Hoje, uma das cenas mais comuns que
encontramos são as crianças expostas há vários canais de TV por assinatura ou
mesmo diante de jogos de videogames, deliciando- se com desenhos ou jogos
agressivos. Muitas vezes, desconhecendo o perigo de tal exposição, os pais se
sentem aliviados com o sossego e podem seguir com a rotina doméstica. Contudo,
há um enorme perigo nessa conduta e precisamos estar atentos para evitar
problemas maiores, pois esse alívio, dá lugar a uma situação de risco, quando
assistimos a alguns programas das TVs ditas infantis. Não faltam cenas de
violência e mensagens muitas vezes duvidosas. Acompanhe e verás que os
personagens, considerados verdadeiros heróis por nossas crianças, além de
violentos, possuem valores que muitas vezes se chocam com os valores que
ensinamos em casa e na escola, o que leva as crianças a conviverem com uma
ambiguidade, que não estão preparados para compreenderem.
Os super-heróis dos jogos e dos seriados
infantis na TV são geralmente seres com superpoderes, capazes de enfrentar tudo
e todos os perigos. Esse repertório transfere às crianças a sensação de que,
como os personagens da TV e dos jogos, são investidas de poderes que dão a elas
uma força tremenda, capaz de levá-las a resolver tudo. O imaginário se confunde
com o mundo real e aí, na escola e mesmo no condomínio, querem, ao brincar com
os colegas, vivenciar essa transferência e exercer os seus superpoderes. Muitas
vezes, essas brincadeiras acabam machucando alguém. Com o senso de realidade
contaminado pelo imaginário, a criança é em si um ser de superpoderes que,
assim como os personagens que ela se identificou, resolverá os problemas com a
força e com as armas poderosas. Estamos aí diante de um problema sério.
Essa onipotência se faz presente no mundo das
crianças, quando se sentem contrariadas ou mesmo frustradas em seus desejos.
Quando são contrariadas pelos pais ou pelos colegas de escola, por exemplo.
Diante de uma negativa dos pais que leva à frustração de seus desejos,
tornam-se violentas, ameaçando a bater nos pais e utilizando de palavras
agressivas e de comando como acontece nos filmes e nos jogos. Na relação com os
colegas, a postura é a mesma. A intolerância e contradição de seus desejos,
geralmente, desencadeiam atos de agressão. Se não for por isso, mesmo brincando
naturalmente com o colega, a criança faz uso dos superpoderes do personagem
travestido. Dessa forma, mais uma vez, a violência toma espaço, e o conflito
torna-se inevitável.
Diante desse quadro, o que os pais devem
fazer? Simples! Limitar a exposição aos filmes e aos jogos, bem como determinar
o programa e o tempo. Selecionar os jogos de maneira a evitar o contato com os
filmes violentos. Mais do que isso, substituir o lazer da criança. Elas estão
tendo uma devida ocupação com o tempo? Estão praticando esporte, fazendo
leituras regulares e brincando com brinquedos reais e não somente
virtuais? É isso mesmo. As crianças
estão precisando de mergulhar nos livros, no mundo da imaginação saudável e em
brincadeiras físicas gostosas com as outras crianças. Sei que andamos sem tempo
para tanta dedicação, que as ruas estão violentas e que estamos nos isolando
socialmente cada vez mais. Contudo, precisamos resgatar para os nossos filhos
as brincadeiras saudáveis e a imaginação inocente. Fiquem atentos ao trabalho
das babás e acompanhantes. Essas cuidadoras muitas vezes, para não terem
trabalho, deixam as crianças à vontade, tendo acesso a tudo, enquanto elas
teclam tranquilamente nas redes sociais.
Aproveito a oportunidade para convidar você a
curtir a minha página Pedagogia e Psicanálise no Facebook. Estarei nesse espaço
virtual postando artigos e reflexões acerca da Educação de crianças e
adolescentes. A ideia aqui é criar uma grande corrente, em que, através dessa
rede social, possamos compartilhar com todos as experiências acumuladas ao
longo dos meus 35 anos dedicados à educação.
É isso aí. Estamos juntos!
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