Heróis, aqui, não são apenas os
educadores, mas os pais também. É a verdade! Tem sido uma tarefa difícil
convencer as nossas crianças e adolescentes que estudar é fundamental para a
vida deles. Na minha época de criança, eu já sabia: ou estudava, ou não obteria
qualquer êxito. O meu modelo de sucesso eram pessoas estudadas, bem preparadas.
A escola era um desejo. Ela tinha um valor imensurável na vida das pessoas,
pois ela representava a ponte, a possibilidade de aquisição da informação. Não
tínhamos Internet, os jogadores de futebol não ganhavam fortunas. Meu
referencial era o médico, o engenheiro, o advogado. Fui ser educador por
escolha, poderia ter sido outra coisa. Hoje, o cenário é outro. É essa
revolução que vivemos em nossa sociedade que colocou a educação como tarefa de heróis!
Vivemos a revolução digital. A velha
e boa enciclopédia, adquirida geralmente na porta de casa, cedeu lugar a uma
gama de dispositivos tecnológicos. O
Google tornou-se a maior rede de informação e consulta. Muitas vezes, em
sala de aula, alunos acessam o assunto que o professor está explorando, já com
a informação posta, antes mesmo de ele terminar a aula. As notícias circulam
nas redes sociais, em uma velocidade inacreditável. Os paradigmas mundiais e
educacionais mudaram. Os valores estão mudando na mesma velocidade. Quase
impossível querer que meus filhos vejam o mundo com os meus olhos. Eles exergam
muito longe mesmo! Preconceitos estão sendo substituídos por entendimento; no
lugar de visões racionárias povoam a mente de crianças e jovens adolescentes a
aceitação e princípios que em minha época de adolescente eram considerados um
pecado. Há, sim, uma revolução acontecendo. Entramos na era da informação, da
globalização total e da tribalização. Vivemos a revolução digital, na era da
informação, mas também, eu sei, na era da falta de reflexão.
Vivemos uma enorme revolução nos
hábitos, nos costumes e na maneira de pensar, sentir e agir. O que sinto nesse
momento é que a família, a escola e nós, educadores, ainda não percebemos o
tamanho dessa revolução. Há impacto que ainda não medimos com precisão. A
teoria das inteligências múltiplas de Haward Gardner e as descobertas da neurociência
nos ensinam que o ser humano evolui e muito. Estamos em uma outra era e
precisamos acompanhar. Será que poderemos mesmo continuar fugindo dos
computadores e dos dispositivos? Nossas crianças navegam no mundo digital e
mergulham em um mundo virtual. Nós temos que acompanhar. Estamos saudosistas e
acreditamos que em uma hora qualquer tudo voltará a ser como antes, como teria
sido em nossa época. Nada disso! Temos que acompanhar o mundo que aí está.
Precisamos rever o nosso papel como
pais e educadores, para bem ensinar e educar os nossos filhos. Para tanto,
temos que fazer parte dessa revolução e acreditar que nossos filhos, mesmo
estando do nosso lado, vivem um outro mundo. A Escola está consciente de que é
preciso “falar a linguagem” dessa tribo e aderir a revolução. É um movimento
dinâmico, um processo que busca, enquanto caminho, ir ao encontro das crianças
e dos adolescentes. Se resistirmos, se mantivermos o conservadorismo, iremos “de encontro a” e não “ao encontro de”.
A família já começa a perceber isso e tenta se modernizar, se organizar, inovar
e a buscar o convívio nos ambientes sociais onde se ventila o novo, a
transformação. Acreditem: Nós somos heróis.
Família e educadores, juntos, encontraremos o caminho e caminharemos de mãos
dadas para que a nossa juventude seja acolhida, amada e compreendida nas suas
múltiplas manifestações de existência e desejo. Devemos fazer isso, pois temos
que participar dessa revolução para estarmos juntos com os nossos filhos. Vamos
nos fortalecer, nos preparar, orientar nossas crianças e adolescentes, mas
aceitar as mudanças do mundo. Somos heróis e estaremos juntos para que nossos
filhos possam ser felizes.
Para isso, precisamos rever nossas
crenças, nossas atitudes e, principalmente, o modo como educamos nossas
crianças e jovens. É necessário encararmos a escola como uma instituição
educativa que precisa de apoio, de respeito e da parceria das famílias. Nós,
pais e educadores, devemos nos colocar de fato como heróis e fazer com que
nossos filhos nos vejam assim. Estamos juntos, pois somos sim os poucos heróis
que aceitam a tarefa de educar seres humanos.
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