terça-feira, 25 de setembro de 2012

Família tem que ter envolvimento



Logo no início de agosto, num domingo, eu e minha família decidimos almoçar em um restaurante na Barra Nova. Gostamos dali, à beira da lagoa, onde se tem um bom serviço e uma música deliciosa. Chegamos e logo fomos instalados bem próximos à orla lagunar, onde as crianças puderam brincar, remexendo a areia para encontrar filhotes de caranguejos, enquanto eu e minha mulher deliciosamente curtíamos aquele momento, fazendo planos e compartilhando ideias.
O movimento de clientes saindo e chegando era bem intenso e chamou-me à atenção a aproximação de uma família que chegava. Eram muitos! Ali eu vi três gerações chegando e interessantemente muito juntos. Apoiavam os avós com carinho e muito cuidado. Havia adolescentes que cuidadosamente conduziam o avô, que me pareceu ser cego. A avó, também amparada, puxava o pequeno cortejo em direção à mesa. Acomodados e atendidos, a família me chamava a atenção e muito. Não por outra coisa, mas pela união, afeto e cordialidade entre eles.
O tempo ia passando e entre a atenção dispensada aos meus e à deliciosa conversa com a esposa, mesmo que disfarçasse, o meu olhar era atraído para a família. Foi em um olhar desses que pude testemunhar uma cena de carinho que quero compartilhar, por nos fazer pensar e refletir: o pai dos adolescentes abraçava e carinhosamente apoiava a cabeça no ombro de um filho ainda adolescente. Esse jovem visivelmente recebia o afeto com alegria e retribuía com os braços depositados no ombro do pai. Que cena terna e linda! Um exemplo de amor e sem essa história de “pagar mico”. Uma troca de carinho entre pai e filho.
Esse quadro ainda foi ilustrado com a cena de duas adolescentes que se posicionaram para fotos que certamente seriam postadas em rede social com a legenda: “Domingo Feliz em Família”, ou algo parecido. Que beleza! Só não senti inveja, no sentido mais puro, porque também estava com a minha família e também trocávamos carinho. Que maravilha! Como é bom o amor em família. Como nos consolida como pessoa e como nos dá segurança.
Entre um pedido e outro, um petisco e uma música, o ambiente daquela família me provocou uma inevitável reflexão: No mundo de hoje, estamos negligenciando o amor à família. Entendam... Amamos nossos filhos e esposa/marido, mas estamos sem tempo para eles. Mesmo no domingo, os compromissos sociais, o futebol, o cinema no Shopping, o encontro com amigos e tantos outros pequenos prazeres estão nos tirando de nosso convívio familiar. O domingo não está sendo reservado à família e precisa estar! Quando é que as nossas crianças irão sentir-se acolhidas e seguras? Quando irão trocar afeto com os pais? Durante a semana é trabalho, escola, tarefas escolares, reuniões de trabalho, academia, banco etc. O domingo é para a família. Vamos eleger isso!
Mas não pensem que estamos descobrindo a fórmula mágica, pois sempre foi assim. Não se lembram? Eu não esqueço os meus domingos em família. Havia espaço para tios e primos. Meu pai colocava música, petiscava antes do almoço e eu ia à padaria comprar a coca-cola família. Era minha missão. Escutávamos música (Luiz Gonzaga – meu pai era um Pernambucano apaixonado!) e, no final da tarde, já quase à noite, íamos à Missa na Paróquia. 
Escrevo este ensaio com objetivo único de convidá-los a ter domingos em família. Mas não só isso. Aproveitem esses momentos para realizar, principalmente com os filhos, trocas afetivas que certamente impactarão a vida deles e trarão para vocês uma felicidade enorme. Amem os seus filhos e digam isso a eles. Tenho certeza de que tamanha segurança transforma essas crianças e adolescentes em adultos felizes e futuros pais de família. Estamos Juntos!

Mãe, compra para mim?


Ao assistir  a programas  de TV  com meus filhos,  na hora do comercial, sempre escuto: Pai, compra! A minha esposa também vive essa experiência, e, claro, aproveitamos o momento para educar. É possível que você também tenha crescido numa época em que os presentes só eram dados em datas  especiais: no aniversário, no Dia das Crianças e no Natal.
Os finais de semana e os feriados eram reservados para a tão sonhada coca-cola e doce ou sorvete de sobremesa. Nesses dias,  os meninos brincavam de pique - esconde, jogavam bola, pegavam frutas no quintal do vizinho, subiam em árvores e soltavam pipas. Muitos também brincavam de queimado, mas com receio, pois isso era considerado brinquedo de menina. Ganhar era uma maravilha e pouco se via de TV. Não tínhamos tempo, pois queríamos brincar.
Na época, as meninas brincavam de casinha e de escola. Como se fossem donas de casa, faziam comidinha e cuidavam dos filhos,  suas bonecas, reproduzindo o universo das famílias.
As crianças não tinham uma  educação cheia de vontades. As  mochilas e lancheiras  não eram as da moda. Elas eram usadas enquanto duravam e muitas vezes eram herdadas de irmãos ou primos. Ninguém nos forçava a consumir nada além do que realmente necessitávamos.
Na escola, os professores eram firmes com a gente, e a diretoria... Nossa, que medo! Notas baixas  nem pensar,  e indisciplina na escola... Nossa, o que era isso?  Minha mãe me tomava o ponto diariamente e íamos crescendo assim, felizes.
Hoje, o que mais escutamos dos filhos é marca de roupa, de tênis e de eletrônicos. Querem decidir  o restaurante do final de semana e até a roupa que nós, pais, devemos vestir.
As mudanças aconteceram de forma gritante e, se não tivermos cuidado, perderemos a oportunidade de mostrar aos filhos que a felicidade também está em coisas simples. Não se trata de saudosismo nem quero aqui dizer que a vida era melhor e a das crianças de hoje é pior. Longe de mim! Cada geração tem seu tempo. Mas é importante considerar  os exageros!
É preciso estar atentos a vários aspectos: Como está a disciplina das crianças? Estão recebendo valores éticos e morais? Estão estudando e cumprindo as obrigações? Respeitando as pessoas? Você está seguro quanto à formação de sua criança? Tem oportunizado a ela uma boa acolhida emocional?
É preciso refletir sobre o modelo de educação que estamos dando aos filhos. Queremos que tenham todas as oportunidades, mas também que possuam uma boa “cultura de valores”. Não os queremos  fúteis. Terão tudo o que lhes pudermos oferecer, sabendo  que são privilegiados porque PODEM TER, mas devem ser ensinados desde pequenos que PRECISAM SER.

Assim,  chame-os ao diálogo sempre  e faça-os  valorizar o que conquistam. Tenha certeza de que teremos crianças felizes, seguras e conscientes, que serão adultos também felizes e seguros.

 Fonte: Educação Pública, Biblioteca – comportamento, 2009.
www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/comportamento/0017.html

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Como educar os filhos quando os pais trabalham muito?


Atualmente, é comum encontrarmos famílias em que pai e mãe trabalham. Essa tendência é mundial e não há como mudar. Cada dia mais, o casal tem que trabalhar. Está aí não só o sustento da família, mas a realização de cada um.
Isso faz parte da vida cotidiana,  e é preciso que as famílias aprendam a organizar melhor a rotina com os filhos. Eles necessitam de entender essa nova realidade, mas, para isso, é fundamental que se dê a eles um suporte emocional e uma boa estrutura de apoio.  É aí que entram outras pessoas da família ou funcionários que passarão a ter uma grande importância na vida deles e na nossa! 
 Há muitos casos de pais que não têm nenhum familiar próximo e que são obrigados a deixar os filhos, desde muito pequenos, com babás. Nesse caso, a atenção da mãe e do pai deve ser maior ainda, uma vez que as crianças passarão todo o tempo com alguém que foi criado em universo diferente do nosso e daquele  que desejamos  ter para dar aos nossos filhos.
Essa situação obriga aos pais há encontrarem alguém que possa assumir,  com grande responsabilidade, o compromisso de supervisionar as  tarefas escolares, o banho e a alimentação, garantindo que princípios morais que devem ser trabalhados pela família sejam ensinados aos pequenos. Como se vê, se os pais ficam  muito ausentes da rotina familiar da criança, essa pessoa, seja na figura da  babá ou da secretária do lar, assume o que seria função da família, e  é preciso que os pais tenham a convicção de que, mesmo não estando diretamente com os filhos, as crianças recebem as mesmas orientações que eles dariam, se pudessem estar presentes em sua rotina diária.  Os educadores do lar são os pais e a eles cabem as instruções que certamente deverão ser seguidas sem muita negociação pelas crianças, babás, motorista, secretária do lar etc.
Outro dia, resolvi reler o livro do Dr. Daniel G. Amen, intitulado “O manual de instruções que deveria vir com seu filho”. Esse texto é muito bom, pois nos lembra sempre como devemos cuidar de nossas crianças. O autor é um famoso neurocientista conhecido mundialmente pelos estudos em distúrbios de déficit de atenção (DDA). Ele estudou muito o comportamento de crianças, jovens e adultos e formulou uma tese interessante sobre o comportamento humano, que nos ajuda muito a errar menos na educação de nossos filhos.
Para o pesquisador, o TEMPO é fator fundamental para que pais e filhos estabeleçam um bom relacionamento. Não basta passar algumas horas do dia com os filhos, mas é importante estar presente para eles. Procure não se distrair ao ser solicitado pelos filhos e sempre mostre interesse pelas coisas da vida deles, como escola, atividade esportiva e brincadeiras. Seja, portanto, um bom ouvinte. Eles serão educados a sempre lhe contar as coisas. Que bom! Você e eles estarão mais seguros.
 Seja claro nas expectativas. Diga a eles o que espera de cada um em casa e na escola, mas não seja um “exigente sem meta”, aquele que só cobra e não valoriza. Não deixe que a culpa que sente por trabalhar muito, seja motivo para sempre ceder aos apelos emocionais. Seja pai e mãe, firmes quando necessário.
Nunca substitua amor ou tempo por dinheiro ou presente: seus filhos podem perder a noção de respeito e limite e acharem que o dinheiro pode tudo. Seja consistente ao lidar com as crianças. Escolha, para acompanhá-los no dia a dia, babás mais experientes e maduras. Elas terão que administrar as suas ordens como uma gerente.
A chave do sucesso é a supervisão. Não negligencie. Supervisione sempre se tudo foi feito como desejado e determinado. Eles precisam saber que não poderão burlar as regras. Ressalte mais os pontos positivos do que os negativos. Quando ignorados, os filhos costumam querer chamar a atenção da gente. Nunca esqueça que a disciplina é mesmo tudo de bom. Tenha o controle de tudo e deixe claro que na casa quem manda são os pais. Agora, uma última reflexão: é fundamental cuidar da relação do casal. Os filhos aprendem sobre relacionamento observando os pais. Eles sentem-se mais seguros, quando sentem que o casal vive bem. Fácil, né? É nada! Mas  tenho certeza de que conseguiremos.


Referência: AMEN. G. DR. DANIEL. O manual de instrução que deveria vir com seu filho. Editora Mercuryo LTDA. 2005. São Paulo.

O que é preciso para educar um filho?



Um dia desses, em uma conversa com um amigo sobre várias questões, abordamos temas relativos aos conflitos que os pais vivem, no eterno dilema acerca da educação dos filhos. Nessa conversa, ele me fez uma pergunta inquietante: “O que é preciso para eu educar o meu filho?”. Não foi a 1ª vez que ouvi de amigos essa fala, mesmo depois de 30 anos vivendo no mundo da educação, eu como pai de criança sempre me faço essa mesma pergunta. Não há aqui uma resposta segura. Vi que o meu amigo ficou surpreendido com a minha resposta: “Eu também tenho essa dúvida”.
Meio ressabiado com a minha resposta, ele insistiu: “Que conselho daria os pais de seus alunos?” Nunca dou conselho aos pais, apenas compartilho com eles minhas experiências como pai e educador, respondi. Nas escolas onde trabalhei sempre disse aos pais de alunos que a infância passa rápido demais e, quando menos esperar, seus filhos estarão grandes e não mais o acompanharão e alguns nem o escutarão. Por isso, devem aproveitar o agora e educá-los através de exemplos, que valem mais do que palavras.
Se quer que  seu filho seja um bom leitor, leia para ele e com ele; se quer que seja calmo, não grite com ele; se quer que seja feliz, brinque com ele; se quer que aprenda a amar, ame-o e demonstre a ele o seu amor.  São muitas as coisas que nós ensinamos mesmo sem nos aperceber. Para ensiná-lo a respeitar os outros, mostre a ele o quanto você é educado com todas as pessoas; para ensiná-lo a reivindicar seus direitos, ensine-o a cumprir os deveres, sempre com bons exemplos. Tenha certeza de que é com os pais que eles mais aprendem. Nós somos um grande e importante espelho para nossos filhos. 
No curto espaço da infância e na rápida passagem pela adolescência, há apenas uma coisa a ser feita para que, de fato, eles sejam educados: viver bem saudável com eles, para que possam aprender gostosamente as coisas da vida. Essa convivência será o currículo da vida que ele levará impresso em sua alma para sempre. Tenha certeza que eles aprenderão mais brincando com você do que estudando na escola. Só com o amor verdadeiro e demonstrado é que você terá sucesso na educação dos filhos. O poeta e educador Rubem Alves nos ensina: “A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente”. Por isso, viva o hoje com felicidade ao lado de seus filhos; relaxe; sinta-os com vontade e, com certeza, assim, estarão, como pais, educando-os.