Sou
leitor, escritor, educador e pai. Sei a importância da leitura e também o seu significado
para a construção do sentido da vida na mente das crianças. A construção de
pessoas felizes, seguras e conscientes começa bem cedo, logo na primeira
infância. Nessa fase do desenvolvimento humano, tomar contato com a vida e seu
significado torna-se mais fácil quando alcançamos o imaginário das crianças
através dos contos de fadas.
A
criança, à medida que cresce, deve aprender passo a passo a se entender melhor
e também a entender os outros para que possa viver com eles de forma
significativa. Portanto, temos que estar atentos aos livros e às histórias que
estamos oferecendo a eles. Sei que o mercado editorial oferece milhares de
títulos e que nos perdemos com a imensa oferta de livros de diversos gêneros e
com propostas variáveis. Tenhamos cuidado! Grande parte da literatura infantil
e infanto-juvenil está desprovida, em seu texto, de recursos que levem as
nossas crianças a lidar com conflitos interiores e que sejam significativos
para promover o encontro do leitor (a) com o “sentido da vida”.
Torna-se
muito importante considerarmos que a leitura fica destituída de significado e
importância se o livro que se lê não acrescentar nada de importante na vida do
leitor. A ideia de que aprendendo a ler a criança mais tarde poderá enriquecer
a sua vida só será de fato uma verdade se a leitura ultrapassar os limites “apenas
informativa”, se a história que a criança ler ou ouve não for “oca” de sentido.
Conheço leitores adultos que leem com voracidade, que terminam um livro sem que
a mensagem do autor tenha sequer provocado nele qualquer reflexão que cause
impacto na sua vida. Leu por ler, sem significado ou sentido. Não podemos
formar leitores assim! A escola orienta, propõe e indica obras para que eles se
tornem bons leitores.
Sob
esses aspectos, vale considerar que, com raras exceções, nada é tão enriquecedor
às crianças, como para jovens e adultos, do que o conto de fadas folclórico.
Através deles, pode-se aprender mais sobre os problemas da alma humana e sobre
as soluções corretas e éticas para seu entendimento em qualquer sociedade. Como
a criança está exposta à sociedade e aos conflitos interiores próprios de sua
idade, é através do conto de fadas que ela encontrará mais subsídio emocional e
psíquico para o entendimento das aflições da vida. Por isso mesmo leiam e
discutam com elas os clássicos desse gênero como João e Maria, A Bela e a Fera, Os Três Porquinhos, Branca de Neve e Os
Sete Anões e demais títulos. Sinceramente não é só a criança ou o jovem que
aprende, nós também. Estou lendo o livro de Hans Jellouschek, Espelho, espelho nosso, publicado pela Editora
Venus. O que a análise de alguns contos de fada pelo autor nos revela faz com
que o nosso inconsciente vibre.
Os
livros são nossos melhores amigos, dizia sempre a minha mãe para nós lá em
casa. Leiam sempre para os seus filhos. Leiam com os seus filhos. Deem a eles
livros de presente. No futuro vocês terão uma grata satisfação de tê-los bem
engajados nesse mundo da leitura para conquistar aprendizagens significativas
para a vida.
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