segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O mercado editorial mundial e seus paradigmas diante do dilema: livros impressos X livros digitais



No mercado brasileiro de impressão de livros, já não existe mais um temor em relação à produção de livros digitais. Dessa forma, há hoje o entendimento de que a leitura digital não leva grande parte dos leitores de livros impressos, como aconteceu com o mercado da música. O que evidencia esse fato são os sinais de estagnação que a venda de livros digitais já nos mostra nos EUA e na Europa.
Nos primeiros nove meses de 2015 e início de 2016, as vendas de e-book (livros eletrônicos que podem ser lidos em e-readers, tablets, PCs ou Smartphones) caíram cerca de 11%. No Brasil, embora o SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), não apresente dados oficiais sobre a venda de livros digitais, temos registro que, de fato, nunca houve um crescimento exponencial dessa modalidade. A Amazon, site de multimídias, que domina esse mercado, não revela números, mas se pode dizer que vivemos uma estagnação aqui também mesmo diante desse cenário, os livros impressos estão mostrando uma resiliência e sobrevivendo a onda de digitalização de textos.
Concomitante a isso, a gigante editorial Hachette registra que a queda de consumo de e-books caiu na mesma proporção que aumentou a produção de livros impressos nos últimos 2 anos nos EUA. Hoje estima-se que, nos EUA, o patamar do livro digital seja entre 20% a 25% DO MERCADO EDITORIAL e, no Brasil, seja na ordem de 3% a 5% e já consolidado, ou seja, é basicamente a fatia de mercado com atração para essa plataforma de leitura. Todavia, vale destacar aqui, que esse mercado editorial digital tem atraído muito os livros digitais de autopublicação já que o próprio autor publica o seu livro sem passar por um conselho editorial ou editora. Hoje, na AMAZON Brasil, de cada 100 livros vendidos semanalmente, cerca de 30 livros são autopublicações.
Com todo esse “bum”, cabe ressaltar que o período de maior expansão dessa modalidade digital, no Brasil, foi mesmo nos anos de 2014 e 2015, quando a AMAZON se posicionou no mercado editorial brasileiro. Contudo, o livro impresso sobreviveu, mesmo em um país onde a maioria das pessoas não têm o hábito de ler. Além disso, os leitores não migraram totalmente para a plataforma digital, mas passaram a consumir os dois modelos de editoração. Há casos em que se recorre aos títulos digitais quando no mercado de impressos, o título procurado esteja esgotado.
Quando se fala em mercado editorial mundial, o Brasil ocupa o 9º lugar. Isso ocorre não exatamente porque lemos, mas pelo fato de o governo, através do PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola), distribuir milhares de obras de literatura, de pesquisa e de referência para promover o acesso à cultura e o incentivo à leitura nas escolas públicas. Desconsiderando a participação do governo nesse mercado, a situação é outra. Em nosso país, apenas 15% da população compra livros, ou seja, 85% da população não compra nenhum livro. Portanto, precisamos, sim; mudar urgentemente esse cenário, uma vez que os maiores leitores brasileiros estão na faixa etária de 5 a 17 anos. Alguns leem devido ao incentivo da escola e outros, porque se sentem “obrigados” a ler.


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