Você já percebeu o
quanto as crianças são mestras na arte de negociar? Alguma vez você já parou
para pensar no poder que as crianças têm de conseguirem tudo o que elas querem?
Não podemos negar que elas costumam ser surpreendentemente eficazes. Na
verdade, conhecem artimanhas de negociação que deixa, nós, adultos sem alternativas.
Algumas vezes até precisamos, para ter o controle da situação, adotar uma
postura de imposição e autoridade, para não sermos “vencidos” pelos argumentos
dos pequenos.
Existem coisas que
a criança nos ensina de imediato, basta observarmos: ser feliz com qualquer
coisa, encontrar-se sempre ocupada com brincadeiras e entretenimento e exigir o
que deseja. Portanto, as crianças agem com o emocional do adulto e são
formidáveis articuladoras. Dissimulam até conseguir o que querem. Na verdade, é
um pouco do instinto primitivo do humano que ainda não foi “educado” em nossos
valores e regras sociais.
Aproveitando o
conhecimento e habilidades das crianças, temos no mínimo quatro ensinamentos
para utilizarmos em nossa rotina diária. Vamos conhecê-los! A primeira
habilidade é fazer perguntas. As crianças perguntam muito e não fazem
suposições. Querem saber a razão de tudo e são questionadoras, mesmo após já
ter passado a fase dos “porquês”. Questionam se não estão convencidas com a
resposta, questionam de novo o desconhecido. Diferente disso, os adultos fingem
que sabem. Para não ficarem expostos, partem do princípio que já sabem e por
isso não devem ficar perguntando. Quando a criança vai crescendo, é fácil
observar nas salas de aulas que elas vão perdendo essa habilidade. Parece ser
coisa de criança, de imaturidade ficar questionando. Outra habilidade importante, é saber o valor
da insistência. As crianças são insistentes mesmo. Às vezes tornam-se chatas de
tanto que insistem. Elas sabem que quanto mais pedirem algo, maior é a chance
de se conseguir o que deseja. Os adultos desistem muito fácil. Acham humilhante
insistir, pensam que estão “apelando” e por isso não insistem. Obviamente,
conseguem menos que as crianças em uma negociação. Outra habilidade é a
persistência. Provocadas pelo desejo de aprender algo, elas têm essa habilidade
bem desenvolvida. Enquanto não conseguem algo, continuam tentando. Buscam
formas diversas de conseguir, focam no desejo. Apelam, choram, fazem birra e
muitas vezes o resultado é muito bom. Elas nunca desistem ou entregam os
pontos. Elas negociam, trocam o que buscam por promessa de bom comportamento,
mas não renunciam.
Claro que aqui, não
estamos defendendo a teimosia ou a birra. O que levantamos são habilidades que
muitas vezes nós, adultos, não utilizamos. A Psicanálise me ensina muito a pensar.
Quando vejo o quanto que cedo a pressão de meus filhos, percebo claramente que
são bons nos argumentos. Observando o meu “ceder”, é que comecei a atentar-me
para essa reflexão. Precisamos aprender com as nossas crianças. Devemos estar
abertos, sim, para a possibilidade de negociar. Se a argumentação for melhor do
que a nossa decisão, certamente há possibilidade de estarmos equivocados em
nossa decisão. Já pensaram nisso? Se sufocamos e não permitamos que a
argumentação delas tenha alguma validade, não estaremos equivocados? Foi assim,
que comecei a pensar no tema e observar mais os meus filhos.
É assim. Precisamos
aproveitar as habilidades infantis e utilizá-las em nossa maturidade. Imaginem
se conseguirmos ser como as crianças na habilidade de convívio social. Brincar,
brigar e superar, aceitando o perdão do outro. Não discriminar ou excluir, mas
aceitar o outro e suas diferenças. Isso eu aprendi com as crianças. Muitas
vezes nós denominamos essa habilidade de “pureza” infantil. “Eles são puros”, costumamos
falar. Pois é, devemos pensar mais nisso e voltarmos a ser crianças outra vez.
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