Até
por volta dos 5 e 6 anos de idade, a criança está totalmente voltada para a
família. O seu mundo é do tamanho da dimensão do lar e seus pais e irmãos,
quando os têm, são à base de sua relação interpessoal. É no seio da família que
ela se realiza como pessoa. A partir da ida da criança para a escola (algo que
tem acontecido cada vez mais cedo), a criança é chamada a ampliar o seu meio
social. Ela começa a conviver com os colegas, com a professora e com o “mundo
novo” que se vislumbra diante dela. É o mundo externo, fora de casa, que ela
começa conhecer.
Em
contato com esse “mundo novo” a criança, e da mesma forma, guardando as devidas
proporções, o adolescente, irá ter a percepção deste mundo e se relacionar com
ele, a partir da experiência que teve no seu “mundo lar”. É aí que entra a
questão da timidez. A timidez denuncia que a criança e o adolescente estão
vendo o “mundo novo” como uma forma de ameaça. Algo que provoca insegurança.
Seria uma forma de defesa, um recalque à necessidade de ter que se posicionar
diante de um mundo muito diferente daquele em que vivia. Explico um mundo com pais
ansiosos, excessivamente protetores e por demais cuidadores de seus filhos na
infância podem gerar nos filhos dificuldades com o “mundo novo”. Pode acontecer
também com as crianças, cujos pais fazem tudo por ela. A criança se sente
insegura e não consegue ser original.
Pais
muito rígidos, exigentes e excessivamente disciplinadores também podem levar ao
mundo da criança e do adolescente a timidez. É preciso estar atento a isso. As
crianças quando se relacionam no “mundo novo”, fora da família, podem achar que
todos ali são tão severos como os pais e, diante dessa intimidação, fecham-se
como defesa. Eu particularmente tenho pensado muito nisso. Muito mesmo!
Em
um mundo cada vez mais competitivo, as crianças e os adolescentes tímidos
necessitam de resgatar o seu valor. Eles devem ser estimulados a agirem por si
mesmos e aprenderem a lidar com os desafios. Para tanto, cabe aos pais uma
relação mais aberta com os filhos a ponto de transmitir a eles segurança o
suficiente para que se sintam capazes de olhar no olho do outro. Agora, se a
timidez for tão severa a ponto de a criança ou de o adolescente não conseguir
se expressar em nenhum grupo, nem com os colegas da escola, aí, então, estamos
diante de um caso que exigirá acompanhamento, ajuda profissional.
O
que tenho a dizer a vocês é o seguinte: deem autonomia a seus filhos, mantenham
um diálogo aberto e elevem a autoestima deles a ponto de fazê-los confiantes.
Acompanhem a sua rotina, mas não interfiram a ponto de se tornarem pais
superprotetores e dominadores. Não sejam severos. Organização e disciplina não
se conquistam com severidade. Mostrem a seus filhos que vocês são amigos deles.
Transbordem amor e confiança. Com tudo isso, eles serão “donos de si”. Eu
aprendi isso mais recentemente e estou vendo que, de fato, é assim que
funciona.
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