segunda-feira, 17 de março de 2014

O mundo da leitura só tem significado para as crianças, quando o texto for carregado de sentido


Sou leitor, escritor, educador e pai. Sei a importância da leitura e também o seu significado para a construção do sentido da vida na mente das crianças. A construção de pessoas felizes, seguras e conscientes começa bem cedo, logo na primeira infância. Nessa fase do desenvolvimento humano, tomar contato com a vida e seu significado torna-se mais fácil quando alcançamos o imaginário das crianças através dos contos de fadas.
A criança, à medida que cresce, deve aprender passo a passo a se entender melhor e também a entender os outros para que possa viver com eles de forma significativa. Portanto, temos que estar atentos aos livros e às histórias que estamos oferecendo a eles. Sei que o mercado editorial oferece milhares de títulos e que nos perdemos com a imensa oferta de livros de diversos gêneros e com propostas variáveis. Tenhamos cuidado! Grande parte da literatura infantil e infanto-juvenil está desprovida, em seu texto, de recursos que levem as nossas crianças a lidar com conflitos interiores e que sejam significativos para promover o encontro do leitor (a) com o “sentido da vida”.
Torna-se muito importante considerarmos que a leitura fica destituída de significado e importância se o livro que se lê não acrescentar nada de importante na vida do leitor. A ideia de que aprendendo a ler a criança mais tarde poderá enriquecer a sua vida só será de fato uma verdade se a leitura ultrapassar os limites “apenas informativa”, se a história que a criança ler ou ouve não for “oca” de sentido. Conheço leitores adultos que leem com voracidade, que terminam um livro sem que a mensagem do autor tenha sequer provocado nele qualquer reflexão que cause impacto na sua vida. Leu por ler, sem significado ou sentido. Não podemos formar leitores assim! A escola orienta, propõe e indica obras para que eles se tornem bons leitores.
Sob esses aspectos, vale considerar que, com raras exceções, nada é tão enriquecedor às crianças, como para jovens e adultos, do que o conto de fadas folclórico. Através deles, pode-se aprender mais sobre os problemas da alma humana e sobre as soluções corretas e éticas para seu entendimento em qualquer sociedade. Como a criança está exposta à sociedade e aos conflitos interiores próprios de sua idade, é através do conto de fadas que ela encontrará mais subsídio emocional e psíquico para o entendimento das aflições da vida. Por isso mesmo leiam e discutam com elas os clássicos desse gênero como João e Maria, A Bela e a Fera, Os Três Porquinhos, Branca de Neve e Os Sete Anões e demais títulos. Sinceramente não é só a criança ou o jovem que aprende, nós também. Estou lendo o livro de Hans Jellouschek, Espelho, espelho nosso, publicado pela Editora Venus. O que a análise de alguns contos de fada pelo autor nos revela faz com que o nosso inconsciente vibre.

Os livros são nossos melhores amigos, dizia sempre a minha mãe para nós lá em casa. Leiam sempre para os seus filhos. Leiam com os seus filhos. Deem a eles livros de presente. No futuro vocês terão uma grata satisfação de tê-los bem engajados nesse mundo da leitura para conquistar aprendizagens significativas para a vida. 

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