Passamos anos de nossa existência querendo
buscar a melhor forma de conhecermos os nossos filhos e também, no meu
caso, nossos alunos. Muitas vezes,
procuramos conhecê-los através de seus atos e atitudes e também buscamos esse
conhecimento através de seu comprometimento e dos resultados na escola.
No
entanto, acredito que uma visão da natureza humana que ignora o poder das
emoções é lamentavelmente míope. Há uma preeminência do coração sobre a mente.
Assim sendo, a emoção pode sim falar mais alto do que a razão e, por isso, é
necessário conhecermos também o emocional, a alma de nossas crianças.
Em nosso imenso repertório emocional, cada
emoção desempenha uma função e também nos oportuniza conhecer melhor as
pessoas, principalmente as crianças que, por falta de maturidade, muitas vezes
não conseguem controlar os impulsos emocionais. Por isso mesmo, batem no
colega, empurram, choram, jogam-se no chão e fazem chantagens com os pais e
educadores. E é para saber lidar com isso que devemos conhecê-los também a
partir de suas reações emocionais.
Para apurarmos ainda mais a nossa capacidade de
leitura da “inteligência emocional” de nossa criança e mesmo dos adultos,
extraí da obra de Daniel Goleman, renomado PHD em Psicologia em Havard, algumas
importantes manifestações emocionais que
nos permitem conhecer melhor aquele com quem nos relacionamos, principalmente
as nossas crianças.
Em pessoas com ira, o sangue flui para as mãos,
tornando mais fácil uma criança ou
adulto bater em outro. Ao sentirmos medo, a tendência é o sangue irrigar os
músculos das pernas para que possamos correr. A tristeza permite que as pessoas
se ajustem a uma perda ou a uma decepção. O sentimento do amor provoca um
estado de relaxamento e conforto. Repugnância estampa-se logo no rosto,
denunciando “nojo” por essa coisa que está incomodando...
Sabendo isso, entendo melhor a reação das
pessoas e em especial a de alguns alunos e a de meus filhos. Quando estamos
felizes, nosso cérebro está tendo maior atividade em seu centro, inibindo
sentimentos negativos e favorecendo o aumento da energia existente, e isso se
revela tão forte que nosso corpo se recupera com mais facilidade das emoções
negativas.
Assim,
as reações emocionais são, então, uma resposta de defesa do próprio indivíduo.
E não podemos esquecer que elas nos
ensinam a conhecer mais a nós mesmos e aos outros, à medida que nos oferecem
informações maravilhosas de como as crianças e adultos estão no exato momento
em que estamos educando, disciplinando ou acolhendo. Reações emocionais
denunciam abusos em nossas ações corretivas e descortinam para nós o mundo
maravilhoso da alma humana. Sejamos, então, maduros na relação com nossas
crianças e também leitores de suas (e de nossas!) emoções. Dessa forma, o nosso
papel de pais e educadores certamente será mais eficiente.
Bibliografia: Goleman, Daniel. Inteligência
emocional. Ed. Objetiva – 10ª edição. Rio de Janeiro.
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