A
frase que dá título a este ensaio é do cientista Francisco Varela, da Escola
Politécnica de Paris. Segundo ele, o corpo percebe a si mesmo reconhecendo o
que faz parte dele e o que não faz. Por isso, possuímos células em nosso
sistema imunológico que, reconhecendo a presença de células estranhas em nosso
organismo, promovem um ataque para nos proteger do “invasor”, seja vírus,
bactéria etc. Se não há esse reconhecimento e ataque, instala-se a doença.
Em
1974, uma descoberta na universidade de Rochester redesenhou o mapa fisiológico
do corpo. O Psicólogo Robert Ader descobriu que o sistema imunológico, tal como
o cérebro, era capaz de aprender. Com essa descoberta, cientistas puderam
entender que emoção e corpo não eram entidades separadas, mas interligadas.
Portanto, o nosso corpo sente quando as nossas emoções não estão organizadas.
As emoções podem ser tóxicas para o nosso organismo, pois o sistema imunológico
não reconhece, nessa desorganização, a ação de corpos estranhos e, consequentemente,
não consegue combater essa autoagressão do próprio organismo. Mas, por que
estou falando nisso? O que isso tem a ver com a vida educacional de meu filho?
Pois é, tem a ver sim.
Têm
sido crescentes entre crianças e adolescentes queixas de dores e quadro de
sintomas, sem que, de fato, esteja instalada uma doença. É somatização. E isso,
com certeza, pode estar sendo, uma denúncia inconsciente de que algo não está
bem com o emocional dessa criança. Se não está bem emocionalmente, certamente
teremos desencadeado problemas na aprendizagem e na relação interpessoal com
professores e colegas.
O
objetivo aqui não é de “terapeutizar” a questão posta, mas alertar aos
familiares que vivemos em todo o mundo um momento em que os afazeres da vida
nos têm tirado de casa e nos levado, em muitos casos, a afrouxarmos no cuidado
emocional de nossos filhos. A busca por tudo que a mídia nos diz de ter e ser
nos leva a focarmos em metas e objetivos que nos tiram a atenção àqueles que
nos cercam. Por isso, torna-se necessária, e muito, essa reflexão: estou
mesmo(a) atento(a) ao emocional de meus filhos? Como tenho agido com o afetivo
de cada um? Eu tenho dado atenção necessária e carinho de qualidade a eles?
Tenho sido recorrente nessa questão, pois tenho observado que muito tem
crescido o número de alunos necessitando de mais carinho e mais cuidado dos
pais.
Antoine
de Saint-Exupéry, em seu magnífico livro O
Pequeno Príncipe, nos ensina que é com o coração que se vê corretamente; o
essencial é invisível aos olhos. Nós conhecemos a nós mesmos e ao outro através
das emoções. Por isso mesmo é que me dirijo a você no sentido de compartilhar
esta questão: somos sujeitos a todo tipo de dor se não estamos sendo ouvidos, compreendidos
e seguros. Assim, o que temos que nos preocupar em garantir aos nossos filhos é
a “segurança emocional”, que lhe dará a força para desenvolver uma autoestima
elevada e, claro, todos os benefícios emocionais que ela garante.
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