sexta-feira, 2 de outubro de 2015

A escola tem que ter uma abertura para o mundo e o conhecimento do outro



O conhecimento do outro e o do mundo são saberes essenciais em uma Escola que se propõe a ensinar para a vida. Levar os alunos a olharem para a diversidade, ensinando-os a conviver com o diferente é fundamental não só para eles conhecerem o mundo real, onde vivem e se realizam como pessoas, mas também para que, conhecendo os outros, respeitando as diferenças, eles possam também se conhecer melhor e se posicionarem mais positivamente diante do mundo. A escola é, portanto, o espaço de formação (e informação) de pessoas. É o espaço do convívio humano nas suas primeiras práticas da existência. A escola, então, educa.
Educar é, entre outras definições, “trazer para fora” as nossas melhores possibilidades; é também aperfeiçoar o estilo de vida, tornando-nos mais humanos e menos predadores. Precisamos ser mais generosos e menos suicidas no sentido de nossa própria existência humana. Por isso, devemos estar abertos para as inovações, para a velocidade da informação e para a escuta do outro. Temos um mundo melhor, à medida que buscamos melhorar as nossas relações e o nosso entendimento do mundo. A escola é a oficina que molda o homem em valores, mas também é a oficina que forja o homem crítico capaz de conviver com os outros e acima de tudo se preparar para a felicidade. É também o teatro que encena peças na vida, dando às pessoas (alunos) a exata dimensão do que a vida irá querer de cada um. É na escola que, em primeiro lugar, aprendemos a lidar com rotina, disciplina, desafios, vitórias e frustrações. É na escola que ouviremos as vozes do mundo saindo da boca desse mundo e não de nossos pais. É na escola que conhecemos o outro e onde as janelas do mundo são escancaradas para que possamos tomar consciência desse mundo real. É na escola que o aluno é chamado à liderança, a compartilhar com o outro desconhecido e a aprender a se controlar e a se posicionar. Na escola, ele é o possível de ser a seu modo, sem que a absoluta proteção caia sobre as suas ações e comportamento.
Essa escola do século XXI se propõe a ser mais simples, mais capaz e mais eficiente para a aprendizagem e para facilitar o diálogo com a comunidade. Ter conhecimento e informação não é mais privilégio da escola, e alunos encontram na rede mundial tudo o que querem saber. A informação foi transformada em conhecimento, a partir da navegação na Internet. A escola, que era o centro irradiador (exclusivamente) dos saberes, vem ganhando um novo perfil. Em seu portfólio está a missão de ser facilitadora do desenvolvimento das relações humanas e o espaço de trocas sociais e culturais entre os membros de sua convivência. Ela ganha, então, importância no que tange não só às habilidades técnicas e às funções cognitivas: vem assumindo o papel de proteger a emoção, gerir os pensamentos, trabalhar perdas e frustrações, proatividade e capacidade de reinvenção. A Escola está sendo chamada, como instituição educadora, a libertar a criatividade e a construir relações saudáveis.
Escola que não valoriza a invocação das práticas e das relações sócio-culturais vigentes está presa no passado. Escola tem que avançar em seus ideais e gerar um ambiente de mudanças. Escola que reproduz práticas e ideias do passado permanece no passado, não consegue encontrar e se comunicar com o seu público. Não consegue conhecer o outro que está em seu mundo. Nesse momento, lembrei-me aqui de Fernando Pessoa, no heterônimo de Alberto Caeiro, que, escrevendo sobre escola, educação e o que havia aprendido, disse: “procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer-me do modo de que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me, e ser eu...” é isso. A escola verdadeira é a que permite que seus alunos construam o seu eu, a partir de suas vivências e tomadas de decisão amadurecidas pelos saberes que não formataram o indivíduo, mas sim ofereceram as ferramentas para a construção da felicidade e da plenitude. Portanto, a Escola tem que ser inovadora, provocadora, humana e capaz de transformar.


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