sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Desenhos animados com cenas de violência



Hoje, uma das cenas mais comuns que encontramos são as crianças expostas há vários canais de TV por assinatura ou mesmo diante de jogos de videogames, deliciando- se com desenhos ou jogos agressivos. Muitas vezes, desconhecendo o perigo de tal exposição, os pais se sentem aliviados com o sossego e podem seguir com a rotina doméstica. Contudo, há um enorme perigo nessa conduta e precisamos estar atentos para evitar problemas maiores, pois esse alívio, dá lugar a uma situação de risco, quando assistimos a alguns programas das TVs ditas infantis. Não faltam cenas de violência e mensagens muitas vezes duvidosas. Acompanhe e verás que os personagens, considerados verdadeiros heróis por nossas crianças, além de violentos, possuem valores que muitas vezes se chocam com os valores que ensinamos em casa e na escola, o que leva as crianças a conviverem com uma ambiguidade, que não estão preparados para compreenderem.
Os super-heróis dos jogos e dos seriados infantis na TV são geralmente seres com superpoderes, capazes de enfrentar tudo e todos os perigos. Esse repertório transfere às crianças a sensação de que, como os personagens da TV e dos jogos, são investidas de poderes que dão a elas uma força tremenda, capaz de levá-las a resolver tudo. O imaginário se confunde com o mundo real e aí, na escola e mesmo no condomínio, querem, ao brincar com os colegas, vivenciar essa transferência e exercer os seus superpoderes. Muitas vezes, essas brincadeiras acabam machucando alguém. Com o senso de realidade contaminado pelo imaginário, a criança é em si um ser de superpoderes que, assim como os personagens que ela se identificou, resolverá os problemas com a força e com as armas poderosas. Estamos aí diante de um problema sério.
Essa onipotência se faz presente no mundo das crianças, quando se sentem contrariadas ou mesmo frustradas em seus desejos. Quando são contrariadas pelos pais ou pelos colegas de escola, por exemplo. Diante de uma negativa dos pais que leva à frustração de seus desejos, tornam-se violentas, ameaçando a bater nos pais e utilizando de palavras agressivas e de comando como acontece nos filmes e nos jogos. Na relação com os colegas, a postura é a mesma. A intolerância e contradição de seus desejos, geralmente, desencadeiam atos de agressão. Se não for por isso, mesmo brincando naturalmente com o colega, a criança faz uso dos superpoderes do personagem travestido. Dessa forma, mais uma vez, a violência toma espaço, e o conflito torna-se inevitável.
Diante desse quadro, o que os pais devem fazer? Simples! Limitar a exposição aos filmes e aos jogos, bem como determinar o programa e o tempo. Selecionar os jogos de maneira a evitar o contato com os filmes violentos. Mais do que isso, substituir o lazer da criança. Elas estão tendo uma devida ocupação com o tempo? Estão praticando esporte, fazendo leituras regulares e brincando com brinquedos reais e não somente virtuais?  É isso mesmo. As crianças estão precisando de mergulhar nos livros, no mundo da imaginação saudável e em brincadeiras físicas gostosas com as outras crianças. Sei que andamos sem tempo para tanta dedicação, que as ruas estão violentas e que estamos nos isolando socialmente cada vez mais. Contudo, precisamos resgatar para os nossos filhos as brincadeiras saudáveis e a imaginação inocente. Fiquem atentos ao trabalho das babás e acompanhantes. Essas cuidadoras muitas vezes, para não terem trabalho, deixam as crianças à vontade, tendo acesso a tudo, enquanto elas teclam tranquilamente nas redes sociais.
Aproveito a oportunidade para convidar você a curtir a minha página Pedagogia e Psicanálise no Facebook. Estarei nesse espaço virtual postando artigos e reflexões acerca da Educação de crianças e adolescentes. A ideia aqui é criar uma grande corrente, em que, através dessa rede social, possamos compartilhar com todos as experiências acumuladas ao longo dos meus 35 anos dedicados à educação.
É isso aí. Estamos juntos!



Imagem de: http://s4.static.brasilescola.uol.com.br/img/2014/11/figura_animadojapones.jpg


Bater na criança é uma forma de educá-la?



Quando o assunto é a educação dos filhos, certamente as opiniões são diferentes. Cada um acredita que o seu jeito de educar é mais eficiente e, geralmente, agem sem refletir muito sobre o assunto. Quando o assunto é bater ou não nos filhos, aí sim é que as opiniões se multiplicam. Parece não existir mesmo um consenso a respeito do tema. Alguns acham que uma criança que não apanha diante da indisciplina, não será um adulto de caráter. Há os que acham que bater, pode causar reflexos danosos na fase adulta. O que pensar a respeito?
A punição corporal foi usada há muitos séculos como forma de correção dos desvios de conduta. Era normal bater nas crianças até mesmo nas escolas. Ainda recentemente, tínhamos as famosas palmatórias, que eram o terror das crianças e jovens. Em casa, os pais, principalmente o pai, batia de cinta e de chinelo e de certa forma havia uma normalidade nessa conduta educativa. Mais recentemente, nas últimas décadas, essa conduta não tem mais apoio na pedagogia e na psicologia. Até mesmo a legislação proíbe a prática de castigo corporal na educação de crianças e jovens. Essa prática é considerada hoje prejudicial e inadequada.
Mas, diante disso, o que fazer? Como impor limites aos filhos que estão necessitando de correção? Saber impor limites, sem dúvida, é importante para a educação dos filhos. Contudo, os limites só fazem sentido para as crianças se postos em um contexto no qual ela se sinta acolhida e amada. Na verdade, pais que batem em crianças rebeldes, fazem isso porque perderam o controle da situação. Se sentiram ameaçados em sua autoridade, sendo, portanto, uma reação violenta. Acaba em brutalidade, o que certamente não é um gesto educativo. Confesso que já bati em meus filhos e sempre me veio o remoço, após eu ter-me acalmado. Essa reação raivosa, não constrói nada de educativo, é apenas uma ação repressiva. Não ensina, mas somente privilegia a punição. Mas, observe bem... uma tapinha no bumbum, devidamente dosado, em uma situação de absoluto controle dos pais, aí pode sim ter um sentido educativo. O tapa, nesse caso, não visa machucar ou humilhar. Tem na verdade uma função simbólica, significando um não mais enérgico, depois que o pai ou a mãe já cansou de explicar que a conduta da criança não está correta. Aí sim, entra essa ação medida, como uma prática salutar para o limite desejado.
Por mais estranho que lhe possa parecer, a autoridade dos pais depende do afeto e dos laços de confiança com os filhos. Por isso, muitas vezes, um olhar severo funciona mais do que um tapa, pois sugere a perda de confiança. Também, não é para guardar essa raiva demostrada. As crianças são rápidas em se reposicionarem quando percebem de fato que foram além. Dessa forma, os adultos necessitam também de reestabelecer-se rapidamente, deixando de lado a expressão de raiva e voltando a ter com a criança uma relação afetuosa e saudável. Quando a criança acolhe o limite e se adapta as exigências, é a hora dos pais deixarem de lado a cara amarrada e voltarem a sorrir.
Eu gostaria de aproveitar esse contato para compartilhar um livro muito interessante que eu tenho comigo e me ajuda a cuidar dos meus filhos e alunos, uma conduta positiva e mais assertiva. Trata-se do livro Perguntas a um Psicanalista de Roberto Girola, editado pela editora Ideias Letras. Há ali um ensinamento às diversas situações de nosso cotidiano no trato com as pessoas que convivemos e amamos.



Imagem de: http://baebii.com/physical-discipline-reasons-shouldnt-hit-child-part-1/

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Como ajudar os filhos a conviver bem com os meios-irmãos



A convivência entre filhos de uma união atual, com os gerados em uma união anterior, tem sido um desafio interessante para muitas famílias que convivem hoje com associações afetivas multifacetadas. Nesse avançar do nosso século XXI, é claro que vivenciamos um modelo novo de família que certamente exige dos membros desse núcleo a acomodação sentimental às maneiras diferentes de relações. Hoje, mais de 2/3 das uniões acabam se desfazendo. Muitas vezes, os ex-cônjuges buscam refazer as suas relações e daí nascem filhos que terão que se relacionar com irmãos vindos da outra relação do pai ou da mãe, ou mesmo dos dois. Essa realidade existe e não é novidade para nós. O que surpreende, aqui, é termos registros de muitos casamentos que estão acontecendo entre esses casais, sem que antes tenham consolidado uma relação, o que leva a novas rupturas e a novas buscas, multifacetando ainda mais o conceito de família.
O sociólogo Zygmunt Bauman, falecido recentemente, deixou-nos uma vasta obra sobre a liquidez do amor em nosso século. Ele, autor de Amor Líquido, aprofundou o entendimento acerca da fragilidade dos lações humanos. Em tempo de internet e de redes sociais como esse que vivemos, parece mesmo estar influenciando as emoções humanas que estão na mesma velocidade da internet banda larga. Tudo bem, mas estamos sentindo em nossa sociedade, na escola, nos clubes sociais e demais espaços de convívio, uma mudança grande de comportamento social de nossas crianças. Elas estão cada vez mais com dificuldade de estabelecerem laços afetivos e de expressarem segurança emocional. Dessa forma, precisamos estar atentos a essa realidade, visto que, seja qual for a situação na qual os filhos foram concebidos, é comum, hoje, nos grandes centros, o casal ter que conviver com filhos gerados em outras relações, o que não é tarefa tão simples assim.
O que temos não poderemos mudar. O mundo muda e o comportamento humano muda com uma rapidez enorme. O que precisamos é estarmos preparados para conviver com essa situação, o que nem é sempre assim. O convívio entre meios-irmãos pode, sim, ser comprometido pelo posicionamento de pais que não são pais comuns, provocando conflitos, ciúmes e brigas entre os casais e os membros dessa nova família formada. Veja, é preciso muita maturidade para se lidar com os enteados e com os filhos da relação. A não atenção a esse convívio anda comprometendo e muito essa nova união, provocando novas separações. Sabe o que ainda é mais complicado? Essa experiência tem sido vivenciada principalmente por moças jovens que se relacionam e casam pela primeira vez, com homens mais maduros e já com filhos do casamento anterior. O que fazer então? Acreditem, a solução para os problemas está sempre no diálogo, no entendimento e na aceitação das partes.
Em sua insegurança e ingenuidade, as crianças não têm clareza nem maturidade suficientes para entender as relações e os vínculos novos a que estão sendo levadas. Nunca escolhem, pois no caso o amor envolvido é dos adultos. Por isso, temos que estar atentos às crianças. Elas são o lado frágil de tudo isso. Pode ser um sucesso a nova família? Com certeza, mas a construção dela deve ser perfeita nas bases do respeito e do entendimento. Muitas crianças se fecham e sofrem com essa nova situação de família, pois não sabem exatamente o que as espera nessa nova construção de família. Por isso, é preciso muita calma para que o sucesso desse novo casamento venha desaguar no sucesso da nova família. Por sinal, cabe ressaltar, que esse sucesso irá depender da maturidade emocional do casal que se forma para a família. Portanto, de novo, eu oriento o diálogo. Mas não se esqueça: a relação de família deve ser construída, antes que se materialize a relação cotidiana. Só deve haver o casamento depois que tudo estiver acertado e, novos filhos, somente depois que o casamento e a nova família estejam mesmo consolidados. Aí as chances de sucesso são elevadas e as crianças que surgirem nessa nova família serão esperadas e celebradas. Imagine só: para quem enxerga os pais como figuras de equilíbrio e segurança, brigas e indiferenças, geram a não aceitação no convívio familiar. Por isso, vamos lembrar sempre o que digo: o adulto é sempre você!