sexta-feira, 30 de março de 2012

É com o coração que se vê corretamente: o essencial é invisível aos olhos.


Passamos anos de nossa existência querendo buscar a melhor forma de conhecermos os nossos filhos e também, no meu caso,  nossos alunos. Muitas vezes, procuramos conhecê-los através de seus atos e atitudes e também buscamos esse conhecimento através de seu comprometimento e dos resultados na escola.

No entanto, acredito que uma visão da natureza humana que ignora o poder das emoções é lamentavelmente míope. Há uma preeminência do coração sobre a mente. Assim sendo, a emoção pode sim falar mais alto do que a razão e, por isso, é necessário conhecermos também o emocional, a alma de nossas crianças.

Em nosso imenso repertório emocional, cada emoção desempenha uma função e também nos oportuniza conhecer melhor as pessoas, principalmente as crianças que, por falta de maturidade, muitas vezes não conseguem controlar os impulsos emocionais. Por isso mesmo, batem no colega, empurram, choram, jogam-se no chão e fazem chantagens com os pais e educadores. E é para saber lidar com isso que devemos conhecê-los também a partir de suas reações emocionais.

Para apurarmos ainda mais a nossa capacidade de leitura da “inteligência emocional” de nossa criança e mesmo dos adultos, extraí da obra de Daniel Goleman, renomado PHD em Psicologia em Havard, algumas importantes manifestações  emocionais que nos permitem conhecer melhor aquele com quem nos relacionamos, principalmente as nossas crianças.

Em pessoas com ira, o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil uma criança  ou adulto bater em outro. Ao sentirmos medo, a tendência é o sangue irrigar os músculos das pernas para que possamos correr. A tristeza permite que as pessoas se ajustem a uma perda ou a uma decepção. O sentimento do amor provoca um estado de relaxamento e conforto. Repugnância estampa-se logo no rosto, denunciando “nojo” por essa coisa que está incomodando...

Sabendo isso, entendo melhor a reação das pessoas e em especial a de alguns alunos e a de meus filhos. Quando estamos felizes, nosso cérebro está tendo maior atividade em seu centro, inibindo sentimentos negativos e favorecendo o aumento da energia existente, e isso se revela tão forte que nosso corpo se recupera com mais facilidade das emoções negativas.

Assim, as reações emocionais são, então, uma resposta de defesa do próprio indivíduo. E não podemos esquecer que  elas nos ensinam a conhecer mais a nós mesmos e aos outros, à medida que nos oferecem informações maravilhosas de como as crianças e adultos estão no exato momento em que estamos educando, disciplinando ou acolhendo. Reações emocionais denunciam abusos em nossas ações corretivas e descortinam para nós o mundo maravilhoso da alma humana. Sejamos, então, maduros na relação com nossas crianças e também leitores de suas (e de nossas!) emoções. Dessa forma, o nosso papel de pais e educadores certamente será mais eficiente.

Bibliografia: Goleman, Daniel. Inteligência emocional. Ed. Objetiva – 10ª edição. Rio de Janeiro. 

A nossa educação alagoana de todos os dias.



O Ministro da Educação Aloizio Mercadante, na solenidade oficial de lançamento da Olimpíada de Língua Portuguesa, afirmou, em discurso, que o Estado de Alagoas é detentor do pior índice de alfabetização em todo o país. Que lamentável! Aqui 35% das crianças de até 8 anos de idade ainda não foram alfabetizadas. Significa dizer que uma em cada três de nossas crianças não conseguem aprender a ler e a escrever. O índice é alarmante, assustador.  No Paraná, apenas 4,9% das crianças não conseguem ler até os 08 anos de idade. Estamos, portanto,  liderando a lista negra do Ministério da Educação. Inaceitável!
Enquanto o evento acontecia e nós éramos citados como exemplo de Estado em que faltam condições para alfabetização de nossas crianças,  a situação do calendário escolar de 2012 na rede estadual de educação segue na contramão de qualquer tentativa de se colocar mais qualidade de ensino em nossas salas de aula. As aulas na rede estadual de ensino ainda não começaram para valer. Temos ainda 151 escolas que não iniciaram o ano letivo de 2012 por estarem em reforma ou por estarem ainda terminando o ano letivo de 2011.
Absurdo! Onde iremos parar? O que justifica tanto atraso? As chuvas de janeiro? A morosidade das empresas contratadas? A falta de gestão administrativa na pasta da educação? O que, de fato, acontece? A sociedade alagoana necessita de respostas a essas indagações. Com a educação debilitada, a segurança pública fica ameaçada. Onde estão as crianças e adolescentes que não estão na escola, que é o lugar deles? Nas ruas? Juventude sem escola é  sociedade sem segurança.
Sempre que posso, em diálogos com amigos educadores e amigos da segurança pública, tenho chamado a atenção de todos para a estreita ligação existente entre educação e segurança pública. Quanto mais educada e instruída for a população, mais baixo será o índice de violência; pessoas bem preparadas são mais conscientes e sabem respeitar o direito dos outros; população educada e tecnicamente qualificada é mão de obra especializada e permite que o mercado possa atrair investidores de grande porte. Precisamos pensar nisso!
É fundamental qualificar o educador e preparar a nossa gente para os desafios de uma economia emergente. Temos que pensar em educação não só como direito do cidadão,  mas como investimento no mercado de trabalho. Os benefícios da educação são vistos em todos os setores, inclusive no trânsito. Uma população educada não banaliza a morte e sabe que não pode matar para resolver um problema de trânsito.
Mais uma vez faço uso desse espaço de reflexão para afirmar aos senhores a minha certeza: A educação no Estado de Alagoas tem jeito sim! O que temos de fazer é uma gestão comprometida com os educadores e com os familiares. É preciso criar formas de ação, envolvendo a categoria de servidores e professores e os familiares; envolver toda a a comunidade. Mas isso é fácil? Claro que não. Porém, é tão necessário quanto fazer uma criança na faixa etária de 6 a 8 anos  aprender a ler e escrever. Não podemos nos conformar com o que temos em nosso Estado. Temos, sim, que buscar alternativas. Elas existem, pois não existe no mundo um só caminho para resolvermos os problemas. Sinceramente, o que precisamos é enxergar outras vias e entender que a educação é absolutamente tudo de bom. 
O que precisamos, de fato, é termos mais resultados positivos, como o conquistado pela Escola Estadual Nossa Senhora da Conceição, em Lagoa da Canoa, que  foi destaque em uma feira de ciências que acontece em meados de março na Universidade de São Paulo (USP). Está vendo? Educação tem jeito sim, precisa de ação.

Estamos juntos, procurando a melhor forma de educar as nossas crianças.


Eu, assim como vocês, sei o quanto é difícil educar uma criança. Tenho a experiência de pai e também de educador, por isso conheço os problemas. Como sempre digo, não tenho fórmula pronta para lidar com conflitos diários nem para a escola que administro  nem para meus três filhos. Estamos falando de pessoas e, exatamente por isso, a coisa não é tão simples. Com certeza, estamos sempre tendo que ajustar aqui e ali na escola, assim como também em minha casa.  Afinal, como em casa cada dia é um dia, na escola também é assim. Aliás, na vida é assim mesmo: cada dia é um dia diferente e precisamos nos adaptar sempre.

 
Acredito que uma boa comunicação permite que pais conheçam melhor os seus filhos, da mesma forma que educadores também devem conhecer os seus alunos. Um bom diálogo  aberto e tranquilo  já é o suficiente para resolvermos muitos problemas. Outro dia, meu filho mais velho (ainda criança) se mostrou muito chateado porque um “amigo virtual”, lá de São Paulo, estava mexendo com ele no Facebook. Após conversar com ele sobre o problema, perguntei o que ele poderia fazer pra resolver a questão. Ele simplesmente disse: vou bloqueá-lo! Pronto, a solução já existia, o que eu fiz foi ajudá-lo a encontrá-la. Ao optar por agirmos assim, e tendo certeza de que com essa solução meu filho estaria se sentindo melhor,  não criei outro problema, apenas resolvi aquele. Sem diálogo, certamente eu tomaria outra posição e provavelmente teria ligado pra os pais do amigo (que conheço!)... E, quem sabe, com isso, talvez eu estivesse criando outro problema.
Assim, pensando no quanto o diálogo é importante, vou relembrar-lhes um fato preocupante, uma atitude negativa que devemos evitar:  chamar nossos filhos de maus, mentirosos ou outros adjetivos que possam depreciá-los!  Não podemos reforçar a conduta negativa deles. Devemos, sim, é aproveitar as coisas positivas em nossos filhos, e valorizar sempre isso.
Já compartilhei com vocês que o melhor para os nossos filhos é serem preservados de observações com outras pessoas... Então, vamos evitar também comentários  com outras pessoas sobre comportamentos inadequados deles, principalmente se eles estiverem ouvindo! Pai e mãe, ou quem assume essa função, precisa cultivar o diálogo no dia a dia! E isso não é fácil! É um exercício diário que precisamos  fazer sempre que estamos com nossos filhos.
Em nossas conversas, nossos filhos devem ser um dos interlocutores e não o assunto! Conversemos com eles e não sobre eles! O que podemos e devemos fazer é procurar a escola quando acharmos que precisamos dar informações sobre os nossos filhos ou mesmo para saber mais sobre eles. Pessoas leigas, mesmo os amigos e parentes, podem até querer ajudar, mas quem conhece bem o seu filho é você e a escola.
E se você, pai, mãe ou responsável, sente que sua família tem se ressentido em função da atual situação socioeconômica da sociedade, que leva para fora de casa a figura materna tão importante na formação de uma criança,  e se isso tem levado vocês a se perderem em alguns momentos  sobre qual a ação que devem tomar para educar seus filhos da melhor forma possível, saibam que entendemos que  Família e  Escola têm que estar juntos, procurando a melhor forma de educar as nossas crianças.
Por isso, eu estou insistindo nessa parceria e sempre me recolocando como pai e educador. A “sintonia fina” entre a Família e a Escola nos levará ao êxito na educação de nossas crianças. Por isso também me dedico a compartilhar com vocês a minha visão de educador.
Sou tranquilo com a ideia de que como pai e educador posso estar exagerando ou até mesmo distorcendo algum problema de meus filhos ou de meus alunos. Isso não é problema, pois também sou susceptível a falhas. Assim como todos os seres humanos, pais e educadores, eu acerto e também erro. Por isso acredito que compartilhando o meu “olhar”, estou contribuindo para que parem um minuto e, na leitura dessa opinião, possam ser chamados à reflexão: estou agindo certo com pai e mãe? A dinâmica familiar está contribuindo para uma boa educação das crianças?  Em nossa casa estamos corretos em nossas ações como pais?
Essas perguntas sempre faço. É claro que esses questionamentos nos ajudam a refazer revelações que nos reconduzem em nossa caminhada. É por isso mesmo que pretendo chamá-los a essa reflexão, no exato momento em que a faço, como pai e educador. Certamente ela nos convidará a ajustes necessários em nossa vida, em nossa rotina. O bom disso tudo é saber que,  se precisarmos mudar, a escola é um excelente espaço que nos sinaliza a necessidade de tais mudanças. 
Então, de novo afirmo que estamos juntos e caminhamos juntos. Se achar que pode mudar algo na dinâmica da educação de seus filhos, procure o nosso Serviço de Orientação Educacional (SOE). E, se a Escola convidá-lo a mudar algo na dinâmica familiar, pondere, reflita e aceite, tendo uma única certeza:  estamos, juntos, procurando a melhor forma de educar as nossas crianças.


Fonte: AMEN, Daniel. O manual de instrução que deveria vir com seu filho. Ed. Mercuryo LTDA. São Paulo 2005.