Aproveitei o feriadão, para, entre
outras coisas, aprofundar o meu conhecimento sobre o tique nervoso. Coloquei em
prática o meu olhar psicanalítico.
O que seria o tique nervoso? Trata-se
de uma contração muscular involuntária de caráter compulsivo. Como a gagueira,
o tique nervoso pode ser de fundo emocional. Geralmente aparece na infância,
pode passar por um período de latência e volta, na fase da adolescência ou fase
adulta, principalmente diante de algum tipo de pressão emocional.
Foram essas manifestações físicas, que
chamaram a atenção do pai da Psicanálise, Sigmund Freud. Como médico, sabia que
a Medicina não encontrava uma explicação para tais manifestações. Hoje, embora
a Neurologia tenha encontrado tratamento medicamentoso através de fármacos para
diversos casos, é reconhecida a existência do inconsciente e da força do
psiquismo diante desses tipos de manifestações físicas.
Vamos então, entender melhor:
conflitos reprimidos represados no inconsciente funcionam como uma forte
energia psíquica que pode se tornar insuportável. Assim, uma forma encontrada
para “escape” é a linguagem corporal do sintoma psicossomático, no caso, o
tique. Por isso, devemos estar atentos. Precisamos identificar em nossas
crianças (aquelas que apresentam tique) as razões que estão provocando essa
manifestação. A repetição sistemática de movimentos está denunciando uma
compulsividade que nada mais é do que a “vasão” da pressão emocional. Muitas
vezes não sabemos fazer essa leitura, entender o que está provocando esse
transtorno que pode até ser transitório. Como gostamos de falar: “besteira de
criança”. Pode ser! Mas, se a ação for prolongada, podemos ter então um déficit
emocional instalado e aí é coisa para profissional que tenha experiência com
crianças. Não se trata de pediatra. Pense em psicólogos ou psicanalistas. Há o
que ser feito e deve ser feito com precisão e qualidade.
Muitas vezes, na escola, os educadores
identificam o tique e ajudam os familiares, orientando-os, mas o olhar dos pais
é fundamental. É preciso a observação doméstica e o compartilhar do olhar da
Escola para que possamos juntos identificar com clareza o quadro e analisarmos
possíveis encaminhamentos. Mas, o que devemos mesmo observar? Os tiques de
maneira sonora como pigarrear, tossir, grunir, estalar a língua ou os de origem
motora como repuxar a cabeça, entortar o pescoço, piscar, fazer caretas, pular
etc, são clinicamente conhecidos como transtornos. Há situações graves como a
síndrome de tourette que integra tiques motores e sonoros que é um Transtorno Obsessivo
Compulsivo (TOC) e aí o quadro é outro.
Uma dica essencial é buscarmos saber
se os motivos são ou não emocionais. Cabe reconhecermos se a manifestação é
transitória, provocada por uma situação de momento e isso é natural e
desaparece, ou se o caso é para terapia. Fato é, que a busca de solução é
fundamental para que não ocorra a criação de estereótipos.
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