Cheguei a um assunto ótimo: a greve de silêncio de nossos filhos
maiores, os adolescentes. Muitas vezes perguntamos: “Como foi hoje na escola?”
e a resposta sempre é: “Tudo bem!”. “Como
você foi na prova”? Tem como resposta um resmungo, ou pior... um dar de ombros.
Já vivenciaram isto, não é verdade? Todo pai e toda mãe já foi vítima desse
comportamento em filhos a partir dos 10 anos de idade. Não há nada mais
exasperador que tentar se comunicar e ver que seu interlocutor não quer
colaborar, principalmente sendo ele seu filho e você está querendo entrar no
mundo dele. O “resmungo”, o “nada”, o “dar de ombros” nos parece um desprezo.
Durante anos, como educador e pai, me deparei com essa situação. Nunca
parei para pensar, de fato, o que leva o pré-adolescente a adotar esse
comportamento. Parece que estão nos enfrentando, ou mesmo não dando importância
alguma aos nossos questionamentos. Mas, veja, pode ser que não esteja
acontecendo nada disso. A maioria das perguntas que fazemos aos nossos filhos
são realmente improdutivas. Sabe por quê? Porque nossos filhos e alunos sabem exatamente
o que estamos esperando como resposta. Assim, não há nessa comunicação qualquer
motivação. Parece desinteressante, sem graça ou algo assim. Sabe o que é melhor
fazer? Envolver seu filho em uma conversa ampla e interessante e no contexto
dessa conversa dar o devido espaço para que a criança ou adolescente se
coloque. Pergunta e resposta é jogo de interrogatório e não diálogo. Experimente
passar por uma sabatina de seu chefe e um bate-papo de pergunta e resposta. É
desanimador. É, na verdade, ameaçador. Por isso não funciona. Aí sabe o que
você acaba pensando? Seu filho não quer saber de nada e não se interessa por
nada. Você está errado!
Por que não mudar o paradigma? Se você quer manter um diálogo gostoso
com o seu(ua) filho(a), mergulhe com ele(a) em um assunto que seja do interesse dele(a).
Jogos eletrônicos, skate, esporte e etc. Se você se encontrar com o seu filho
naquilo que ele tem interesse, a chance de conseguir um diálogo com ele será
enorme. E se ele disser algo que não lhe pareceu aceitável, convide-o a se
explicar melhor. Mostre interesse pelas coisas do mundo dele. Conte a ele como
era o mundo, quando você era criança. Mostre qual era o seu foco, o seu
interesse e certamente estará trazendo-o para uma convivência gostosa. Mostre-se
cúmplice dele e deixe-o à vontade no sentido de ter segurança em você. Deixe de
cobranças repetitivas e grosseiras, deposite confiança. Passe a sensação de
compreensão e ganhará o respeito e a confiança dele. Dessa forma, você
aprenderá mais sobre o seu filho e o seu mundo.
Lembro-me muito de meu pai. As vezes na vida em que mais me senti
confortável com ele, foi quando (raramente) se aproximou de meu mundo e me
introduziu no mundo dele. Quando a relação se pautava apenas na cobrança e no
diálogo de perguntas e respostas, o que era normal, eu me sentia distante dele.
Precisamos estar atentos com os modelos que cristalizamos em nossa mente.
Precisamos entender que no universo de nossos filhos existe uma maneira de ser
e de encarar o mundo que é dele. No mundo das crianças, na dimensão da
existência de cada um, existe alguém que precisa de nosso carinho e de nossa
compreensão.
Estudando a minha psicanálise, deparei-me com as ideias do Dr. Kevin
Leman, que é psicólogo e doutorado em psicologia clínica no Arizona, USA. Em
seu livro, Transforme o seu filho até
sexta, da Editora Mundo Cristão, ele muito nos ensina sobre atitude,
comportamento e caráter. Nessa deliciosa leitura, deparei-me com informações
que muito me ajudaram na elaboração deste ensaio.
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