sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Aprendendo a negociar com as crianças


Você já percebeu o quanto as crianças são mestras na arte de negociar? Alguma vez você já parou para pensar no poder que as crianças têm de conseguirem tudo o que elas querem? Não podemos negar que elas costumam ser surpreendentemente eficazes. Na verdade, conhecem artimanhas de negociação que deixa, nós, adultos sem alternativas. Algumas vezes até precisamos, para ter o controle da situação, adotar uma postura de imposição e autoridade, para não sermos “vencidos” pelos argumentos dos pequenos.
Existem coisas que a criança nos ensina de imediato, basta observarmos: ser feliz com qualquer coisa, encontrar-se sempre ocupada com brincadeiras e entretenimento e exigir o que deseja. Portanto, as crianças agem com o emocional do adulto e são formidáveis articuladoras. Dissimulam até conseguir o que querem. Na verdade, é um pouco do instinto primitivo do humano que ainda não foi “educado” em nossos valores e regras sociais.
Aproveitando o conhecimento e habilidades das crianças, temos no mínimo quatro ensinamentos para utilizarmos em nossa rotina diária. Vamos conhecê-los! A primeira habilidade é fazer perguntas. As crianças perguntam muito e não fazem suposições. Querem saber a razão de tudo e são questionadoras, mesmo após já ter passado a fase dos “porquês”. Questionam se não estão convencidas com a resposta, questionam de novo o desconhecido. Diferente disso, os adultos fingem que sabem. Para não ficarem expostos, partem do princípio que já sabem e por isso não devem ficar perguntando. Quando a criança vai crescendo, é fácil observar nas salas de aulas que elas vão perdendo essa habilidade. Parece ser coisa de criança, de imaturidade ficar questionando.  Outra habilidade importante, é saber o valor da insistência. As crianças são insistentes mesmo. Às vezes tornam-se chatas de tanto que insistem. Elas sabem que quanto mais pedirem algo, maior é a chance de se conseguir o que deseja. Os adultos desistem muito fácil. Acham humilhante insistir, pensam que estão “apelando” e por isso não insistem. Obviamente, conseguem menos que as crianças em uma negociação. Outra habilidade é a persistência. Provocadas pelo desejo de aprender algo, elas têm essa habilidade bem desenvolvida. Enquanto não conseguem algo, continuam tentando. Buscam formas diversas de conseguir, focam no desejo. Apelam, choram, fazem birra e muitas vezes o resultado é muito bom. Elas nunca desistem ou entregam os pontos. Elas negociam, trocam o que buscam por promessa de bom comportamento, mas não renunciam.
Claro que aqui, não estamos defendendo a teimosia ou a birra. O que levantamos são habilidades que muitas vezes nós, adultos, não utilizamos. A Psicanálise me ensina muito a pensar. Quando vejo o quanto que cedo a pressão de meus filhos, percebo claramente que são bons nos argumentos. Observando o meu “ceder”, é que comecei a atentar-me para essa reflexão. Precisamos aprender com as nossas crianças. Devemos estar abertos, sim, para a possibilidade de negociar. Se a argumentação for melhor do que a nossa decisão, certamente há possibilidade de estarmos equivocados em nossa decisão. Já pensaram nisso? Se sufocamos e não permitamos que a argumentação delas tenha alguma validade, não estaremos equivocados? Foi assim, que comecei a pensar no tema e observar mais os meus filhos.
É assim. Precisamos aproveitar as habilidades infantis e utilizá-las em nossa maturidade. Imaginem se conseguirmos ser como as crianças na habilidade de convívio social. Brincar, brigar e superar, aceitando o perdão do outro. Não discriminar ou excluir, mas aceitar o outro e suas diferenças. Isso eu aprendi com as crianças. Muitas vezes nós denominamos essa habilidade de “pureza” infantil. “Eles são puros”, costumamos falar. Pois é, devemos pensar mais nisso e voltarmos a ser crianças outra vez.


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