessário para o descanso e a composição de energia (Souza e Guimarães, p. 38).
Foi com os Hindus no século  XI a.C que o sono ganhou um entendimento parecido com o que temos hoje. O sono era então dividido em três estados: vigília, sono silencioso e sonhos. Consideravam que no sonho a mente encontraria a paz e o repouso. Era no sonho que o mundo interior criava um corpo. Aqui me chamou atenção e acho relevante colocar que em Freud (interpretação dos sonhos) a questão dos sonhos é colocada como uma forma de liberação das neuroses que estão guardadas no inconsciente. Não estou interessado aqui em ampliar a discussão a partir de Freud, mas achei interessante essa associação que me ocorreu, quando discutia a questão.
O sono é um fenômeno ativo, um estado funcional reversível e cíclico que produz variações biológicas e mentais (REIMÃO, 1996). Por isso mesmo, a observação do sono é fundamental para a parte clínica e certamente a interpretação dos sonhos, que se revelam no sono, elemento essencial para a compreensão do mundo psíquico do paciente. Então,  por isso, é mister salientar que a perturbação do sono é frequentemente um sintoma precoce de transtorno no aparelho psíquico. Ainda cabe aqui destacar que os benefícios de uma boa noite de sono ou os malefícios de noites mal dormidas  provocam impactos fisiológicos e neurológicos que certamente influenciam na qualidade de vida das pessoas.
Os estudiosos de nosso mundo conseguiram enumerar duas fases do sono que foram identificadas em traçados eletroencefalográficos:
1)    NREM: sono de ondas lentas ou sincronizadas. É o início do sono. É dividido em quatro estágios. Ele é considerado restaurador das funções orgânicas.
2)    REM: sono ativo e está associado à ocorrência de sonhos. Interessante que esses ciclos se repetem durante toda a noite de sono, variando o tempo conforme a idade. (Câmara e Câmara, 2002).
De acordo com Kapazinski, Quevedo e Izquierdo (2004),  quando o indivíduo é forçado a perder uma noite de sono ele tem comprometimento no funcionamento normal do corpo. Segundo esses autores, uma noite perdida de sono não é recuperada jamais. O cérebro necessita do sono para funcionar em seu máximo de eficiência. Pessoas com transtorno do sono, sobretudo a insônia, demonstram comprometimento na memória, atenção e outras atividades cognitivas (MORCH e TONI, 2005). Além disso, há comprovação de que a privação do sono leva a uma desorganização do ego, delírios e alucinações. Pessoas privadas do sono, sobretudo na fase REM,  tendem a ficar mais irritadiças e letárgicas. Evidencia-se aqui a questão da relação entre o sono e a qualidade de vida do indivíduo. Além disso, abre-se aqui a porta para o seguinte entendimento: distúrbios neurológicos podem ser desencadeados pela falta do sono, assim como podem se instalar quadros de neuroses em função do transtorno do sono. A insônia atua na qualidade de vida da pessoa e certamente instala transtornos em seu aparelho psíquico. Há de se considerar também que pessoas com quadro de doenças psíquicas instaladas acabam adquirindo o transtorno do sono, sobretudo a insônia, devido a um quadro advindo da utilização de fármacos ou mesmo de alucinações psíquicas. Entendo haver aí uma relação entre o transtorno do sono e o consumo de substâncias psicoativas (Caballo, Navarro e Sierra p. 243, 2002).
A insônia, caracterizada como sono inadequado e também não restaurador, provoca irritabilidade, fadiga, déficit de concentração e de memória. A persistência da insônia por mais de seis meses indica sua comorbidade a transtornos clínicos e psiquiátricos, sendo mais frequente a insônia comórbida à depressão. Sabemos que entre os fatores que levam à insônia estão sempre em primeiro plano as situações de estresse psíquico, como perda de alguém, ou trauma de infância. Fobia, medo da morte, transtornos psicóticos, especialmente esquizofrenia. Há de se considerar também o fato de que durante o nosso dia a dia entramos em contato com fatores ambientais que em sua essência registram fatos não elaborados que se encontram registrados em nossa memória, isso acaba quando um nível de ansiedade e/ou angústia intrapsíquica inconsciente acaba por tirar o nosso descanso noturno. O que se torna muitas vezes mais difícil de reconhecer que a causa encontra-se um fato passado é que o que nos vem à mente consciente é apenas o fato atual;  o fato passado permanece retido em nosso inconsciente recalcado.
Os transtornos do sono e, no caso específico, a insônia, tem solução na psicanálise, embora o trabalho seja longo por utilizar-se do mesmo expediente do sonho. Isto é, faz com que o analisando repita seus atos, para que, aos poucos, o seu ego comece a juntar as peças que se encontrem soltas e passe a elaborar seus conteúdos inconscientes até que se tornem conscientes e seus sintomas desapareçam. Aqui, a mente do paciente passa a não “enfrentar” o analista, mas sim a si mesmo, tendo que ultrapassar diversos mecanismos de defesa e chegar à origem do problema.
Nos últimos anos têm proliferado, nas publicações psicanalíticas, trabalhos que tratam das manifestações psicopatológicas que se articulam, de diferentes formas ao corpo. Não mais ao corpo da histeria, mas ao corpo biológico (soma). É sem dúvida o que acontece com o transtorno do sono (FUNKS, 2000). Dessa forma, a psicanálise se viu diante de tais manifestações convocada a pronunciar-se sobre essa nova realidade. O alvo da clínica psicanálise continua sendo o sistema neurológico, embora hoje têm  sido constantes os efeitos antropológicos e sociais no psíquico e, consequentemente,  no soma. Assim, temos uma grande discussão: como a psicanálise pode ajudar no soma? Para a resposta a essa pergunta basta buscarmos em Freud a contribuição que é rica quando se aborda o efeito do psíquico no corpo somático.
Se o corpo em psicanálise  é o ato, é óbvio que ele vive na dependência da saúde psíquica. Freud já deixava assinalado, na conferência  de 1917, que um fator atual  subjaz a toda psiconeurose. Dizendo de um modo livre, uma espécie de umbigo de todo sintoma simbólico que marca o substrato somático sobre o qual o funcionamento psíquico se assenta. E onde entra aí a clínica psicanalítica? Na abordagem Freudiana e Lacaniana há uma recusa à formação psicossomática. Mas seria mesmo impossível pensar que a manifestação sintomática no corpo pode conter um outro sentido que já não seja um sentido de acepção em que empregamos o termo para psiconeuroses? Parece que sim. O sintoma pode ser sim reflexo de desorganização no psíquico e consequentemente a somatização pode estar relacionada às neuroses. A insônia pode, então,  ter sua consequência no psíquico e, portanto, ser objeto de psicanálise.


Conclusão

O sono é da máxima importância para o equilíbrio do EGO e do SOMA e tem papel fundamental no equilíbrio do cérebro e certamente na saúde mental das pessoas. O sono reparador é essencial para a saúde e para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos.
A insônia, transtorno aqui discutido, pode ser causada por diversos fatores, inclusive por questões do aparelho psíquico, o que certamente pode ser resolvido com a psicanálise.




Bibliografia

SOUZA, J.C. GUIMARÃES, L.A. Insônia e qualidade de vida. Campo Grande. VCDB, 1999, 194 P.
REIMÃO, R. SONO. Estudo abrangente. São Paulo, Atheneu, 1996.
KAPCZINSKI, F. QUEVEDO J. IZQUIERDO I. Bases Biológicas dos transtornos psiquiátricos 2ª Ed. Porto Alegre. Artmed, 2004.
MORCH, F.L. TONI. P.M. A influência da Privação do Sono na Qualidade de Vida. IX Seminário de pesquisa, iniciação científica. Nov. 2005 . WWW.utp.br/proppe/ixsempes/psicologia.
CABALLO.V.E, NAVARRO, J.F, SIERRA. Tratamento Comportamental dos Transtornos do Sono. 7ª Ed. São Paulo. DELCASA, Alessandro. Transtornos do Sono e sintomas de repetição – A Visão Pela Psicanálise. Belém, Jornal estetoscópio, no 8 nº 80 fevereiro de 2005.

FUKS, M.P (2000), Questões teóricas na psicopatologia contemporânea. INl. FUKS E F.C. Ferraz (orgs), A clínica Conta Histórias. São Paulo.

5 comentários:

  1. legal bem interesante.vcs pode postar mais pesquisas nesse saite pois eu estou fazendo pesquisas de feira sobre sono e mente humana

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  2. verdade esse site é muito interessante, pois estamos fazendo uum trabalho de feira de ciencias da escola , e queria que voces falassem mais do sono , e muito interessante ok ?

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  3. Olá , dei uma olhada nesse site e achei bem interessante , vocês poderiam postar mais sobre o assunto .
    M.K.Y.M.

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