terça-feira, 24 de setembro de 2013

Criança que somatiza está pedindo ajuda


Paula (nome fictício) é uma linda garota de 10 anos de idade, estudiosa e com bom relacionamento interpessoal com as colegas. Porém, Paula veio a mim mais de uma vez com a mesma queixa: dor de cabeça, uma enxaqueca crônica, rebelde, que resiste aos analgésicos. Devido à intensidade das queixas e às ocorrências sucessivas em função da enxaqueca, orientei a família a fazer exames neurológicos, o que foi prontamente atendido. Os resultados vieram para as minhas mãos. Paula não apresentava nenhuma alteração. Aí, não tive dúvidas... Paula somatizava como forma de querer chamar atenção dos familiares. A questão está no emocional, no psíquico, em algum problema de fórum íntimo.
Assumi para mim a tarefa de orientar aos pais. Tracei o perfil de Paula e a rotina familiar. Não foi difícil observar que a garota estava em uma zona de desconforto, diante do relacionamento com os irmãos e a carência e a atenção da mãe. Não faltava amor, na essência da palavra, principalmente aos olhos da mãe. O que estava óbvio era a necessidade de um ajuste na forma como se relacionava com os irmãos e, principalmente, com a mãe. O pai era o esteio de Paula e, portanto, nesse caso, a questão não passava na relação com a figura paterna.
O trabalho é simples, e aqui compartilho com vocês, para que possa servir de ajuda no caso muito comum e simples, onde crianças somatizam, apresentando um mal-estar orgânico, cuja raiz está no emocional e não no seu corpo. Muitas vezes, o que não podemos expressar com palavras é expresso através do corpo.
Vamos, então, compartilhar. O mais importante agora é deixar de lado as defesas, o senso de responsabilidade e de autoridade de pai e mãe e se perguntar: tenho dado aos meus filhos a atenção devida? Sou amigo (a) de meus filhos e estou sempre disponível para ouvi-los? Sou do tipo que diante de um problema envolvendo o (a) filho (a), já saio responsabilizando-o pelo ocorrido? Dou chance para que fale, ou só quem fala sou eu?
Pois é, nos diversos casos em que a criança ou até mesmo o adulto somatiza, a questão passa pelas respostas a esses questionamentos. Criança triste, insegura e com autoestima baixa é criança que apresenta quadro de doença desenvolvida por conta de ansiedade e sensação de isolamento, mesmo tendo um lar e familiares. Na pré-adolescência e na adolescência, é a fase onde se instaura quadro de anorexia e bulimia. Precisamos estar atentos. Se a situação tornar-se crítica, certamente necessitaremos de ajuda de profissionais, mas o melhor mesmo é não deixar que se instale um quadro de doença psico-somática.
Qual é a melhor dica? Responda aos questionamentos acima e encontre a melhor forma de se relacionar com os filhos. O que é bom para um não é bom para o outro. O que parece ser adequado a um pode ser problema para o outro. Portanto, tenha paciência e encontre a melhor forma de conhecer melhor cada um e, principalmente, dê a cada um a atenção que lhe sirva como bálsamo. Fácil? É não! Mas nunca disse que educar seria fácil.


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