Paula (nome fictício)
é uma linda garota de 10 anos de idade, estudiosa e com bom relacionamento
interpessoal com as colegas. Porém, Paula veio a mim mais de uma vez com a
mesma queixa: dor de cabeça, uma enxaqueca crônica, rebelde, que resiste aos
analgésicos. Devido à intensidade das queixas e às ocorrências sucessivas em
função da enxaqueca, orientei a família a fazer exames neurológicos, o que foi
prontamente atendido. Os resultados vieram para as minhas mãos. Paula não
apresentava nenhuma alteração. Aí, não tive dúvidas... Paula somatizava como
forma de querer chamar atenção dos familiares. A questão está no emocional, no
psíquico, em algum problema de fórum íntimo.
Assumi para mim a
tarefa de orientar aos pais. Tracei o perfil de Paula e a rotina familiar. Não
foi difícil observar que a garota estava em uma zona de desconforto, diante do
relacionamento com os irmãos e a carência e a atenção da mãe. Não faltava amor,
na essência da palavra, principalmente aos olhos da mãe. O que estava óbvio era
a necessidade de um ajuste na forma como se relacionava com os irmãos e,
principalmente, com a mãe. O pai era o esteio de Paula e, portanto, nesse caso,
a questão não passava na relação com a figura paterna.
O trabalho é
simples, e aqui compartilho com vocês, para que possa servir de ajuda no caso
muito comum e simples, onde crianças somatizam, apresentando um mal-estar
orgânico, cuja raiz está no emocional e não no seu corpo. Muitas vezes, o que
não podemos expressar com palavras é expresso através do corpo.
Vamos, então,
compartilhar. O mais importante agora é deixar de lado as defesas, o senso de
responsabilidade e de autoridade de pai e mãe e se perguntar: tenho dado aos
meus filhos a atenção devida? Sou amigo (a) de meus filhos e estou sempre
disponível para ouvi-los? Sou do tipo que diante de um problema envolvendo o
(a) filho (a), já saio responsabilizando-o pelo ocorrido? Dou chance para que
fale, ou só quem fala sou eu?
Pois é, nos
diversos casos em que a criança ou até mesmo o adulto somatiza, a questão passa
pelas respostas a esses questionamentos. Criança triste, insegura e com
autoestima baixa é criança que apresenta quadro de doença desenvolvida por
conta de ansiedade e sensação de isolamento, mesmo tendo um lar e familiares.
Na pré-adolescência e na adolescência, é a fase onde se instaura quadro de
anorexia e bulimia. Precisamos estar atentos. Se a situação tornar-se crítica,
certamente necessitaremos de ajuda de profissionais, mas o melhor mesmo é não
deixar que se instale um quadro de doença psico-somática.
Qual é a melhor dica?
Responda aos questionamentos acima e encontre a melhor forma de se relacionar
com os filhos. O que é bom para um não é bom para o outro. O que parece ser
adequado a um pode ser problema para o outro. Portanto, tenha paciência e
encontre a melhor forma de conhecer melhor cada um e, principalmente, dê a cada
um a atenção que lhe sirva como bálsamo. Fácil? É não! Mas nunca disse que
educar seria fácil.