segunda-feira, 4 de abril de 2016

A Inteligência Emocional e o destino de cada um: precisamos aprofundar o tema



Tenho focado muito no conceito de inteligência emocional. Na verdade, esse é o tema mais atual no mundo da educação e, principalmente, na psicologia educacional. Há hoje um entendimento mais apurado sobre a relação entre sucesso/inteligência acadêmica/inteligência emocional. Mas o que vem a ser a inteligência emocional? De maneira menos acadêmica, digo que a inteligência emocional é a capacidade que desenvolvemos de lidar com as nossas emoções e também com as emoções dos outros. Trata-se de estar preparado para saber dar soluções às situações de conflito e desafios que a vida nos coloca. Muitas vezes, o QI alto e a portabilidade de uma invejável inteligência acadêmica não são garantias para o sucesso profissional e pessoal. Nem sempre pessoas que se destacaram na escola com notas altas foram na vida profissional os que se destacaram em suas carreiras, chegando ao topo. Esse sucesso não está diretamente vinculado ao sucesso na escola. Por isso mesmo, uma coisa necessária, é buscarmos oferecer aos nossos filhos uma boa formação intelectual, mas também um perfeito domínio de suas emoções para que as duas inteligências possam operar para o seu sucesso.
O QI não explica bem os diferentes destinos seguidos por pessoas em igualdade de condições intelectuais, de escolaridade e de oportunidade. Pesquisas realizadas em estudantes de Harvard, selecionaram alunos com QIs potencialmente elevados e com grande desempenho acadêmico e intelectual. Foram igualmente selecionados estudantes de outras instituições de estudo com QIs variados, mas com as mesmas oportunidades sociais dos alunos de Harvard. Foi realizado um “comparativo de sucesso” e a conclusão foi surpreendente. O nível de QI apresentou pouca relação com o nível de sucesso que essas pessoas alcançaram na vida. Mas o que fez a diferença? A capacidade adquirida na infância de lidar com as frustrações, controlar as emoções e de relacionar-se com as outras pessoas.
Vencer no sistema não tem uma ligação direta em ser o melhor da turma. Claro que o conhecimento acadêmico é um peso fundamental. Ninguém sobe no topo da carreira sem ter conhecimento de sua área. Claro que quem não se prepara intelectualmente está fadado a não ter o sucesso. Contudo, não é somente o estudo, mas o autocontrole, a capacidade de relacionamento interpessoal e o conhecimento das emoções também são aspectos que definem as linhas do sucesso. Claro que há muitos caminhos para o sucesso na vida e muitos campos em que outras aptidões são recompensadas. Numa sociedade cada vez mais baseada no conhecimento, a aptidão técnica é, sem dúvida, uma delas, mas é preciso considerar que o domínio das emoções é elemento fundamental para que os nossos filhos venham atingir o sucesso. No caso aqui, refiro-me não somente ao sucesso profissional, mas também ao sucesso nas relações sociais e amorosas. Pessoas com práticas emocionais bem desenvolvidas têm muita probabilidade de se sentirem satisfeitas e de serem eficientes em suas vidas. As que não conseguem exercer nenhum controle sobre sua vida emocional travam batalhas internas que sabotam a capacidade de sucesso na vida.
Qual é então o objetivo final dessa nossa reflexão? A ideia aqui é mostrar a vocês, pais amigos, que nossos filhos, para atingirem o sucesso na vida, precisam mais do que uma boa escolarização e uma boa universidade. Precisam mais do que um bom desempenho acadêmico. Precisam de um bom equilíbrio emocional e desenvolverem a habilidade de domínio dessas emoções. O brilho social e pessoal de nossos filhos dependerá do quanto nós seremos capazes de ampliarmos a nossa noção sobre o espectro de talentos. A maior contribuição que a educação pode dar ao desenvolvimento de uma criança é ajudá-la a escolher um caminho na vida, onde ela possa utilizar melhor seus talentos, onde ela será feliz e competente. Por isso mesmo, convido vocês a oportunizarem o desenvolvimento das múltiplas inteligências de seus filhos, para que aproveitando do que a escola oferece, as múltiplas linguagens do mundo de cada um, possam ser exploradas. Vamos abrir as “janelas” de nossos entendimentos e dar aos nossos filhos a oportunidade de se realizarem a partir de suas potencialidades. Lembrem-se sempre que todos nós somos educadores!


Fonte: Goleman, Daniel (PHD). Inteligência Emocional – a teoria Revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Ed objetiva. Rio de Janeiro. 2007


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