A
convivência entre filhos de uma união atual, com os gerados em uma união
anterior, tem sido um desafio interessante para muitas famílias que convivem
hoje com associações afetivas multifacetadas. Nesse avançar do nosso século
XXI, é claro que vivenciamos um modelo novo de família que certamente exige dos
membros desse núcleo a acomodação sentimental às maneiras diferentes de
relações. Hoje, mais de 2/3 das
uniões acabam se desfazendo. Muitas vezes, os ex-cônjuges buscam refazer as
suas relações e daí nascem filhos que terão que se relacionar com irmãos vindos
da outra relação do pai ou da mãe, ou mesmo dos dois. Essa realidade existe e
não é novidade para nós. O que surpreende, aqui, é termos registros de muitos
casamentos que estão acontecendo entre esses casais, sem que antes tenham
consolidado uma relação, o que leva a novas rupturas e a novas buscas, multifacetando
ainda mais o conceito de família.
O
sociólogo Zygmunt Bauman, falecido recentemente, deixou-nos uma vasta obra
sobre a liquidez do amor em nosso século. Ele, autor de Amor Líquido, aprofundou
o entendimento acerca da fragilidade dos lações humanos. Em tempo de internet e
de redes sociais como esse que vivemos, parece mesmo estar influenciando as
emoções humanas que estão na mesma velocidade da internet banda larga. Tudo
bem, mas estamos sentindo em nossa sociedade, na escola, nos clubes sociais e
demais espaços de convívio, uma mudança grande de comportamento social de
nossas crianças. Elas estão cada vez mais com dificuldade de estabelecerem laços
afetivos e de expressarem segurança emocional. Dessa forma, precisamos estar
atentos a essa realidade, visto que, seja qual for a situação na qual os filhos
foram concebidos, é comum, hoje, nos grandes centros, o casal ter que conviver
com filhos gerados em outras relações, o que não é tarefa tão simples assim.
O
que temos não poderemos mudar. O mundo muda e o comportamento humano muda com
uma rapidez enorme. O que precisamos é estarmos preparados para conviver com
essa situação, o que nem é sempre assim. O convívio entre meios-irmãos pode,
sim, ser comprometido pelo posicionamento de pais que não são pais comuns,
provocando conflitos, ciúmes e brigas entre os casais e os membros dessa nova
família formada. Veja, é preciso muita maturidade para se lidar com os enteados
e com os filhos da relação. A não atenção a esse convívio anda comprometendo e
muito essa nova união, provocando novas separações. Sabe o que ainda é mais
complicado? Essa experiência tem sido vivenciada principalmente por moças
jovens que se relacionam e casam pela primeira vez, com homens mais maduros e
já com filhos do casamento anterior. O que fazer então? Acreditem, a solução
para os problemas está sempre no diálogo, no entendimento e na aceitação das
partes.
Em
sua insegurança e ingenuidade, as crianças não têm clareza nem maturidade suficientes
para entender as relações e os vínculos novos a que estão sendo levadas. Nunca
escolhem, pois no caso o amor envolvido é dos adultos. Por isso, temos que
estar atentos às crianças. Elas são o lado frágil de tudo isso. Pode ser um
sucesso a nova família? Com certeza, mas a construção dela deve ser perfeita
nas bases do respeito e do entendimento. Muitas crianças se fecham e sofrem com
essa nova situação de família, pois não sabem exatamente o que as espera nessa
nova construção de família. Por isso, é preciso muita calma para que o sucesso
desse novo casamento venha desaguar no sucesso da nova família. Por sinal, cabe
ressaltar, que esse sucesso irá depender da maturidade emocional do casal que
se forma para a família. Portanto, de novo, eu oriento o diálogo. Mas não se
esqueça: a relação de família deve ser construída, antes que se materialize a
relação cotidiana. Só deve haver o casamento depois que tudo estiver acertado e,
novos filhos, somente depois que o casamento e a nova família estejam mesmo
consolidados. Aí as chances de sucesso são elevadas e as crianças que surgirem
nessa nova família serão esperadas e celebradas. Imagine só: para quem enxerga
os pais como figuras de equilíbrio e segurança, brigas e indiferenças, geram a
não aceitação no convívio familiar. Por isso, vamos lembrar sempre o que digo:
o adulto é sempre você!
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