segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Educação: quanto mais escolaridade se tem, maior é a ascensão social


A escolaridade se mostra fundamental para a queda da desigualdade e o crescimento da classe média. Dinheiro e posse de bens podem até ser sinais de enriquecimento, mas o que realmente distingue com clareza a classe  social a que o indivíduo pertence é sua escolaridade. Pesquisa Datafolha, divulgada na edição da Folha de S. Paulo em 22 de janeiro de 2012, aponta que os brasileiros que estão no topo da pirâmide social possuem o ensino superior completo. Até na classe média alta predomina o Ensino Médio completo.
Estudos recentes dos pesquisadores Márcio Menezes Filho e Alisson Pablo de Oliveira ( da USP – Universidade de São Paulo e do INSPER – Instituto de Ensino e Pesquisa) revelam que 40% da queda da desigualdade social no Brasil na última década é explicada pela melhoria da escolaridade dos brasileiros. Assim, a Educação é fator determinante para a queda da desigualdade social em nosso país. Não é à toa que no Nordeste, onde se registra a maior parcela de excluídos sociais e, claro, uma enorme desigualdade social, é onde se tem, também, a mais baixa escolaridade em sua população.
Como a educação é o fator que determina a mobilidade social, o “melhorar na vida” está diretamente relacionando com a escolarização de cada um. Sobe na vida quem estuda mais, o que nos leva a entender que a ascensão social se torna possível com educação. Assim sendo, não há mais o que imaginar se não esta ideia: precisamos de educação para que a miséria seja combatida. Como sabemos que a miséria leva à violência, é lógico supor que resolveremos a questão da violência também com a educação. Por isso mesmo é mister que os governantes tratem a educação como prioridade máxima Não precisamos de mais policiamento ou mais presídios; necessitamos é de mais escolas. Povo educado é povo saudável, ordeiro e capacitado para o trabalho.
Mesmo que os brasileiros não tenham escolaridade, a maioria deseja subir na vida. Há entre os diversos retratos sociais a certeza de que a educação é fator fundamental para reter uma vida melhor. Todos têm a percepção do que já é consenso: hoje não é mais possível ascender socialmente sem que haja investimento em educação. O mercado de trabalho é dividido por mão-de-obra qualificada e preparada intelectualmente. Aqui, então, temos um dado interessante: com uma reserva de mão-de-obra qualificada, o país, os estados e os municípios brasileiros passam a atrair mais investimentos de grupos empresariais. A relação é direta: quem tem mão-de-obra mais especializada e mais educada certamente atrai mais investimentos. Essa é outra razão para que os governantes invistam em educação. População educada gera, então, paz social e ainda atrai investimentos que movimentam a economia local. A saída é, de novo, a educação.
Além de valorizarmos a necessidade de investimentos governamentais em educação, devemos também exigir uma boa qualidade de ensino em nossa rede de ensino. Cada vez mais o que diferencia as classes não é apenas o nível de escolaridade, mas a qualidade de ensino recebido. O mercado de trabalho é exigente. Não basta a escolarização; tem que ser de qualidade. Sabendo que a rede particular de ensino recebe mais investimentos na qualidade é de se pensar que a demanda por esse serviço cresça proporcionalmente ao crescimento da renda de cada grupo social. Tanto é verdade que hoje os filhos da classe média baixa são responsáveis por ocuparem 8% das vagas nas escolas particulares, contra 41% dos filhos da classe alta. A classe média intermediária  e média alta ocupam juntas 37% das vagas na rede privada. Os denominados excluídos ocupam 4% apenas dessas vagas. A classe média baixa ocupa 8% das vagas disponíveis nas escolas privadas.
Como  a questão social passa pela educação, nada mais justo que a sociedade exija ensino público de qualidade. Não podemos mais discutir planos de governos, se os mesmos não passarem pela garantia de uma educação pública de qualidade.


Referência: Pesquisa Datafolha – Folha de S. Paulo, caderno especial de 22 de janeiro de 2012.

A EDUCAÇÃO INFANTIL QUE PREPARA PARA A VIDA


A Educação Infantil, em sua concepção pedagógica, tem como proposta preparar a criança para o ingresso no 1º ano do Ensino Fundamental. Por isso, cabe à educação pré-escolar desenvolver nas crianças as habilidades necessárias para o seu desenvolvimento cognitivo e afetivo. Treina-se a coordenação motora, ensina-se a identificar e a copiar letras e números, além de disciplina de organização, hábitos de higiene e, principalmente, relacionamento social. Dessa forma, a Escola de Educação Infantil não é a substituta da mãe, mas sim uma ampliação da família (Winnicott, p. 214).
A proposta de uma educação para crianças de zero a cinco anos surgiu da necessidade das mães em buscar o mercado de trabalho. Dessa forma, a Pré-Escola surge como segmento educacional que teria como função específica a “ampliação para a família”. Winnicott quer, com essa ideia, colocar a escola de Educação Infantil como extensão e ampliação do lar, no que tange a uma acolhida afetiva e confortável, dando aos pequenos alunos uma sólida formação para que possam se adaptar com facilidade à fase alfabetizadora e às demais etapas de seu desenvolvimento. É, nesse contexto, que a Escola de Educação Infantil se depara com dois desafios: educar e cuidar. Dar às crianças condições emocionais e materiais para um saudável desenvolvimento sócio-afetivo. Mas seria só esse o papel de uma Escola de Educação Infantil? Claro que não! Há, nesse ambiente, uma organização pedagógica que alicerça todo o trabalho das educadoras com as nossas crianças. O respeito, a criatividade e o exercício da autossuficiência são aspectos fundamentais. A busca da autonomia e o desenvolvimento integral das crianças são objetivos a serem perseguidos.
A escola de educação infantil e suas educadoras são frequentemente chamadas à reflexão acerca dos objetivos na educação infantil. Há um entendimento comum de que o educando nessa fase de seu desenvolvimento deve sentir-se seguro para poder ampliar as relações sociais, estabelecendo vínculos com outras crianças e adultos, aprendendo a construir uma imagem positiva de si, ao mesmo tempo em que aprende a respeitar a diversidade do mundo em que vive. Mais do que isso, a criança deve ser estimulada a tornar-se autônoma e cooperativa, socializando-se com os demais coleguinhas. Deve-se também oferecer aos pequeninos a possibilidade de manifestarem-se através de múltiplas linguagens (Plástica, Matemática, Oral, Musical, Corporal etc.), e de compreender e comunicar-se com outras crianças e adultos.
Até completar os 06 anos de idade, a criança vive uma das mais complexas fase da evolução humana em todos os aspectos de seu desenvolvimento. É nessa fase que a criança desenvolve a sua afetividade, sociabilidade e habilidades motoras essenciais para a aquisição da escrita. Por isso mesmo, a escola tem que ser mais do que um lugar gostoso. É necessário que seja também um lugar onde haja profissionais qualificados e condições ambientais adequadas, além, é claro, de um projeto pedagógico focado nos educandos infantis.
A educação infantil deve ser realizada em um espaço estimulante, educativo e afetivo e a escola deve ter certeza do que realmente quer com as crianças. Elas devem ser acolhidas com afetividade e cuidadosamente estimuladas a se comunicarem, através das diversas linguagens. A arte, o esporte, a música, a leitura e a escrita, a informática, o inglês, o conhecimento da natureza e da sociedade, a matemática e, acima de tudo, o desenvolvimento das habilidades de aprender a pensar. É isso que deve ser privilegiado em uma escola de educação infantil, tendo como elemento chave o carinho e a compreensão.
Sabemos que a educação ocupa o espaço de esperança na dinâmica da sociedade e que na fase da infância essa esperança ainda é maior. Por isso, as educadoras têm que ter o compromisso com o desenvolvimento global das crianças, partindo da premissa que cada um é um ser dotado de sua própria história e experiência. Cada criança é um maravilhoso universo a ser lido e interpretado.
 A educação de crianças leva-nos a ter como conduta a criança como um terceiro educador. Dessa forma, a sala de aula tem, em “harmonia educativa”, a docente e a criança, que com a sua vivência torna-se a segunda pessoa no processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, ela é parte integrante do processo, tendo uma particular contribuição na construção do conhecimento, cuja prática se dá principalmente no desenvolvimento de projetos complementares, onde as crianças são estimuladas a se expressarem.
Outra forma de expressão importante nas crianças e necessária ao seu desenvolvimento é a brincadeira. Enquanto ações humanas, os jogos e as brincadeiras são situações de interação com o meio cultural e social. O lúdico oportuniza às crianças a organização de valores, regras e raciocínios que são essenciais ao seu desenvolvimento cognitivo e afetivo. Na educação infantil, o brincar ganha então significado mais amplo: o de contribuir para a construção da individualidade e sua expressão no meio sócio-cultural. Assim sendo, é preciso na educação infantil o espaço para o brincar, permitindo a combinação entre a ficção e a realidade. É também no brincar que a criança explora e conhece o mundo físico e afetivo. Por isso mesmo, há entendimento entre os especialistas, no sentido de que a escola de educação infantil tem que estar aparelhada e ambientada para acolher crianças que com segurança irão, nas brincadeiras e jogos, revelarem-se ao mundo.   



Referências:
Elvira Cristina de Azevedo Sousa – Escola de Comunicações e Artes da USP. 
Winnicott, D. W. Pensando sobre crianças. Porto Alegre. Ed. 1. Karwac Books. Londres.

sábado, 3 de dezembro de 2011

“Os pais que me perdoem, mas mãe é fundamental”



O mundo mudou! As mulheres agora estão ganhando mais espaço no mercado de trabalho e, por isso, a “Revolução Sexual” está se concretizando. A família também mudou e os homens ocupam mais e importante espaço na educação dos filhos. Será?
Mesmo com as mudanças no mercado de trabalho, é inegável que a mãe se mantém como a pessoa que mais faz o acompanhamento escolar dos filhos. É fácil constatar isso. Observe a freqüência na reunião de pais e mestres na escola de seu filho e vai notar que o público feminino predomina. Se considerarmos os atendimentos rotineiros na escola, veremos que o número de mães é significativamente maior do que o número de pais que procuram alguma informação sobre a vida escolar dos filhos.
Pesquisa realizada na rede pública e privada de educação, uma pesquisa aplicada pelo SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) que quantificou que os alunos do Ensino Fundamental, em sua maioria, são assistidos pelas mães quando em casa fazem as suas tarefas. 75% no 5º ano e 72% dos alunos do 9º ano afirmavam que as mães ajudam nas atividades que levam para casa. Isso é muito significativo, pois deixa transparecer a pouca participação dos pais.
Levantamento do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos) mostra que a participação das mulheres no mercado de trabalho passou de 39,4% em 1992 para 42,5% em 2002. As mulheres estão mais atuantes profissionalmente, sem, com isso, deixar de continuar a desempenhar o seu papel de mãe, no acompanhamento de seus filhos. Ao contrário, parece-me que os homens perdem espaço no mercado de trabalho e nem por isso estão aumentando a participação em casa, no caso... como pais.
Mas afinal, os pais que trabalham fora têm mesmo dificuldade em acompanhar os filhos em sua educação? Sim, há dificuldades, embora o que gera problema na educação dos filhos não seja o fato de os pais trabalharem fora, mas a forma como administram o seu tempo com os filhos. Pais e mães podem estar próximos dos filhos grande parte do dia, mas distantes afetivamente. Assim, a qualidade da atenção e afeto é mais importante do que a quantidade. Isso ajudou? Mas voltemos à questão inicial.
As mães participam mais por quê? Seria por determinismo cultural ou mesmo disposição de uma “força de sobrevivência” que todos os animais têm? Bem, a questão não é tão simples de explicar e nem pretendo polemizar. O fato é que o pai, embora seja homem, esteja cansado, tenha trabalhado o dia inteiro etc, etc, tem que estar mais presente na educação de seus filhos, ajudando a mãe, que tem mesmo esse instinto (a tal “força de sobrevivência”) mais aguçado do que o homem. A partilha das tarefas e responsabilidades mantém-se por toda vida. A mulher não pode ter jornada dupla e ainda estar sempre animada e contente para receber o “maridão”. Isso sim tem que ser diferente. O homem tem que ajudar a mulher que também trabalha fora de casa. Além de compreensível, tem que ser participativo e mais tolerante. Deve aproveitar-se do fato de a mulher ter jornada fora de casa e aproximar-se mais dos filhos, acompanhando-os nas tarefas e conversando sobre a vida.
As mães são fundamentais, são mais afetivas, e os filhos têm mais aproximação, mas os pais necessitam também de mais entrega nessa relação. Faça isso e verá o quanto é gostoso o convívio com os seus filhos. 
    

Fontes:

1.       http://groups.msn.com/professoressp
2.       www.aprendiz.org.br
3.       Instituto Paulo Montenegro (pela Educação) – www.ipm.org.br
4.       APASE – Associação de Pais e Mães Separados – www.apase.org.br

Necessitamos de uma grande revolução na educação


Em 2009, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura) divulgou o resultado do estudo realizado na educação brasileira intitulado “Professores do Brasil: impasses e desafios”. Como podemos imaginar, o cenário é preocupante. Para minha surpresa, o professor no Brasil representa 84% da força de trabalho do País, ficando atrás dos escriturários com 15,2% da força ocupacional e dos trabalhadores do setor de serviços com 14,9%. A profissão supera, inclusive, o setor da construção civil que detém 4% da força de trabalho ocupada. Somos, então, uma parte significativa dos trabalhadores brasileiros. Contudo devemos nos preocupar em elevar o status do profissional em educação no Brasil.
       Quando pensamos nessa imensa força de trabalho e nos debruçamos no estudo realizado, deparamo-nos com a situação da qualificação desse profissional. Há problemas na qualidade da formação inicial e também na formação contida. O estudo revela que há um “desencontro” entre a formação teórica do professor e a prática de ensino. Não há sintonia entre o academicismo da formação do docente com o conteúdo programático na grade curricular nacional. O professor aprende ensinando aos alunos, pois na sua formação em faculdade e universidades ele ficou “partido” em um academicismo que não tem relação com o que se ensina e como se ensina. Talvez isso possa explicar por que 50% dos educadores em formação dizem não ter vontade de ser professor (querem ir para o bacharelado e pesquisa). E isso, é claro, é complicado.
         Além disso, é preciso repensar que na questão de remuneração do professor há muito o que se fazer mesmo. Salários baixos e jornadas muitas vezes triplas fazem do professor um profissional super atarefado, com pouco tempo para se reciclar e se cuidar. Em sua maioria oriundos de classes sociais mais baixas, esse profissional chega à formação com déficits que na maioria dos casos são intransponíveis. Daí, surge mais um problema, muito observado na rede privada de ensino: há um abismo entre a realidade de vida do professor e a realidade de vida do aluno. É preciso mudar isso! Os professores necessitam de motivação salarial, formação de qualidade que atenda às demandas curriculares e formação continuada que realmente ocorra. É preciso de plano de carreira e piso salarial que atraia mais pessoas e que a carreira de magistério seja mais envolvente. A revolução na educação começará pelo professor!


Referência: Glauco Rodrigues Cortez, Pontifícia Universidade de Campinas. Doutorado em Ciências Sociais.