Resumo
Este
artigo aborda os transtornos do sono, com foco especial em insônia, qualidade
de vida e o tratamento necessário ao aparelho
psíquico para que, analisado, possa reencontrar o conforto do sono. Procurou
discutir as causas dos transtornos do sono; identificar os fatores que
interferem na qualidade de vida do analisando com o transtorno do sono,
analisar o papel do psicanalista na reabilitação da saúde do analisando com
transtorno do sono. O problema central investigado foi: o transtorno do sono
influencia a qualidade de vida do indivíduo? A metodologia de estudo foi através
de artigos e livros a respeito da temática. Levanta-se também a possível
relação existente entre transtorno do sono e distúrbios no aparelho psíquico.
Palavras – chave:
Transtorno do sono (insônia); qualidade de vida; psicanalista; terapia.
Introdução
Este
trabalho tem como tema central o transtorno do sono, especificamente a insônia,
a qualidade de vida do analisando e analisa o papel do psicanalista na
reabilitação da saúde do paciente. Busca identificar as possíveis relações do
transtorno do sono (insônia) com transtornos no aparelho psíquico. O objetivo é
lançar luz à questão: há ligação entre insônia e alguma neurose? E, havendo, como esse fator influencia na
qualidade de vida do analisando e, principalmente, como a análise pode ajudá-lo a superar esse
mal.
Eleger
esse tema como objeto deste artigo ocorreu-me devido ao estudo do módulo e do curso de formação
em Psicanálise, em que me chamou atenção a importância do sono para saúde
física e mental do ser humano. Essa inquietação provocou a ideia de que existe uma relação entre
transtorno do sono e os males que atingem a mente humana.
No
corpo do artigo, focarei na questão da insônia, por acreditar que há uma grande
relação entre a perturbação do aparelho psíquico e o transtorno do sono citado.
Objetivos
Objetivo Geral
Conhecer as consequências da
insônia na qualidade de vida do analisando e o impacto no aparelho psíquico do
mesmo.
Objetivo Específico
Identificar os fatores que
interferem na qualidade de vida dos analisandos com transtorno no aparelho
psíquico e a insônia.
O
Sono sempre foi de interesse do mundo. Desde a Grécia antiga, explicações para
o sono já existiam em Hipócrates. Aristóteles dizia que o sono tinha relação
direta com o alimento que havia sido ingerido. (Souza e Guimarães. 1999). Foi
esse filósofo também quem destacou aspectos fisiológicos se relacionando ao
sono. Considerava o sono não a perda de consciência, mas sim um estado
necessário para o descanso e a composição de energia (Souza e Guimarães, p.
38).
Foi
com os Hindus no século XI a.C que o
sono ganhou um entendimento parecido com o que temos hoje. O sono era então
dividido em três estados: vigília, sono silencioso e sonhos. Consideravam que no
sonho a mente encontraria a paz e o repouso. Era no sonho que o mundo interior
criava um corpo. Aqui me chamou atenção e acho relevante colocar que em Freud
(interpretação dos sonhos) a questão dos sonhos é colocada como uma forma de
liberação das neuroses que estão guardadas no inconsciente. Não estou
interessado aqui em ampliar a discussão a partir de Freud, mas achei
interessante essa associação que me ocorreu, quando discutia a questão.
O
sono é um fenômeno ativo, um estado funcional reversível e cíclico que produz
variações biológicas e mentais (REIMÃO, 1996). Por isso mesmo, a observação do
sono é fundamental para a parte clínica e certamente a interpretação dos
sonhos, que se revelam no sono, elemento essencial para a compreensão do mundo
psíquico do paciente. Então, por isso, é
mister salientar que a perturbação do sono é frequentemente um sintoma precoce
de transtorno no aparelho psíquico. Ainda cabe aqui destacar que os benefícios
de uma boa noite de sono ou os malefícios de noites mal dormidas provocam impactos fisiológicos e neurológicos
que certamente influenciam na qualidade de vida das pessoas.
Os
estudiosos de nosso mundo conseguiram enumerar duas fases do sono que foram
identificadas em traçados eletroencefalográficos:
1) NREM:
sono de ondas lentas ou sincronizadas. É o início do sono. É dividido em quatro
estágios. Ele é considerado restaurador das funções orgânicas.
2) REM:
sono ativo e está associado à ocorrência de sonhos. Interessante que esses
ciclos se repetem durante toda a noite de sono, variando o tempo conforme a idade.
(Câmara e Câmara, 2002).
De
acordo com Kapazinski, Quevedo e Izquierdo (2004), quando o indivíduo é forçado a perder uma
noite de sono ele tem comprometimento no funcionamento normal do corpo. Segundo
esses autores, uma noite perdida de sono não é recuperada jamais. O cérebro
necessita do sono para funcionar em seu máximo de eficiência. Pessoas com
transtorno do sono, sobretudo a insônia, demonstram comprometimento na memória,
atenção e outras atividades cognitivas (MORCH e TONI, 2005). Além disso, há
comprovação de que a privação do sono leva a uma desorganização do ego,
delírios e alucinações. Pessoas privadas do sono, sobretudo na fase REM, tendem a ficar mais irritadiças e letárgicas.
Evidencia-se aqui a questão da relação entre o sono e a qualidade de vida do
indivíduo. Além disso, abre-se aqui a porta para o seguinte entendimento:
distúrbios neurológicos podem ser desencadeados pela falta do sono, assim como
podem se instalar quadros de neuroses em função do transtorno do sono. A
insônia atua na qualidade de vida da pessoa e certamente instala transtornos em
seu aparelho psíquico. Há de se considerar também que pessoas com quadro de
doenças psíquicas instaladas acabam adquirindo o transtorno do sono, sobretudo
a insônia, devido a um quadro advindo da utilização de fármacos ou mesmo de alucinações
psíquicas. Entendo haver aí uma relação entre o transtorno do sono e o consumo
de substâncias psicoativas (Caballo, Navarro e Sierra p. 243, 2002).
A
insônia, caracterizada como sono inadequado e também não restaurador, provoca
irritabilidade, fadiga, déficit de concentração e de memória. A persistência da
insônia por mais de seis meses indica sua comorbidade a transtornos clínicos e
psiquiátricos, sendo mais frequente a insônia comórbida à depressão. Sabemos que
entre os fatores que levam à insônia estão sempre em primeiro plano as
situações de estresse psíquico, como perda de alguém, ou trauma de infância.
Fobia, medo da morte, transtornos psicóticos, especialmente esquizofrenia. Há
de se considerar também o fato de que durante o nosso dia a dia entramos em
contato com fatores ambientais que em sua essência registram fatos não
elaborados que se encontram registrados em nossa memória, isso acaba quando um
nível de ansiedade e/ou angústia intrapsíquica inconsciente acaba por tirar o
nosso descanso noturno. O que se torna muitas vezes mais difícil de reconhecer
que a causa encontra-se um fato passado é que o que nos vem à mente consciente
é apenas o fato atual; o fato passado
permanece retido em nosso inconsciente recalcado.
Os
transtornos do sono e, no caso específico, a insônia, tem solução na
psicanálise, embora o trabalho seja longo por utilizar-se do mesmo expediente
do sonho. Isto é, faz com que o analisando repita seus atos, para que, aos
poucos, o seu ego comece a juntar as peças que se encontrem soltas e passe a
elaborar seus conteúdos inconscientes até que se tornem conscientes e seus
sintomas desapareçam. Aqui, a mente do paciente passa a não “enfrentar” o
analista, mas sim a si mesmo, tendo que ultrapassar diversos mecanismos de defesa
e chegar à origem do problema.
Nos
últimos anos têm proliferado, nas publicações psicanalíticas, trabalhos que
tratam das manifestações psicopatológicas que se articulam, de diferentes
formas ao corpo. Não mais ao corpo da histeria, mas ao corpo biológico (soma).
É sem dúvida o que acontece com o transtorno do sono (FUNKS, 2000). Dessa
forma, a psicanálise se viu diante de tais manifestações convocada a
pronunciar-se sobre essa nova realidade. O alvo da clínica psicanálise continua
sendo o sistema neurológico, embora hoje têm sido constantes os efeitos antropológicos e
sociais no psíquico e, consequentemente,
no soma. Assim, temos uma grande discussão: como a psicanálise pode
ajudar no soma? Para a resposta a essa pergunta basta buscarmos em Freud a contribuição
que é rica quando se aborda o efeito do psíquico no corpo somático.
Se
o corpo em psicanálise é o ato, é óbvio
que ele vive na dependência da saúde psíquica. Freud já deixava assinalado, na
conferência de 1917, que um fator
atual subjaz a toda psiconeurose.
Dizendo de um modo livre, uma espécie de umbigo de todo sintoma simbólico que
marca o substrato somático sobre o qual o funcionamento psíquico se assenta. E
onde entra aí a clínica psicanalítica? Na abordagem Freudiana e Lacaniana há
uma recusa à formação psicossomática. Mas seria mesmo impossível pensar que a
manifestação sintomática no corpo pode conter um outro sentido que já não seja
um sentido de acepção em que empregamos o termo para psiconeuroses? Parece que
sim. O sintoma pode ser sim reflexo de desorganização no psíquico e
consequentemente a somatização pode estar relacionada às neuroses. A insônia
pode, então, ter sua consequência no
psíquico e, portanto, ser objeto de psicanálise.
Conclusão
O
sono é da máxima importância para o equilíbrio do EGO e do SOMA e tem papel
fundamental no equilíbrio do cérebro e certamente na saúde mental das pessoas.
O sono reparador é essencial para a saúde e para a melhoria da qualidade de
vida dos indivíduos.
A
insônia, transtorno aqui discutido, pode ser causada por diversos fatores,
inclusive por questões do aparelho psíquico, o que certamente pode ser
resolvido com a psicanálise.
Bibliografia
SOUZA, J.C. GUIMARÃES, L.A.
Insônia e qualidade de vida. Campo Grande. VCDB, 1999, 194 P.
REIMÃO, R. SONO. Estudo
abrangente. São Paulo, Atheneu, 1996.
KAPCZINSKI, F. QUEVEDO J.
IZQUIERDO I. Bases Biológicas dos transtornos psiquiátricos 2ª Ed. Porto Alegre. Artmed, 2004.
MORCH, F.L. TONI. P.M. A
influência da Privação do Sono na Qualidade de Vida. IX Seminário de pesquisa,
iniciação científica. Nov. 2005 . WWW.utp.br/proppe/ixsempes/psicologia.
CABALLO.V.E, NAVARRO, J.F,
SIERRA. Tratamento Comportamental dos Transtornos do Sono. 7ª Ed. São Paulo.
DELCASA, Alessandro. Transtornos do Sono e sintomas de repetição – A Visão Pela
Psicanálise. Belém, Jornal estetoscópio, no 8 nº 80 fevereiro de 2005.
FUKS, M.P (2000), Questões
teóricas na psicopatologia contemporânea. INl. FUKS E F.C. Ferraz (orgs), A
clínica Conta Histórias. São Paulo.
legal bem interesante.vcs pode postar mais pesquisas nesse saite pois eu estou fazendo pesquisas de feira sobre sono e mente humana
ResponderExcluirpoiser
ResponderExcluirverdade esse site é muito interessante, pois estamos fazendo uum trabalho de feira de ciencias da escola , e queria que voces falassem mais do sono , e muito interessante ok ?
ResponderExcluirOlá , dei uma olhada nesse site e achei bem interessante , vocês poderiam postar mais sobre o assunto .
ResponderExcluirM.K.Y.M.
Gostei....
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