segunda-feira, 30 de março de 2015
Pais separados: filhos problema?
Nós que vivemos a rotina escolar, escutamos
muito a frase: “Filhos de pais separados são problemáticos”. A nossa
experiência aponta para o seguinte: Há, mesmo, entre as crianças de pais
separados muita inquietação, mas isso não é, e não pode ser, regra geral.
Entendo que crianças apresentam algum tipo de problema em várias situações e
que nem sempre tem a ver com o fato de seus pais serem separados. Já atendi
famílias constituídas, cuja criança apresenta algum tipo de problema. Atendo
também pais separados, cuja boa relação e convívio com os filhos garante um
ambiente saudável, mesmo que juridicamente não constituído como família.
Vamos entender... famílias que,
independentemente de seus status jurídico, não assumem verdadeiramente os seus
filhos, estão sujeitas a situações emocionais ou de indisciplina com os seus
filhos. Se a família é juridicamente e socialmente constituída, mas não há
entre os membros respeito, confiança, diálogo e entrega, de nada adianta para
as crianças essa constituição familiar. Brigas, desentendimentos e falta de
diálogo entre pais socialmente e juridicamente casados podem provocar
insegurança e desequilíbrio emocional nos filhos. E casais juridicamente
separados, mas unidos na boa criação dos filhos, mesmo não coabitando sob o
mesmo teto, podem sim gerar as condições emocionais adequadas para o bom
desenvolvimento psíquico dos filhos. Conheço pais separados que agem como pais
que amam os seus filhos e cooperam para que tudo corra bem. Conheço casais que
convivem dia-a-dia com os filhos e que não têm essa mesma convergência. O
conforto emocional não falta às crianças e, por isso, elas se sentem seguras e
realizadas. Chegam à maturidade emocional a ponto de conviver com o namorado da
mãe, a namorada do pai, com muita tranquilidade. Uma relação de amor e respeito
nunca pode ser ameaçadora.
Não posso deixar sem registro que há, de fato,
em casais separados uma tendência maior em não oportunizar conforto emocional
aos filhos. Brigam, disputam e colocam os filhos no centro do problema. Aí sim,
fica complicado e muito. Então, qual é, afinal, a resposta a essa questão que
dá título a este artigo? O que posso dizer com toda honestidade é que há mais
possibilidades de filhos de pais separados apresentarem problemas, não pelo
fato de eles serem separados, mas por eles
não lidarem bem com essa separação. Isso sim é que precisa ser resolvido
entre os adultos. Relações mal resolvidas provocam impactos terríveis nos
filhos. Vamos lembrar sempre que os laços do casamento podem ser defeitos, mas
o compromisso e o amor com os filhos é incondicional. Por isso, tenhamos esse
cuidado. Brigas em casa, “jogo emocional” com os filhos e falta de diálogo com eles
geram problemas. Nós, pais, adultos e racionais que somos, temos que saber que
deveremos fazer sempre um enorme esforço para superarmos as amarguras e
conversar sobre a melhor solução para os nossos problemas. Claro, um terá que
dar o primeiro passo, se a separação for difícil (e sempre é) ou quando
permanecem em um “casamento ruim”. É preciso focar na ideia de que os filhos
são o nosso objetivo e necessitam crescer acolhidos emocionalmente.
Por conviver diariamente com crianças e
adolescentes e como educador e pai, o que desejo é que nossos alunos e filhos
sejam felizes e que encontrem um caminho livre de traumas para que possam ser
felizes. Afinal, qual é mesmo o nosso objetivo enquanto pais e educadores?
segunda-feira, 23 de março de 2015
A hiperatividade: TDAH, é o que temos.
A pauta de hoje nas escolas em todo o
mundo é o transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, diagnóstico
conhecido em crianças que apresentam um estado de extrema excitação que se
manifesta através de um comportamento inquieto. As crianças que sofrem dessa
síndrome apresentam sintomas bem característicos: demonstram dificuldade de
concentração no que estão fazendo (brincadeiras, refeições, tarefas escolares
etc.); espalham brinquedos por toda a casa; esbarram e pisam em objetos;
derrubam coisas; interrompem a conversa dos outros; metem-se em confusão
constantemente e até mesmo apresentam agressividade. Estão sempre irritando-se
facilmente e também irritando os outros. Na escola, ficam frequentemente em
evidência e, se não estão devidamente diagnosticados, são considerados como
bagunceiros e indisciplinados.
O TDAH é um transtorno neurológico, de
causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o
indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção,
inquietude e impulsividade. Ele é reconhecido oficialmente pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, não é caso de inclusão e seus portadores não
são protegidos pela legislação. No Estados Unidos, os portadores de TDAH são
protegidos por lei e as crianças recebem tratamento especial na escola.
Geralmente, o TDAH na infância se
associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais
e professores. As crianças são tidas como “avoadas” e “vivendo no mundo da
lua”. Na fase adulta, manifesta-se a desatenção para as coisas do trabalho,
inquietação, impulsividade, tornando esses adultos pessoas com dificuldade no
exercício da profissão, no relacionamento amoroso, no trânsito e na rotina
familiar. A tendência natural em crianças e adultos portadores de TDAH é
isolamento social, angústia e um eterno cansaço. A comunicação com um hiperativo
é difícil, pois ele parece não prestar atenção, o que gera um ambiente tenso e
ansioso em seu convívio social. Por não entenderem o que de fato se passa, é
comum julgarem os portadores como pessoas com desvio de caráter. Vejam que isso
é sério e necessita de tratamento.
O que fazer? Primeiramente consultar
um especialista. Os psiquiatras e psicólogos são os indicados para o
diagnóstico. Educadores costumam identificar e orientar a família a buscar ajuda.
As crianças diagnosticadas iniciarão o tratamento com o suporte de uma equipe
multidisciplinar e também dos educadores. A escola deve ter acesso ao laudo
médico para ajustar a rotina do aluno ao projeto pedagógico, bem como observar
e ter ações precisas, pois afinal as crianças portadoras de TDAH necessitam de
atenção, mas também de limites que ajudem a organizar o mundo externo. Os pais
verão aos poucos que o limite ajuda e muito a criança a se organizar e viver
melhor no seu grupo social. Também, é claro, os educadores estarão com
prontidão para evitar distrações e ajudar as crianças em seu processo de
aprendizagem.
Agora veja uma coisa importante... se
a sua criança está apresentando esses sintomas, não se aflija. Procure o Serviço
de Orientação Educacional da Escola (SOE). As Psicopedagogas são especialistas
em “ter um olhar” especial para essas crianças. Não esconda da escola nada,
somos parceiros. Por isso, confie! Siga as nossas orientações, caminhe em
parceria conosco e certamente atingiremos o sucesso. Os profissionais de saúde
estarão prontos a ajudar e todos juntos resolveremos os problemas e encontraremos
o equilíbrio. Sabe, a nossa missão é também a de dar suporte aos nossos alunos
portadores (ou não!) de qualquer necessidade para que cresçam felizes e seguros
para a vida.
A Associação Brasileira do Défict de Atenção
(ABDA) tem um ótimo site para ajudá-los nessa descoberta e convivência. www.tdah.org.br é um ótimo
endereço para conhecermos mais sobre o assunto.
sexta-feira, 13 de março de 2015
Reportagem para TV Gazeta de Alagoas
Autor José Romero Nobre de Carvalho fala sobre as duas obras"O Sapo Leleca e a Princesa Lili"e " O Menino que Sonhava Voar".
Para ver a reportagem clique no link abaixo.
http://g1.globo.com/al/alagoas/bom-dia-alagoas/videos/t/edicoes/v/educador-e-escritor-da-como-dica-de-leitura-dois-livros-infantis/4032050/
Para ver a reportagem clique no link abaixo.
http://g1.globo.com/al/alagoas/bom-dia-alagoas/videos/t/edicoes/v/educador-e-escritor-da-como-dica-de-leitura-dois-livros-infantis/4032050/
Saber ouvir o que o outro diz: aprendendo a ouvir além das palavras.
Minha
mãe costumava dizer isto a mim, quando eu era garoto: “Não é o que você diz,
mas como você diz”. Disso dependerá como o outro irá entender você”. Pura
verdade. Hoje, procuro entender as pessoas pela forma como dizem, e não pelo
que estão dizendo. É simples! Uma pessoa pode te dar uma resposta positiva a
uma pergunta, mas a forma como ela respondeu denuncia que as coisas não estão
bem. Na verdade, o tom de voz vai nos indicar como realmente aquela pessoa
está. Assim, podemos detectar o que de fato se passa.
Essa
falta de entendimento acontece, pois muitas coisas chamam a nossa atenção
quando estamos interagindo com outra pessoa. Por isso mesmo, ao interagir com
outras pessoas, principalmente com os nossos filhos, necessitamos de estar
atentos aos sinais que o tom de voz, os gestos e a postura do corpo nos enviam.
Precisamos
estar atentos a essas pistas vocais e corporais. Muitas vezes as pessoas, principalmente crianças e adolescentes, têm
dificuldades em expressar de fato e com clareza os seus sentimentos. Se forem
tímidos, torna-se mais difícil lermos o que realmente estão querendo dizer.
Tenho me treinado a ouvir essas pistas VOCAIS e reconhecer suas nuances, pois
um relance momentâneo desse tipo pode ser a única “deixa” para eu entender que
algo de errado está acontecendo.
Decifrar
pessoas não é uma tarefa fácil. Muitas vezes a família precisa recorrer à ajuda
de profissionais. Mas, até para se fazer isso, é preciso que identifiquemos a
possibilidade da existência de algo errado. É aí que você tem um papel
importante. É claro que a escola ajuda muito, mas é também claro que, na
escola, muitas vezes o comportamento da criança é diferente do comportamento no
meio familiar. Já conheci crianças e adolescentes que agiam de forma oposta ao
comportamento familiar, quando estavam na escola. E vice e versa! Já atendi
famílias, expondo as situações do emocional da criança revelado na escola e em
casa nunca percebido. Por isso, toda atenção é fundamental. Daí, a importância
de observamos o tom de voz de nossos filhos. Alguém que seja naturalmente
tranquilo, com um tom de voz calmo, pode expressar a raiva ficando incomumente
quieto ou respirando fortemente, e não aumentando a voz ou falando mais rápido.
Tudo é relativo ao comportamento normal da pessoa.
Se
você for sensível a essas pistas vocais sutis, não só conseguirá entender as
pessoas de modo a poder ajudá-las, quando necessário. Lembre-se de que com os
bebês o quadro não muda. Se ainda não verbalizam com eficiência, certamente
choram. O tom do choro também denuncia situações de desconforto e
insatisfações. O “grau” do choro nos dará a dimensão do quadro: Será dor? Será
fome? Será birra? Se você estiver atento (a), saberá.
Com
os adolescentes, não é diferente. Permita-os expressarem-se nas roupas, com o
corpo. Com um bom diálogo, terá uma enorme possibilidade de leituras. Jovens
gostam de tribos e precisam serem aceitos. Precisam de liberdade, mesmo que
acompanhada, para se manifestarem. Repressão e formatação, isso tira deles a
possibilidade de comunicação com o mundo, na forma como mais sabem fazer. É
preciso vê-los, ouvi-los e entendê-los. Muitas vezes falam pouco e verbalizam
quase nada, mas são capazes de fazer muito para que possamos entender o que
querem dizer. Eles gostam de chamar a atenção e precisam serem notados. Você
está ciente disso? Você se lembra de quando era adolescente e das dificuldades?
Com os filhos a situação não é diferente. Tudo, mesmo o oculto, tem um
significado.
sexta-feira, 6 de março de 2015
“Não se pode ser sem rebeldia” (Paulo Freire)
Nós que temos filhos crianças e adolescentes, em algum momento do
desenvolvimento de nossos filhos, nos deparamos com a rebeldia. Isso acontece
na fase da “meninice” ou, com certeza, na fase da “aborrecência”, como nos
acostumamos a referendar a adolescência. Assim, nessa época é bem comum pais
ficarem chateados com alguns comportamentos dos filhos.
Você já pensou que muitas vezes o comportamento humano
exteriorizado está intrinsecamente ligado às vivências emocionais
internalizadas durante o processo de formação da personalidade? Sabia que
também devemos considerar as heranças culturais e genéticas no que tange ao
comportamento do indivíduo?
Hoje, sabemos que a qualidade do vínculo formado expressa o
conteúdo afetivo da vivência. Assim, embora a rebeldia seja inerente às
diversas fases do desenvolvimento humano, a sua manifestação irá variar
conforme essas considerações. O nível de relação afetiva com os nossos filhos,
o ambiente em que vivem, o histórico cultural e o grau de relacionamento
positivo ou não, com os pais, irá dar qualidade de expressão à sua forma de
rebeldia.
Estou aqui de forma simplista, partindo do postulado que ajuda a
introduzir a importância de analisarmos o significado da rebeldia nas
diferentes fases do desenvolvimento e formação de nossas crianças. Quero aqui
ajudá-los a ver que os pais, dependendo da forma como criam, convivem e educam
os seus filhos, são fundamentais na manifestação dessa rebeldia. A intensidade
da rebeldia, então, será proporcional à “carga de vivência de cada um”. A
rebeldia é um comportamento da criança ou do adolescente que busca uma maneira
de tornar visível algo invisível. Ela é uma conjunção de emoções. E, em síntese,
uma forma de defesa.
Nós, como educadores e escola, estamos trabalhando no sentido de
organizar e dar coerência ao mundo escolar de nossas crianças e jovens. A
tarefa é sempre árdua, mas muito significativa para nós educadores. Sabe por
quê? Porque sabemos que é na escola que essa expressão de rebeldia mais
aparece, pois é na escola que a criança e o adolescente, “livres” da rotina
doméstica e da influência dos pais, se colocam como um “eu independente”.
Entendem as matrizes de autoridade, mas por estímulo da própria escola e
atribuições da educação, elas querem mostrar o eu que habita cada um. É a
personalidade em formação.
Que bom! Se a escola fosse um ambiente como a nossa casa, as
nossas crianças e adolescentes jamais cresceriam. Portanto, não se pode mesmo
ser, sem rebeldia. É a rebeldia que dá expressão ao ser humano. Somente nós
educadores sabemos ler e sabemos, no tempo certo, dar às crianças e aos
adolescentes o espaço para que possam manifestar-se em seu eu “ultrauterino”,
fora de casa. Educação é isso. Bem-vindos todos ao mundo de formação de
pessoas: à Escola.
segunda-feira, 2 de março de 2015
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