quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Timidez na infância e na pré-adolescência


Até por volta dos 5 e 6 anos de idade, a criança está totalmente voltada para a família. O seu mundo é do tamanho da dimensão do lar e seus pais e irmãos, quando os têm, são à base de sua relação interpessoal. É no seio da família que ela se realiza como pessoa. A partir da ida da criança para a escola (algo que tem acontecido cada vez mais cedo), a criança é chamada a ampliar o seu meio social. Ela começa a conviver com os colegas, com a professora e com o “mundo novo” que se vislumbra diante dela. É o mundo externo, fora de casa, que ela começa conhecer.
Em contato com esse “mundo novo” a criança, e da mesma forma, guardando as devidas proporções, o adolescente, irá ter a percepção deste mundo e se relacionar com ele, a partir da experiência que teve no seu “mundo lar”. É aí que entra a questão da timidez. A timidez denuncia que a criança e o adolescente estão vendo o “mundo novo” como uma forma de ameaça. Algo que provoca insegurança. Seria uma forma de defesa, um recalque à necessidade de ter que se posicionar diante de um mundo muito diferente daquele em que vivia. Explico um mundo com pais ansiosos, excessivamente protetores e por demais cuidadores de seus filhos na infância podem gerar nos filhos dificuldades com o “mundo novo”. Pode acontecer também com as crianças, cujos pais fazem tudo por ela. A criança se sente insegura e não consegue ser original.
Pais muito rígidos, exigentes e excessivamente disciplinadores também podem levar ao mundo da criança e do adolescente a timidez. É preciso estar atento a isso. As crianças quando se relacionam no “mundo novo”, fora da família, podem achar que todos ali são tão severos como os pais e, diante dessa intimidação, fecham-se como defesa. Eu particularmente tenho pensado muito nisso. Muito mesmo!
Em um mundo cada vez mais competitivo, as crianças e os adolescentes tímidos necessitam de resgatar o seu valor. Eles devem ser estimulados a agirem por si mesmos e aprenderem a lidar com os desafios. Para tanto, cabe aos pais uma relação mais aberta com os filhos a ponto de transmitir a eles segurança o suficiente para que se sintam capazes de olhar no olho do outro. Agora, se a timidez for tão severa a ponto de a criança ou de o adolescente não conseguir se expressar em nenhum grupo, nem com os colegas da escola, aí, então, estamos diante de um caso que exigirá acompanhamento, ajuda profissional.
O que tenho a dizer a vocês é o seguinte: deem autonomia a seus filhos, mantenham um diálogo aberto e elevem a autoestima deles a ponto de fazê-los confiantes. Acompanhem a sua rotina, mas não interfiram a ponto de se tornarem pais superprotetores e dominadores. Não sejam severos. Organização e disciplina não se conquistam com severidade. Mostrem a seus filhos que vocês são amigos deles. Transbordem amor e confiança. Com tudo isso, eles serão “donos de si”. Eu aprendi isso mais recentemente e estou vendo que, de fato, é assim que funciona.

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