Minha
mãe costumava dizer isto a mim, quando eu era garoto: “Não é o que você diz,
mas como você diz”. Disso dependerá como o outro irá entender você”. Pura
verdade. Hoje, procuro entender as pessoas pela forma como dizem, e não pelo
que estão dizendo. É simples! Uma pessoa pode te dar uma resposta positiva a
uma pergunta, mas a forma como ela respondeu denuncia que as coisas não estão
bem. Na verdade, o tom de voz vai nos indicar como realmente aquela pessoa
está. Assim, podemos detectar o que de fato se passa.
Essa
falta de entendimento acontece, pois muitas coisas chamam a nossa atenção
quando estamos interagindo com outra pessoa. Por isso mesmo, ao interagir com
outras pessoas, principalmente com os nossos filhos, necessitamos de estar
atentos aos sinais que o tom de voz, os gestos e a postura do corpo nos enviam.
Precisamos
estar atentos a essas pistas vocais e corporais. Muitas vezes as pessoas, principalmente crianças e adolescentes, têm
dificuldades em expressar de fato e com clareza os seus sentimentos. Se forem
tímidos, torna-se mais difícil lermos o que realmente estão querendo dizer.
Tenho me treinado a ouvir essas pistas VOCAIS e reconhecer suas nuances, pois
um relance momentâneo desse tipo pode ser a única “deixa” para eu entender que
algo de errado está acontecendo.
Decifrar
pessoas não é uma tarefa fácil. Muitas vezes a família precisa recorrer à ajuda
de profissionais. Mas, até para se fazer isso, é preciso que identifiquemos a
possibilidade da existência de algo errado. É aí que você tem um papel
importante. É claro que a escola ajuda muito, mas é também claro que, na
escola, muitas vezes o comportamento da criança é diferente do comportamento no
meio familiar. Já conheci crianças e adolescentes que agiam de forma oposta ao
comportamento familiar, quando estavam na escola. E vice e versa! Já atendi
famílias, expondo as situações do emocional da criança revelado na escola e em
casa nunca percebido. Por isso, toda atenção é fundamental. Daí, a importância
de observamos o tom de voz de nossos filhos. Alguém que seja naturalmente
tranquilo, com um tom de voz calmo, pode expressar a raiva ficando incomumente
quieto ou respirando fortemente, e não aumentando a voz ou falando mais rápido.
Tudo é relativo ao comportamento normal da pessoa.
Se
você for sensível a essas pistas vocais sutis, não só conseguirá entender as
pessoas de modo a poder ajudá-las, quando necessário. Lembre-se de que com os
bebês o quadro não muda. Se ainda não verbalizam com eficiência, certamente
choram. O tom do choro também denuncia situações de desconforto e
insatisfações. O “grau” do choro nos dará a dimensão do quadro: Será dor? Será
fome? Será birra? Se você estiver atento (a), saberá.
Com
os adolescentes, não é diferente. Permita-os expressarem-se nas roupas, com o
corpo. Com um bom diálogo, terá uma enorme possibilidade de leituras. Jovens
gostam de tribos e precisam serem aceitos. Precisam de liberdade, mesmo que
acompanhada, para se manifestarem. Repressão e formatação, isso tira deles a
possibilidade de comunicação com o mundo, na forma como mais sabem fazer. É
preciso vê-los, ouvi-los e entendê-los. Muitas vezes falam pouco e verbalizam
quase nada, mas são capazes de fazer muito para que possamos entender o que
querem dizer. Eles gostam de chamar a atenção e precisam serem notados. Você
está ciente disso? Você se lembra de quando era adolescente e das dificuldades?
Com os filhos a situação não é diferente. Tudo, mesmo o oculto, tem um
significado.
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