Olho o mar distante,
Por entre paredes de vidro
Ao lado do piano de caldas.
Vejo de longe, amendoeiras
Salientes ao vento.
Pessoas que passam,
Anônimas em minha vida.
Ouço borburinhos que vêm das mesas,
São confidências jogadas ao vento.
De meu lado esquerdo,
é a porta que se abre e se fecha...
Gente que sai e que entra,
Enquanto o piano é tocado pelo velho argentino.
Entre um aceno e um olhar,
O tempo se vai, vagarosamente,
Esfoliando a vida, provocando pensamentos,
Sobre o tempo da vida que já foi vivido.
Por algumas horas, ali sentado,
Vejo a vida passando em minha mente,
(deasaforadamente desafiadoura)
É tempo de tudo, há pouco tempo para tudo!
Passam as pessoas...
Gente de todas as gentes que se vão e se vêm,
carregando seus fardos de vida,
Sonhos como os que me rondam.
Na mesa ao lado, sussuros e confidências.
Passa-se o tempo...
O vai e vem dos garcons.
Alguns com andar frenéticos, denunciam a casa cheia.
É verão no equador.
La fora, por entre a parede de vidro,
A amendoeira é tocada pela brisa.
(em um beijo melado de maresia)
Céu azul, se despedindo de um dia de sol.
O piano toca a alma, de quem o toca,
O velho argentino,
cabeça baixa e o olhar perdido no rosto pálido.
E eu...como a alma inquieta ,
buscando a Laje de meus sonhos.
Olho para tudo,
Os olhos correm quase sem controle,
buscando tudo o que se pode ver.
O tempo se passa...
Nos sonhos,
Do mundo que é só meu,
Do sete cortado quando se passa a página escrita,
Somente em minha alma...
A parede de vidro e a tarde engolindo o dia
(que se apagou em minha vista).
No final de tarde ainda penso no que serei,
Escrito com a minha tinta,
Quase pena.
O garçon frenético que ia e vinha,
Deixou por aqui um sorriso, um aperto de mãos.
A noite tomba, vou-me embora.
O mesmo estilho de quando vc era bem novinho. Lindo poema!
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