segunda-feira, 7 de abril de 2014

A educação dos filhos: o respeito ao eu e ao outro


“Ninguém faz isso.” “O que os outros irão pensar?” “Por que você não é igual a todo mundo?”. Quando, em casa, ao corrigirmos os filhos, usamos desses clichês, não estamos educando, mas “uniformizando” uma personalidade. Você já pensou que, às vezes, a educação que oferecemos aos nossos filhos pode funcionar como um mecanismo para igualar condutas e até mesmo o jeito de ser? Observe bem o modelo educacional que você está adotando em casa para a formação de suas crianças. Ele sufoca as diferenças e apaga o brilho das crianças? Pois é... Precisamos estar atentos para não contribuirmos para a construção de um mundo marcado por determinismos que “uniformizam” as condutas das pessoas.
O mais interessante é que, ao educarmos assim, estamos nos baseando num padrão pré-estabelecido que pode até ser preconceituoso. Corremos o risco de estabelecer na mente de nossos filhos padrões pessoais e padrões de valores que poderão levar a uma visão preconceituosa do mundo, o que certamente não é bom. Podemos estar criando crianças que se tornarão adultos intolerantes e convenientemente robotizados no que tange às suas manifestações de personalidade. Alguém consegue mesmo ser feliz tendo que ser como o outro é? Alguém pode ser feliz tendo que se anular como pessoa e se projetar no eu do outro?
Em um sentido mais amplo, precisamos estar atentos ao modelo de educação que estamos adotando. É preciso oportunizar aos nossos filhos a segurança no sentido de garantir-lhes crescerem sendo eles, mas também crescendo respeitando o eu dos outros, as diferenças e a diversidade. Deverão crescer, sabendo que as pessoas são diferentes sim, pois são resultados de etnias e culturas diversas ou mesmo de outro meio cultural e sócio-econômico que determinam as diferenças. Mas não significa, por isso, serem superiores ou inferiores.

Para que nossos filhos cresçam conhecendo a si e respeitando os outros, é preciso que em casa eles aprendam o que é preconceito, a ver o mundo como ele é: plural, diverso e múltiplo. Mostre como é bom viver em uma sociedade que inclui e que respeita. Da mesma forma, permita a seus filhos afirmarem a sua personalidade a partir da essência de cada um e façam que, em família, os irmãos passem a respeitar cada um, a partir do jeito de ser de cada um. Nunca esqueça que as crianças têm direito a se desenvolver num ambiente de alegria, diálogo e respeito às características que são próprias de cada um. Se seu filho viver a experiência de ser acolhido, aprenderá a valorizar o diferente, respeitando a todos e a si mesmo.


JUNQUEIRA FILHO, Gabriel de A. Conversando, lendo e escrevendo com crianças na Educação Infantil. Porto Alegre. UFRS.
Temas em Educação 11 – Livro das Jornadas 2003.
Gráfica PubliCOC, 2003.

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