Não existe nada nesse mundo, absolutamente nada que seja mais
importante para uma criança que, a atenção dos pais. Esse comportamento
direcionado tem força curativa, agindo como um remédio eficaz. Mas por que essa
atenção é tão poderosa assim? É muito simples: nas crianças, todo o
comportamento está ligado à proximidade com aquele que a cuida. Assim como
conseguimos interpretar as necessidades de nossos animais de estimação sem que
falem uma única palavra, somos também capazes de observar as necessidades de
nossos filhos, apenas interpretando as suas expressões. Contudo, para que
tenhamos sucesso, toda atenção é necessária. Estou retomando esse tema, pois
para mim, é de grande relevância. Minha experiência na Educação, me leva a ser
recorrente no assunto, pois a cada dia, por conta de nossa imensa agenda,
estamos deixando de dar aos nossos filhos a atenção que eles tanto necessitam.
De certa maneira, até somos bem treinados em prestar atenção aos maus
comportamento de nossos filhos. Eles nos saltam aos olhos. Eles são difíceis de
ignorarmos, pois de certa forma eles nos irritam. Há momentos que acreditamos
até que estão fazendo aquilo de propósito, apenas para nos irritarmos. Mas, não
é bem assim não. O que temos aí, ainda é uma observação fragilizada do que
realmente pode estar escondido naquele mau comportamento. Na verdade, os
pequenos não querem mesmo nos irritar. O que desejam de fato é provocar uma
reação em nós e, com isso, mudar o estado em que a coisa se encontra. É
assim... As crianças irritam os adultos, principalmente os pais, quando querem
chamar à atenção deles para a solução de algum conflito que elas estão
vivenciando. Não é exatamente uma pirraça ou manha, mas uma estratégia até
inconsciente de dizer aos pais: “preste atenção em mim”.
A orientação, já escrevi a vocês a respeito – desprezem a manha e a
criança irá se recompor. Contudo, quero aqui aprofundar um pouco. Vocês já
aprenderam a dominar a manha, mas descobriram a origem dela? Sabe o que está
desencadeando esse comportamento inadequado? Tem dispensado a atenção
necessária para entender o que acontece? Muitas vezes achamos que sabemos, que
já fizemos de tudo e que nada tem jeito. É fácil ouvir de pais a seguinte frase:
“Nós tentamos fazer isso, mas não funcionou” ou “ ele faz isso só para nos
irritar”. Essa conclusão não ajuda nem à você e nem à sua criança.
Sinceramente, acho que a criança quer ver você feliz. Primeiro porque tem um
amor incondicional por você e, depois, por ser inteligente o suficiente para
saber que tendo com você uma relação amistosa e saudável, as suas oportunidades
são maiores em ser agradada pelos pais. Então, precisam estar atentos para
entender melhor o seu filho para agir assertivamente.
Tenho um irmão que ilustra bem essa situação. Ele tem uma filha de 8
anos de idade, que ficou aos seus cuidados após a separação. Sozinho, assumiu a
educação da filha. É ele quem leva ao médico, ao dentista, à escola, ao
psicólogo, ao balé. É também quem orienta nas atividades da escola, no banho
diário e na alimentação. A criança dando aquele trabalhão e ele sem saber mais
o que fazer. Ontem passei horas com ele ao telefone, procurando ajudá-lo a
organizar a “rotina emocional” da filha e sua relação pessoal com ela. Ela está
assim, precisando de atenção e o tempo todo. Conversamos muito e traçamos
estratégias. Contudo, deixei para ele a ideia que somente uma observação diária
de seu comportamento pode mesmo nos dar informações de suas demandas
emocionais. Mas, saibam o seguinte: mesmo as crianças que aparentemente vivem
em um ambiente emocionalmente estável, podem estar denunciando algo com o seu
comportamento saliente. Por isso mesmo, devemos estar atentos.
Sei que já tratei de comportamento infantil com vocês e dei algumas
dicas para as birras e manhas. O que procuro agora, é levar vocês para a
seguinte reflexão: o que está provocando em meu filho esse comportamento
inadequado? É isso mesmo, estou provocando um desdobramento de nosso olhar
sobre as nossas crianças. Chamando para nós a responsabilidade de estarmos
atentos aos sinais que denunciam as necessidades emocionais que não estão
evidentes. Vamos lembrar o que tenho dito a vocês. As crianças precisam de um
reforço positivo para que reajam bem. No caso, refiro-me a força do elogio.
Elogios, são o combustível das crianças. Quando você compreender isso, poderá
resolver praticamente qualquer problema que encontrar. Não pense que é tão
simples assim. Sabe por que não é? Porque as pessoas não sabem elogiar e quando
fazem, não dão sentido real. Parece um ato protocolar do tipo: “Parabéns, estou
orgulhoso de você! ” Grande coisa, a professora na escola faz melhor! Algumas
pessoas se sentem constrangidas, pois elas mesmas nunca teriam recebido um
elogio de seus pais. É difícil reproduzir algo que não tivemos. É mais fácil
corrigir, exigir mudança de postura e resultados positivos na escola. Isso
fazemos sempre e com muita habilidade. Vale pontuar então que um elogio eficaz,
carinhoso, verdadeiro e sonoro, incentiva o bom comportamento e eleva a
autoestima de nossos filhos.
Assim, vamos lá! “O elogio de resultados” deve ser específico e não
genérico. Precisa ser personalizado. Esse negócio de elogiar os filhos em comum
não funciona. Tem que ser dirigido ao filho que está merecendo. Um bom elogio
requer concentração total, valorizando o momento e o ato de elogiar. Ao
elogiar, demonstrem animação, deixem de lado o protocolo. Devemos ter afeto,
pois as crianças são afetividade sempre. Elogie imediatamente e com frequência.
Eles não podem ter hora marcada. Tem que pegá-los de surpresa. Essas dicas, eu
tirei do livro de Nigel Latta, intitulado “Por dentro da cabeça do Seu Filho”,
páginas 144/145. Foi editado pela Editora Fundamento, em 2009. Vale a pena ler
toda a obra.