A
criança e o adolescente não encaram o sexo como um “bicho de sete cabeças”.
Normalmente vão despertando para o assunto na proporção exata do que vai se
tornando curioso para ele o assunto. Naturalmente e de acordo com a faixa
etária, vão elaborando questionamentos, cujas respostas, tenham certeza, são
menos complexas do que geralmente elaboramos. O excesso de cuidado nas
respostas acaba tornando-as tão complexas que a criança não entende. A coisa
certa está em não se antecipar às perguntas das crianças e nem se eximir de
respondê-las, quando elas chegam. O importante é a relação de confiança que os
filhos tem com os pais. Aí sim é que está a base de tudo. A criança tem que
sentir que não há assunto proibido em casa. Essa certeza dá a ela a confiança
necessária para se sentir a vontade com a família.
Geralmente,
é no meio de uma conversa que a criança ou adolescente comenta algo que ouviu
falar na escola ou que viu na convivência com os colegas. O importante é termos
uma reação de naturalidade, sem manifestar surpresa e menos ainda incômodo.
Devolva a pergunta à criança, a ponto de entender o que ela exatamente está
falando e o que de fato quer saber. Veja a profundidade da questão para não
exagerar na resposta. Lembre-se de que uma reação de incômodo, um sentimento de
angústia, uma reação marcada por ansiedade são percebidas pela criança e isso
pode mexer com o seu inconsciente, provocando a percepção de algum significado
que se quer é real. Daí o perigo da “fantasia da curiosidade não saciada”.
Se
responder às questões das crianças é tão importante, não é menos importante
responder com sinceridade. Assim, a criança sente que pode confiar nos pais.
Portanto, nada de invenções e mentirinhas. Vale a verdade, posta na altura da
compreensão da criança e do adolescente. Lembre-se de que eles estão
estimulados pela mídia e pelos colegas, portanto, eles estão no mundo real e
não no imaginário e inocente como gostaríamos. Para a tranquilidade de todos,
saibam que a sexualidade faz parte de nossa vida desde a infância. Por isso, é
normal que as crianças queiram saber a respeito e que brinquem imitando os
adultos com cenas de programas de TV ou filme a que estão expostos. Não pense
que seja um sintoma de desvio de comportamento, mas o “descobrir” da
sexualidade em seu tempo e, claro, a sua hora.
Em
seu desenvolvimento, é muito comum que, a partir dos quatro, cinco anos, ou até
antes, a criança manifeste curiosidade pelos órgãos sexuais de outras crianças
ou de adultos, ou até façam alguma brincadeira que envolva a sexualidade. Fique
certo de que o que a criança vive não é o que um adulto viveria na mesma
situação. Por isso mesmo, não é oportuno assustarmos a criança com reações
exageradas. O melhor é desviar a atenção da criança para outras brincadeiras.
Sei que não é fácil. Eu mesmo já mostrei surpresa e assustei uma filha que
inocentemente apontava a gravidez de uma boneca. Vamos ter calma, procurar
entender e nos preparar para educarmos nossos filhos com carinho e respeito.
Fácil? Não é mesmo, mas precisamos estar abertos para que nossas crianças e
adolescentes cresçam felizes e seguros. Se quiserem saber mais, leiam o livro Perguntas a um Psicanalista, de Roberto
Girola, Ed. Ideias e Letras. Certamente irá ajudar muito.
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