sexta-feira, 15 de abril de 2016

Chiliques, como acabar com eles?



Não existe nada mais desgastante e desagradável do que um filho, por nada, começar a se jogar no chão, fazer birra ou atirar objetos a esmo. Presenciei uma cena dessas em um shopping da cidade, quando fazia compras. Uma criança já grandinha, quase adolescente, diante da negativa da mãe em comprar o que desejava, aprontou um escândalo. O pior de tudo, foi que diante da cena, a mãe não sabia o que fazer. Dava vontade de querer opinar, mas resolvi sair de perto. Diante de um quadro desses, o que fazer? Vi que a mãe queria sair correndo, mas não podia. Fazer o que também? Gritar? Bater? Claro que não. Ali no momento parecia que nada funcionaria.
Eu conheço, sim, algumas técnicas que funcionam bem. Na verdade, evitam que se instale o problema, pois ali na hora, só fugindo mesmo. Leia e releia cuidadosamente as sugestões que darei. Lembre-se que na educação de filhos, nós temos que estar dispostos aos enfrentamentos necessários para levá-los a compreender e avaliar o que fazem de errado. Vamos lá...
A criança que é atendida em tudo quando chora, grita e insiste está testando a capacidade dos pais em lidar com isso. Se você entrar no esquema dela e atendê-la para acabar com o escândalo, saiba que ela repetirá essa estratégia e cada vez com mais artimanha. O que se acha engraçado e se aceita em uma criança birrenta, certamente reforça essa conduta dela. É preciso se opor, com segurança e sem agressividade. Sei que não é fácil, mas temos que deixar a criança se desgastar, literalmente cansar de tanto lamuriar. Conquistar respeito é difícil, mas perdê-lo é fácil e demais. Portanto, pense bem nisso. Mantenha a calma e a frieza nesses momentos. Sua força interior será necessária e seu comportamento positivo irá impactar a criança e fazê-la perceber que não adianta fazer escândalo.
Ser maneiro na lida com os filhos é uma maravilha. Eles adoram e a gente fica com o conforto de não ter que corrigir, mas entenda que dar muita facilidade à criança vicia, desequilibra e faz com que ela perca o contato com a realidade. Torna-se “mandona” e começa a enfrentar dificuldades de relacionamento na escola, no condomínio onde mora e mesmo em casa com os pais e irmãos. O que precisamos entender, é que a criança irá conviver mais longe da gente do que se pensa. Será que as outras pessoas serão tolerantes com ela quando se tornar inconveniente? Tenha certeza que não! Ela vai um dia se jogar no chão e espernear, quando o seu professor dizer não e, seu resultado na avaliação, não for o esperado?
Mas o que é o chilique? É um ataque de raiva, pois as crianças não sabem dominar os seus sentimentos. Essa é a questão. Precisam aprender a lidar com a frustração e com o não. Não podem ter tudo fácil em suas mãos. Aprender a lidar com os sentimentos é gradual, mas precisamos ajudá-las nisso. Claro que com cada filho, o que vai funcionar melhor pode ser diferente. Com algumas crianças, só de você se afastar delas quando começa a crise, elas se acalentam e pronto. Outras, exigem um diálogo, mostrando onde elas estão errando. Algumas aceitam um carinho e um abraço. Mas cuidado para você não se derreter e voltar atrás na decisão.  A coisa certa é agir com segurança e afeto, mas sem ceder à gritaria ou escândalo. Há situações, cujo o controle pode ser mais difícil. Nesse caso, sugiro que afastem mesas, cadeiras e objetos com os quais as crianças possam se machucar. Fale em um tom de voz normal, calma e pausadamente, mas firme. Não precisa ficar berrando junto, pois em nada irá ajudar. Seu filho vai responder de forma positiva aos poucos e na mesma proporção que percebe que você não é atingido pela conduta dele e que você está no comando. Outra coisa importante é não valorizar a ação da criança. Não demonstre raiva ou sentimento de pena, proceda naturalmente e não fique em cima tentando resolver. Se dirija à ela apenas uma vez e espere o resultado. Se for em um shopping, apenas espere o ataque de fúria. Não faça nada. Não compartilhe com terceiros, espere que passe.
Depois que o ataque de chilique passar, como se deve proceder? É comum a criança procurar o carinho do pai ou da mãe. Pronto. Não demostre pena ou sentimento de culpa. Se o fizer, irá perder da próxima vez. Aja com naturalidade, limpe as lágrimas e desvie-a para algo produtivo. Se manter essa postura sempre, logo a criança saberá que o chilique não garante resultado. Esse será o momento em que ela abandonará essa prática. Saiba que você pode até ter recaídas em sua conduta, mas não desista de seu filho. Corrigi-lo é na verdade uma ação positiva para ele. Terá sempre muitos ganhos na relação pais e filhos. Para terminar, eu deixo a seguinte mensagem: os nossos filhos são o que fazemos deles. (Tania Zagury)  


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