terça-feira, 4 de novembro de 2014

Os nossos filhos de cada dia: quando chega a separação...


Sei que ninguém aguenta viver só, mas sei também que ninguém suporta viver mal, infeliz, sem conseguir se realizar, frustrado em seus sonhos e desejos. Antigamente, a consciência do dever era tão grande nas pessoas, que havia o consenso de que deveriam manter os votos do casamento, mesmo diante do desconforto de ter que viver ao lado de alguém que não mais significasse para o outro. Vi, ao longo de minha vida, muitos casamentos sendo mantidos apenas pela necessidade moral de levar até o fim o que havia se comprometido. Nesse caso, como ficavam os filhos? Eram espectadores das cenas de brigas, intolerância, severidade e total desencontro do casal. Sofriam com a apatia do pai que atribuiu à esposa o dever de administrar a casa e os filhos, enquanto ele trabalhava. Em casa, entendia ele que era o seu refúgio, lugar de descanso e, por isso, não queria o incômodo de lidar com as demandas dos filhos.
E as mulheres? Como mães dedicadas, focavam no lar e no cuidado dos filhos. Essa rotina cruel tirava-lhe o desejo pela vida. Pouco cuidava de si e só conseguiam apoio dos irmãos e amigas da Igreja. Mas, continuavam casadas, certas de que o destino havia reservado a elas aquela vida. Resignadas, buscavam na qualidade de mãe deixar o ambiente familiar arrumado. Refiro-me não apenas à arrumação doméstica, mas principalmente à do emocional das crianças. A anulavam-se, ocultavam os seus desejos esqueciam sua feminilidade. Colocavam como mãe e não como mulher. As crianças cresciam assim e demoravam a entender o ambiente. Não sabiam bem o que acontecia. Achavam que era assim mesmo, e que o pai era uma pessoa difícil, pois ser pai é ser exatamente aquilo que viam em seu pai.
Hoje, as coisas estão mudando e rapidamente. Quando o relacionamento não vai bem, o casal opta pela separação. De certa forma, já casam com essa condição: “Se não der certo, separa e parte para outro”. Tenho visto isso demais. Não há tempo para “disfarce” no relacionamento, e o que as pessoas querem hoje é a busca da felicidade, independente de qualquer coisa. Homens e mulheres podem até tentar salvar uma relação, mas não aceitam mais a conveniência de manter um casamento para que os filhos não sofram o impacto da separação. O que temos hoje são versões novas de casamento e de família que desafiam o modelo tradicional. Quando ocorre a separação, geralmente a mãe assume a guarda das crianças e o pai fica soltinho, com o compromisso apenas de proporcionar tudo o que as crianças gostam: passeios, mesada, restaurantes, festonhas e etc. As mães ficam com a guarda das crianças. Com elas, a rotina diária e os pesados compromissos. E as nossas crianças? Divididas! Não sabem o que pensar a respeito. Os pais resolvem se casar de novo e os filhos são colocados diante de um problemão: irmãos diferentes, relacionamento afetivo com o novo homem ou mulher em casa e o pai ou a mãe em outra casa, também constituindo outro núcleo. É muito para os adultos e certamente demais para os filhos.
Diante dessa nova realidade, como agir com os nossos filhos? Vamos lá...
1.    Os filhos se sentem amados pelo interesse que os pais demonstram mesmo não estando o dia todo com eles. Um telefonema diário, uma rápida visita duas vezes por semana e a participação na vida escolar dos filhos ajuda e muito;
2.    Fiquem atentos às solicitações dos filhos. Sejam rápidos em atendê-los. A hora que eles solicitam é a hora que estão necessitando;
3.    Relacionem-se amistosamente com o novo núcleo familiar de seus filhos.
Muito importante é entendermos que a separação é entre os cônjuges e que os filhos são para sempre em nossas vidas. Lembrem-se de que os filhos têm direito ao amor dos pais e a um lar acolhedor. Tal ambiente oportunizará segurança e tranquilidade. Procurem sempre o bem-senso e saibam que a felicidade é um estado de espírito construído.


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