sexta-feira, 13 de março de 2015

Saber ouvir o que o outro diz: aprendendo a ouvir além das palavras.



Minha mãe costumava dizer isto a mim, quando eu era garoto: “Não é o que você diz, mas como você diz”. Disso dependerá como o outro irá entender você”. Pura verdade. Hoje, procuro entender as pessoas pela forma como dizem, e não pelo que estão dizendo. É simples! Uma pessoa pode te dar uma resposta positiva a uma pergunta, mas a forma como ela respondeu denuncia que as coisas não estão bem. Na verdade, o tom de voz vai nos indicar como realmente aquela pessoa está. Assim, podemos detectar o que de fato se passa.
Essa falta de entendimento acontece, pois muitas coisas chamam a nossa atenção quando estamos interagindo com outra pessoa. Por isso mesmo, ao interagir com outras pessoas, principalmente com os nossos filhos, necessitamos de estar atentos aos sinais que o tom de voz, os gestos e a postura do corpo nos enviam.
Precisamos estar atentos a essas pistas vocais e corporais. Muitas vezes as pessoas,  principalmente crianças e adolescentes, têm dificuldades em expressar de fato e com clareza os seus sentimentos. Se forem tímidos, torna-se mais difícil lermos o que realmente estão querendo dizer. Tenho me treinado a ouvir essas pistas VOCAIS e reconhecer suas nuances, pois um relance momentâneo desse tipo pode ser a única “deixa” para eu entender que algo de errado está acontecendo.
Decifrar pessoas não é uma tarefa fácil. Muitas vezes a família precisa recorrer à ajuda de profissionais. Mas, até para se fazer isso, é preciso que identifiquemos a possibilidade da existência de algo errado. É aí que você tem um papel importante. É claro que a escola ajuda muito, mas é também claro que, na escola, muitas vezes o comportamento da criança é diferente do comportamento no meio familiar. Já conheci crianças e adolescentes que agiam de forma oposta ao comportamento familiar, quando estavam na escola. E vice e versa! Já atendi famílias, expondo as situações do emocional da criança revelado na escola e em casa nunca percebido. Por isso, toda atenção é fundamental. Daí, a importância de observamos o tom de voz de nossos filhos. Alguém que seja naturalmente tranquilo, com um tom de voz calmo, pode expressar a raiva ficando incomumente quieto ou respirando fortemente, e não aumentando a voz ou falando mais rápido. Tudo é relativo ao comportamento normal da pessoa.
Se você for sensível a essas pistas vocais sutis, não só conseguirá entender as pessoas de modo a poder ajudá-las, quando necessário. Lembre-se de que com os bebês o quadro não muda. Se ainda não verbalizam com eficiência, certamente choram. O tom do choro também denuncia situações de desconforto e insatisfações. O “grau” do choro nos dará a dimensão do quadro: Será dor? Será fome? Será birra? Se você estiver atento (a), saberá.

Com os adolescentes, não é diferente. Permita-os expressarem-se nas roupas, com o corpo. Com um bom diálogo, terá uma enorme possibilidade de leituras. Jovens gostam de tribos e precisam serem aceitos. Precisam de liberdade, mesmo que acompanhada, para se manifestarem. Repressão e formatação, isso tira deles a possibilidade de comunicação com o mundo, na forma como mais sabem fazer. É preciso vê-los, ouvi-los e entendê-los. Muitas vezes falam pouco e verbalizam quase nada, mas são capazes de fazer muito para que possamos entender o que querem dizer. Eles gostam de chamar a atenção e precisam serem notados. Você está ciente disso? Você se lembra de quando era adolescente e das dificuldades? Com os filhos a situação não é diferente. Tudo, mesmo o oculto, tem um significado.

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