Sei que ninguém aguenta viver só, mas sei também que
ninguém suporta viver mal, infeliz, sem conseguir se realizar, frustrado em
seus sonhos e desejos. Antigamente, a consciência do dever era tão grande nas
pessoas, que havia o consenso de que deveriam manter os votos do casamento,
mesmo diante do desconforto de ter que viver ao lado de alguém que não mais
significasse para o outro. Vi, ao longo de minha vida, muitos casamentos sendo
mantidos apenas pela necessidade moral de levar até o fim o que havia se
comprometido. Nesse caso, como ficavam os filhos? Eram espectadores das cenas
de brigas, intolerância, severidade e total desencontro do casal. Sofriam com a
apatia do pai que atribuiu à esposa o dever de administrar a casa e os filhos,
enquanto ele trabalhava. Em casa, entendia ele que era o seu refúgio, lugar de
descanso e, por isso, não queria o incômodo de lidar com as demandas dos
filhos.
E as mulheres? Como mães dedicadas, focavam no lar e
no cuidado dos filhos. Essa rotina cruel tirava-lhe o desejo pela vida. Pouco
cuidava de si e só conseguiam apoio dos irmãos e amigas da Igreja. Mas,
continuavam casadas, certas de que o destino havia reservado a elas aquela
vida. Resignadas, buscavam na qualidade de mãe deixar o ambiente familiar arrumado.
Refiro-me não apenas à arrumação doméstica, mas principalmente à do emocional
das crianças. A anulavam-se, ocultavam os seus desejos esqueciam sua
feminilidade. Colocavam como mãe e não como mulher. As crianças cresciam assim
e demoravam a entender o ambiente. Não sabiam bem o que acontecia. Achavam que
era assim mesmo, e que o pai era uma pessoa difícil, pois ser pai é ser
exatamente aquilo que viam em seu pai.
Hoje, as coisas estão mudando e rapidamente. Quando
o relacionamento não vai bem, o casal opta pela separação. De certa forma, já
casam com essa condição: “Se não der certo, separa e parte para outro”. Tenho
visto isso demais. Não há tempo para “disfarce” no relacionamento, e o que as
pessoas querem hoje é a busca da felicidade, independente de qualquer coisa.
Homens e mulheres podem até tentar salvar uma relação, mas não aceitam mais a
conveniência de manter um casamento para que os filhos não sofram o impacto da
separação. O que temos hoje são versões novas de casamento e de família que
desafiam o modelo tradicional. Quando ocorre a separação, geralmente a mãe
assume a guarda das crianças e o pai fica soltinho, com o compromisso apenas de
proporcionar tudo o que as crianças gostam: passeios, mesada, restaurantes,
festonhas e etc. As mães ficam com a guarda das crianças. Com elas, a rotina
diária e os pesados compromissos. E as nossas crianças? Divididas! Não sabem o
que pensar a respeito. Os pais resolvem se casar de novo e os filhos são
colocados diante de um problemão: irmãos diferentes, relacionamento afetivo com
o novo homem ou mulher em casa e o pai ou a mãe em outra casa, também
constituindo outro núcleo. É muito para os adultos e certamente demais para os
filhos.
Diante dessa nova realidade, como agir com os nossos
filhos? Vamos lá...
1.
Os filhos se sentem amados pelo interesse que os pais demonstram mesmo
não estando o dia todo com eles. Um telefonema diário, uma rápida visita duas
vezes por semana e a participação na vida escolar dos filhos ajuda e muito;
2.
Fiquem atentos às solicitações dos filhos. Sejam rápidos em atendê-los.
A hora que eles solicitam é a hora que estão necessitando;
3.
Relacionem-se amistosamente com o novo núcleo familiar de seus filhos.
Muito importante é entendermos que a separação é
entre os cônjuges e que os filhos são para sempre em nossas vidas. Lembrem-se de
que os filhos têm direito ao amor dos pais e a um lar acolhedor. Tal ambiente
oportunizará segurança e tranquilidade. Procurem sempre o bem-senso e saibam
que a felicidade é um estado de espírito construído.
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