segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O cuidado com o emocional de nossas crianças

Como pai e educador, tenho procurado sempre aprimorar minhas informações acerca do que tange as várias demandas das crianças. Há, em cada criança, em cada filho, um mundo enorme a ser explorado e conhecido. Cada dia, deparo-me, tanto em casa quanto na escola, com desafios novos em relação às necessidades de cada um, em um universo enorme de crianças.
Aprendi que, observando meus filhos e conhecendo as suas necessidades, aprendizagem, desejos e emoções, acabo por entender melhor a minha escola e as demandas de meus alunos. Funciona mais ou menos assim: diante das observações e acompanhamento de meus filhos, eu acabo entendendo que precisamos ajustar aqui ou ali, mas também entendendo que se faz necessário compartilhar com vocês o meu olhar de pai e educador. Hoje, quero compartilhar um entendimento meu sobre inteligência emocional.
Situações em minha rotina com as crianças em casa me levaram a estudar a inteligência emocional a partir da leitura de Daniel Goleman e sua teoria sobre o que é ser inteligente. A vida familiar é a nossa primeira escola de aprendizado emocional. Aprendemos bem como nos sentimos em relação a nós mesmos e como os membros da família reagem aos nossos sentimentos e às nossas necessidades emocionais. Esse aprendizado emocional não acontece apenas a partir do que os pais falam, mas também a partir dos exemplos que são transmitidos às crianças, nos modelos que são expostos a elas, quando nós, adultos, estamos diante de situações com as quais não é simples lidar. Refiro-me a saber lidar com os sentimentos de nossos filhos, quando os mesmos se colocam diante de nós com algumas problemáticas que para nós é “bobagem”, mas que para a criança é um grande problema.
Diante de situações problemas, alguns pais são talentosos no trato do emocional da criança. Outros, mesmo que se tenha sempre uma justificativa, acabam desastrosas. Ocorre que hoje sabemos, através de várias pesquisas, que a forma como os pais tratam os seus filhos emocionalmente passa a eles poderosos ensinamentos de como devem agir diante de situações problemas que certamente enfrentarão. Portanto, pais emocionalmente inteligentes são aqueles que sabem aproveitar-se do problema para ensinar os filhos a lidar com a dificuldade, com tranquilidade e segurança emocional. Assim, estão ensinando os filhos a terem segurança emocional quando na resolução de seus problemas, em casa ou na escola.

          É fato que eles reproduzem no campo da inteligência emocional o que aprendem nos ensinamentos que receberam de como os adultos lidam com os problemas. Pais que perdem a paciência facilmente com seus filhos, que batem, que negligenciam na disciplina, elevam o tom da voz ao lidar com as crianças não estão ensinando-lhes como lidar com as outras pessoas, diante de uma situação problema. Agora, pais pacientes com os problemas dos filhos, ajudando-os a entender o jogo à sua própria maneira e facilitando-lhe a solução da situação problema, ensinam os filhos a encontrar esse caminho, quando estiverem diante de um problema hoje e no futuro.
Há pais que aproveitam a oportunidade da perturbação do filho para agir como uma espécie de treinador ou mentor emocional (Daniel, página 205). É isso! Devemos ser o treinador, o mentor emocional de nossos filhos. Sinceramente não podemos errar aí. Eu sei que erramos, mas devemos estar atentos para não continuar errando. Para que os pais sejam, então, os “educadores emocionais” de seus filhos é necessário que sejam eles próprios capazes de compreender a inteligência emocional de cada filho. Esse é o nosso desafio! Como sabemos, cada um é um. É mesmo! Não são iguais a irmão, a primos ou a colegas. Não existe isso. O que serve para um poderá não servir para o outro.
Devemos conhecer a “alma” de nossos filhos e saber o que é emocionalmente bem aceito por eles e o que cada um não gosta. Não podemos generalizar a conduta educadora. Devemos aprimorar o nosso conhecimento sobre cada filho, conhecendo melhor a forma de lidar com cada um e, acima de tudo, tendo a consciência de que não adiantará imprimirmos um modelo educador emocionalmente intimidador. Não será bom, pois vamos com isso criar um ambiente que formará adultos que acreditam na intimidação como forma de resolver os problemas. Essa microanálise nos leva a entender que os nossos filhos serão emocionalmente aquilo que os ensinarmos a serem, com conselhos e com modelo.
         À medida que as crianças crescem, mudam as lições emocionais e muda a forma como nós devemos tratar as questões novas. Se começarmos desde cedo a saber lidar com o emocional de nossos filhos, mais fácil será para eles na adolescência e mesmo na fase adulta. O impacto de nossas reações emocionais e da forma como resolvemos os problemas sobre as nossas crianças é muito grande. Em estudos feitos em Universidade de Washington, constatou-se que quando os pais são emocionalmente aptos comparados com os que não lidam bem com os sentimentos, os filhos compreensivelmente se dão melhor. (Daniel, página. 206). Outra coisa interessante é que essas crianças tornam-se mais populares, sabem sair dos problemas na escola sem intervenção da professora e sabem lidar bem com as emoções.
         Pronto! Compartilho com vocês esse aprendizado. Aprendi que preciso melhorar e muito. Espero ter contribuído para torná-los ainda mais eficientes, nessa maravilhosa missão de educar gente.

Referência: GOLEMAN, Daniel (inteligência Emocional. Ed. Objetiva. 10ª Edição, 1995. Rio de Janeiro). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário