Tem sido cada vez mais comum nos
atendimentos que fazemos ouvir dos pais queixas sobre a desobediência dos
filhos. É voz corrente a reclamação: “as crianças de hoje são mais
indisciplinadas e difíceis de lidar”. Diante da dificuldade de educar, de fazer
com que os filhos ouçam os pais, as famílias têm sofrido e muito no que se
refere à harmonia do lar. Às vezes, até mesmo o casal não se entende quanto à
educação dos filhos. Nessa divergência é que se instalam as “janelas” por onde
as crianças (e principalmente os adolescentes) escapam. E acabam fazendo o que
querem, muitas vezes errado.
Para que tenhamos adolescentes obedientes e
responsáveis, é fundamental que os pais ou os responsáveis pela formação
educacional de um indivíduo, em especial da criança, comece a ensinar-lhe o que
é certo e a discipliná-lo em casa, ainda bem cedo. Essa orientação é importante
para que a criança se situe e conheça as regras do bom convívio e da boa
relação.
Muito do que serão na escola e na rua
certamente será reflexo do que estão trazendo de casa. Vamos lembrar que a
criança ao nascer é como um livro em branco. Quem irá escrever a história desse
ser humano é a família e a escola. A família com amor e com valores; a escola
com conhecimento e regras sociais que reproduzem as leis de nossa sociedade. A
família ensinando o amor a Deus e ao próximo, a escola ensinando sobre cultura,
relação social e esporte. Em uma única coisa, família e escola se encontram
quanto à responsabilidade: disciplina e organização. Aí estamos juntos!
Considerando que nenhuma pessoa é educada
de uma hora para outra, temos que ter muita paciência (e muita parceria com a
escola) e sabedoria para termos sucesso com as nossas crianças. Como ninguém
gosta de crianças desobedientes e de adolescentes “rebeldes sem causa”, o que
devemos fazer, como devemos agir para que desde bem cedo consigamos estabelecer
a disciplina em casa?
A primeira coisa a saber é que pai e mãe
são as autoridades para os filhos. Não existe esse negócio de querer se igualar
tanto aos filhos, ao ponto de as crianças e os adolescentes ficarem sem norte.
Pai e mãe são os que colocam o norte em casa. Nada mudou em relação a isso na tão
falada “educação moderna”. Não deixe de, nem por um minuto, deixar claro aos
filhos que a orientação na família é dada pelo pai e pela mãe. Por isso, essa
orientação não pode ser divergente e contraditória. Se um discorda do outro e
na frente das crianças... Complicou e muito! Não abram mão de serem educadores
de seus filhos. Não são os avós nem os professores que educam. Quem orienta e
educa são os pais!
A segunda coisa a saber é que devemos educar
sem culpa! Você está autorizado a educar. É bíblico o seu papel; assim como é
bíblico o dever dos filhos de amar e respeitar pai e mãe. Nada de tentar
compensar a pouca presença com superproteção ou mimos. Não tolere birra ou
qualquer artimanha da criança. Se a criança sentir que tem culpa no ato
educativo, ela vai desenvolver comportamento manipulador, defende a psicanalista
Patrícia Nagawa (USP – Depto. de psicologia escolar).
A terceira coisa importante é criarmos um
bom vínculo afetivo com nossos filhos. Brinque, demonstre carinho e garanta
atenção. Não é preciso de muito tempo, apenas um pouco de tempo quando você
chega em casa. Mas faça isso diariamente. Um pouco de atenção todos os dias
basta.
A quarta coisa importante é entendermos que,
diante da birra, é preciso aguentar firme. Corrija, não fique com receio dos
olhares dos outros, caso esteja fora de casa. Não são eles que educam os seus
filhos. Eles nem os conhecem! Tudo é com você! Não ameace, não bata ou humilhe
a criança. Desvie a atenção dela e a acolha nos braços. Mas não ceda!
Estão aí quatro dicas simples e seguras.
Não parece orientação de educador ou psicanalista, não é? Parece mesmo dica de
métodos antigos e que sempre funcionaram. Pois é! Não precisamos de inventar
nada, apenas resgatar métodos que sempre funcionaram.
Na casa da gente, não era assim? Orientação de
meus pais era uma ordem a seguir. Eu e meus irmãos cumpríamos com segurança,
pois sabíamos que os pais queriam o nosso bem. Sempre foi assim, na infância e
na adolescência. Eu aprendi assim. E você?
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