Não existe nada mais desgastante e desagradável do
que um filho, por nada, começar a se jogar no chão, fazer birra ou atirar
objetos a esmo. Presenciei uma cena dessas em um shopping da cidade, quando
fazia compras. Uma criança já grandinha, quase adolescente, diante da negativa
da mãe em comprar o que desejava, aprontou um escândalo. O pior de tudo, foi
que diante da cena, a mãe não sabia o que fazer. Dava vontade de querer opinar,
mas resolvi sair de perto. Diante de um quadro desses, o que fazer? Vi que a
mãe queria sair correndo, mas não podia. Fazer o que também? Gritar? Bater?
Claro que não. Ali no momento parecia que nada funcionaria.
Eu conheço, sim, algumas técnicas que funcionam bem.
Na verdade, evitam que se instale o problema, pois ali na hora, só fugindo
mesmo. Leia e releia cuidadosamente as sugestões que darei. Lembre-se que na
educação de filhos, nós temos que estar dispostos aos enfrentamentos
necessários para levá-los a compreender e avaliar o que fazem de errado. Vamos
lá...
A criança que é atendida em tudo quando chora, grita
e insiste está testando a capacidade dos pais em lidar com isso. Se você entrar
no esquema dela e atendê-la para acabar com o escândalo, saiba que ela repetirá
essa estratégia e cada vez com mais artimanha. O que se acha engraçado e se
aceita em uma criança birrenta, certamente reforça essa conduta dela. É preciso
se opor, com segurança e sem agressividade. Sei que não é fácil, mas temos que
deixar a criança se desgastar, literalmente cansar de tanto lamuriar. Conquistar
respeito é difícil, mas perdê-lo é fácil e demais. Portanto, pense bem nisso.
Mantenha a calma e a frieza nesses momentos. Sua força interior será necessária
e seu comportamento positivo irá impactar a criança e fazê-la perceber que não
adianta fazer escândalo.
Ser maneiro na lida com os filhos é uma maravilha.
Eles adoram e a gente fica com o conforto de não ter que corrigir, mas entenda
que dar muita facilidade à criança vicia, desequilibra e faz com que ela perca
o contato com a realidade. Torna-se “mandona” e começa a enfrentar dificuldades
de relacionamento na escola, no condomínio onde mora e mesmo em casa com os
pais e irmãos. O que precisamos entender, é que a criança irá conviver mais
longe da gente do que se pensa. Será que as outras pessoas serão tolerantes com
ela quando se tornar inconveniente? Tenha certeza que não! Ela vai um dia se
jogar no chão e espernear, quando o seu professor dizer não e, seu resultado na
avaliação, não for o esperado?
Mas o que é o chilique? É um ataque de raiva, pois
as crianças não sabem dominar os seus sentimentos. Essa é a questão. Precisam
aprender a lidar com a frustração e com o não. Não podem ter tudo fácil em suas
mãos. Aprender a lidar com os sentimentos é gradual, mas precisamos ajudá-las
nisso. Claro que com cada filho, o que vai funcionar melhor pode ser diferente.
Com algumas crianças, só de você se afastar delas quando começa a crise, elas
se acalentam e pronto. Outras, exigem um diálogo, mostrando onde elas estão
errando. Algumas aceitam um carinho e um abraço. Mas cuidado para você não se
derreter e voltar atrás na decisão. A
coisa certa é agir com segurança e afeto, mas sem ceder à gritaria ou
escândalo. Há situações, cujo o controle pode ser mais difícil. Nesse caso,
sugiro que afastem mesas, cadeiras e objetos com os quais as crianças possam se
machucar. Fale em um tom de voz normal, calma e pausadamente, mas firme. Não
precisa ficar berrando junto, pois em nada irá ajudar. Seu filho vai responder
de forma positiva aos poucos e na mesma proporção que percebe que você não é
atingido pela conduta dele e que você está no comando. Outra coisa importante é
não valorizar a ação da criança. Não demonstre raiva ou sentimento de pena,
proceda naturalmente e não fique em cima tentando resolver. Se dirija à ela
apenas uma vez e espere o resultado. Se for em um shopping, apenas espere o
ataque de fúria. Não faça nada. Não compartilhe com terceiros, espere que passe.
Depois que o ataque de chilique passar, como se deve
proceder? É comum a criança procurar o carinho do pai ou da mãe. Pronto. Não
demostre pena ou sentimento de culpa. Se o fizer, irá perder da próxima vez. Aja
com naturalidade, limpe as lágrimas e desvie-a para algo produtivo. Se manter
essa postura sempre, logo a criança saberá que o chilique não garante
resultado. Esse será o momento em que ela abandonará essa prática. Saiba que
você pode até ter recaídas em sua conduta, mas não desista de seu filho.
Corrigi-lo é na verdade uma ação positiva para ele. Terá sempre muitos ganhos
na relação pais e filhos. Para terminar, eu deixo a seguinte mensagem: os
nossos filhos são o que fazemos deles. (Tania
Zagury)
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