O conhecimento do outro e o do mundo são saberes
essenciais em uma Escola que se propõe a ensinar para a vida. Levar os alunos a
olharem para a diversidade, ensinando-os a conviver com o diferente é
fundamental não só para eles conhecerem o mundo real, onde vivem e se realizam
como pessoas, mas também para que, conhecendo os outros, respeitando as
diferenças, eles possam também se conhecer melhor e se posicionarem mais
positivamente diante do mundo. A escola é, portanto, o espaço de formação (e
informação) de pessoas. É o espaço do convívio humano nas suas primeiras
práticas da existência. A escola, então, educa.
Educar é, entre outras definições, “trazer para
fora” as nossas melhores possibilidades; é também aperfeiçoar o estilo de vida,
tornando-nos mais humanos e menos predadores. Precisamos ser mais generosos e
menos suicidas no sentido de nossa própria existência humana. Por isso, devemos
estar abertos para as inovações, para a velocidade da informação e para a
escuta do outro. Temos um mundo melhor, à medida que buscamos melhorar as
nossas relações e o nosso entendimento do mundo. A escola é a oficina que molda
o homem em valores, mas também é a oficina que forja o homem crítico capaz de
conviver com os outros e acima de tudo se preparar para a felicidade. É também
o teatro que encena peças na vida, dando às pessoas (alunos) a exata dimensão
do que a vida irá querer de cada um. É na escola que, em primeiro lugar,
aprendemos a lidar com rotina, disciplina, desafios, vitórias e frustrações. É
na escola que ouviremos as vozes do mundo saindo da boca desse mundo e não de
nossos pais. É na escola que conhecemos o outro e onde as janelas do mundo são
escancaradas para que possamos tomar consciência desse mundo real. É na escola
que o aluno é chamado à liderança, a compartilhar com o outro desconhecido e a
aprender a se controlar e a se posicionar. Na escola, ele é o possível de ser a
seu modo, sem que a absoluta proteção caia sobre as suas ações e comportamento.
Essa escola do século XXI se propõe a ser mais
simples, mais capaz e mais eficiente para a aprendizagem e para facilitar o
diálogo com a comunidade. Ter conhecimento e informação não é mais privilégio
da escola, e alunos encontram na rede mundial tudo o que querem saber. A
informação foi transformada em conhecimento, a partir da navegação na Internet.
A escola, que era o centro irradiador (exclusivamente) dos saberes, vem ganhando
um novo perfil. Em seu portfólio está a missão de ser facilitadora do
desenvolvimento das relações humanas e o espaço de trocas sociais e culturais
entre os membros de sua convivência. Ela ganha, então, importância no que tange
não só às habilidades técnicas e às funções cognitivas: vem assumindo o papel
de proteger a emoção, gerir os pensamentos, trabalhar perdas e frustrações,
proatividade e capacidade de reinvenção. A Escola está sendo chamada, como
instituição educadora, a libertar a criatividade e a construir relações
saudáveis.
Escola que não valoriza a invocação das práticas
e das relações sócio-culturais vigentes está presa no passado. Escola tem que
avançar em seus ideais e gerar um ambiente de mudanças. Escola que reproduz
práticas e ideias do passado permanece no passado, não consegue encontrar e se
comunicar com o seu público. Não consegue conhecer o outro que está em seu
mundo. Nesse momento, lembrei-me aqui de Fernando Pessoa, no heterônimo de
Alberto Caeiro, que, escrevendo sobre escola, educação e o que havia aprendido,
disse: “procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer-me do modo de que me
ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar
minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me, e ser eu...” é isso. A escola
verdadeira é a que permite que seus alunos construam o seu eu, a partir de suas
vivências e tomadas de decisão amadurecidas pelos saberes que não formataram o
indivíduo, mas sim ofereceram as ferramentas para a construção da felicidade e
da plenitude. Portanto, a Escola tem que ser inovadora, provocadora, humana e
capaz de transformar.
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