Converso
muito com os pais de nossos alunos. Há encontros muitos agradáveis, em
situações sociais fora da escola. Tenho tido a alegria de conhecer pais e
tornar-me amigo de muitos casais. Na conversa informal com eles, aprendo muito.
Compartilhamos experiências, trocamos impressões acerca do comportamento das
crianças e, claro, chegam a mim situações novas que muito me ajudam a entender o
universo de nossas crianças. Como tenho refletido muito sobre o papel da
família, da escola e as respectivas responsabilidades, os encontros, além de
divertidos e gostosos, me trazem inspiração.
Em um
domingo desses, recebi um casal de amigos e suas crianças que estudam em nossa
escola. Um bate-papo agradável, crianças brincando e a gente ali realizando as
nossas trocas. Um dia de sol maravilhoso e a companhia de pessoas irradiantes.
É impossível não falarmos de nossos filhos, nossas preocupações e, claro,
compartilharmos experiências como pais na educação de nossas crianças. É
interessante observar que na conversa encontramos muitas situações, que “só
mudam de endereço”, pois a questão é a mesma.
Muito
interessante isso. Até escutei de minha esposa, com ar de alívio, um comentário
confortante: “É bom a gente conversar porque daí a gente vê que os nossos
filhos são iguais. A gente fica achando que só a gente tem problemas...” Problemas
aqui, são aquelas coisinhas que conhecemos como birra, teimosia, aproveitamento
escolar etc. Mas é isso mesmo! Os problemas enfrentados pelos pais na educação
dos filhos são muito similares. Afinal, vivemos em um mesmo contexto, em uma
mesma sociedade e em uma mesma escola. Tudo fica muito igual mesmo, até os “problemas
de nossos filhos”. Por isso, conversar sobre as nossas experiências é muito
interessante.
Nesse
encontro tão delicioso, entre degustações e risadas, o amigo exteriorizou uma
certa “frustração” por sentir que às vezes parece que os filhos não valorizam o
que oferecemos a eles. Concordei na hora. Sinto a mesma coisa e cobro a
valorização deles por terem recebido um presente, uma viagem desejada ou até
mesmo um almoço em um restaurante encantador. Só que, a exemplo do que acontece
com o amigo, os filhos recebem o que damos com muita naturalidade. Concluímos:
estão tão acostumado a ganhar tudo que valorizam pouco. Pois é... A culpa é
deles? Não seria ansiedade nossa? Estamos oferecendo realmente mais do que
necessitam ou mesmo desejam?
Meus caros
amigos, realmente temos que nos questionar! Às vezes (tenho certeza disso!) por
querer agradar e muito e oferecer todas as oportunidades, nós estamos é
exagerando na medida. Damos tanto, que as crianças passam a ter outro
referencial e valorizam menos o que tanto têm. A época era outra, o país era
outro, mas me lembro que lá em casa, presentes e viagens só aconteciam na hora
certa. Nem adiantava chorar. Verdade! Mas também sabemos que o mundo de nossos
filhos não é o mesmo mundo da gente e também que nós não somos os nossos pais.
Tudo mudou.
Nossos
filhos, são da “Geração Z”. É uma definição sociológica para os nascidos desde
a segunda metade na década de 90 até os dias de hoje. Nasceram no “boom” da
criação dos aparelhos tecnológicos. Os que gostam é de “zapear” canais de TV
por assinatura, navegar na internet, brincar de Vídeo Game, mp3 Player e tudo o
mais que inventaram. Diferente da gente, né? Pois é... muito diferentes. Será
que estamos acompanhando? Não poderemos vencer essa geração? Claro que não! O
mundo é deles, para eles e por eles. O que poderemos fazer é compreendê-los,
amá-los e respeitá-los. Não valorizam, ou parece que não, por terem com as
oportunidades, uma relação diferente. Estão acostumados aos confortos de um
Brasil que cresceu e que nos deu melhores condições de vida.
Então, vamos
relaxar um pouco e procurar a melhor forma de nos relacionarmos com os nossos
filhos. Continuo vigilante, explicando a eles o mundo e suas contradições;
dizendo a eles o quanto é importante valorizar tudo e agradecer a Deus.
Contudo, mais amadurecido na questão, entendo que eles precisam viver o mundo
na ótica deles e enxergar a vida através de suas lentes e não das minhas. Sou
de outra geração e tenho a obrigação de entender o mundo deles, as expectativas
deles e os anseios que os rondam. Peço a Deus luz para que em nossa caminhada
como família e escola, encontremos sempre pessoas que, com sua experiência, nos
ajudem a enxergar melhor o nosso mundo. Que sejamos felizes!
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