terça-feira, 3 de outubro de 2017

Como ajudar os filhos a conviver bem com os meios-irmãos



A convivência entre filhos de uma união atual, com os gerados em uma união anterior, tem sido um desafio interessante para muitas famílias que convivem hoje com associações afetivas multifacetadas. Nesse avançar do nosso século XXI, é claro que vivenciamos um modelo novo de família que certamente exige dos membros desse núcleo a acomodação sentimental às maneiras diferentes de relações. Hoje, mais de 2/3 das uniões acabam se desfazendo. Muitas vezes, os ex-cônjuges buscam refazer as suas relações e daí nascem filhos que terão que se relacionar com irmãos vindos da outra relação do pai ou da mãe, ou mesmo dos dois. Essa realidade existe e não é novidade para nós. O que surpreende, aqui, é termos registros de muitos casamentos que estão acontecendo entre esses casais, sem que antes tenham consolidado uma relação, o que leva a novas rupturas e a novas buscas, multifacetando ainda mais o conceito de família.
O sociólogo Zygmunt Bauman, falecido recentemente, deixou-nos uma vasta obra sobre a liquidez do amor em nosso século. Ele, autor de Amor Líquido, aprofundou o entendimento acerca da fragilidade dos lações humanos. Em tempo de internet e de redes sociais como esse que vivemos, parece mesmo estar influenciando as emoções humanas que estão na mesma velocidade da internet banda larga. Tudo bem, mas estamos sentindo em nossa sociedade, na escola, nos clubes sociais e demais espaços de convívio, uma mudança grande de comportamento social de nossas crianças. Elas estão cada vez mais com dificuldade de estabelecerem laços afetivos e de expressarem segurança emocional. Dessa forma, precisamos estar atentos a essa realidade, visto que, seja qual for a situação na qual os filhos foram concebidos, é comum, hoje, nos grandes centros, o casal ter que conviver com filhos gerados em outras relações, o que não é tarefa tão simples assim.
O que temos não poderemos mudar. O mundo muda e o comportamento humano muda com uma rapidez enorme. O que precisamos é estarmos preparados para conviver com essa situação, o que nem é sempre assim. O convívio entre meios-irmãos pode, sim, ser comprometido pelo posicionamento de pais que não são pais comuns, provocando conflitos, ciúmes e brigas entre os casais e os membros dessa nova família formada. Veja, é preciso muita maturidade para se lidar com os enteados e com os filhos da relação. A não atenção a esse convívio anda comprometendo e muito essa nova união, provocando novas separações. Sabe o que ainda é mais complicado? Essa experiência tem sido vivenciada principalmente por moças jovens que se relacionam e casam pela primeira vez, com homens mais maduros e já com filhos do casamento anterior. O que fazer então? Acreditem, a solução para os problemas está sempre no diálogo, no entendimento e na aceitação das partes.
Em sua insegurança e ingenuidade, as crianças não têm clareza nem maturidade suficientes para entender as relações e os vínculos novos a que estão sendo levadas. Nunca escolhem, pois no caso o amor envolvido é dos adultos. Por isso, temos que estar atentos às crianças. Elas são o lado frágil de tudo isso. Pode ser um sucesso a nova família? Com certeza, mas a construção dela deve ser perfeita nas bases do respeito e do entendimento. Muitas crianças se fecham e sofrem com essa nova situação de família, pois não sabem exatamente o que as espera nessa nova construção de família. Por isso, é preciso muita calma para que o sucesso desse novo casamento venha desaguar no sucesso da nova família. Por sinal, cabe ressaltar, que esse sucesso irá depender da maturidade emocional do casal que se forma para a família. Portanto, de novo, eu oriento o diálogo. Mas não se esqueça: a relação de família deve ser construída, antes que se materialize a relação cotidiana. Só deve haver o casamento depois que tudo estiver acertado e, novos filhos, somente depois que o casamento e a nova família estejam mesmo consolidados. Aí as chances de sucesso são elevadas e as crianças que surgirem nessa nova família serão esperadas e celebradas. Imagine só: para quem enxerga os pais como figuras de equilíbrio e segurança, brigas e indiferenças, geram a não aceitação no convívio familiar. Por isso, vamos lembrar sempre o que digo: o adulto é sempre você!


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