Nós que vivemos a rotina escolar, escutamos
muito a frase: “Filhos de pais separados são problemáticos”. A nossa
experiência aponta para o seguinte: Há, mesmo, entre as crianças de pais
separados muita inquietação, mas isso não é, e não pode ser, regra geral.
Entendo que crianças apresentam algum tipo de problema em várias situações e
que nem sempre tem a ver com o fato de seus pais serem separados. Já atendi
famílias constituídas, cuja criança apresenta algum tipo de problema. Atendo
também pais separados, cuja boa relação e convívio com os filhos garante um
ambiente saudável, mesmo que juridicamente não constituído como família.
Vamos entender... famílias que,
independentemente de seus status jurídico, não assumem verdadeiramente os seus
filhos, estão sujeitas a situações emocionais ou de indisciplina com os seus
filhos. Se a família é juridicamente e socialmente constituída, mas não há
entre os membros respeito, confiança, diálogo e entrega, de nada adianta para
as crianças essa constituição familiar. Brigas, desentendimentos e falta de
diálogo entre pais socialmente e juridicamente casados podem provocar
insegurança e desequilíbrio emocional nos filhos. E casais juridicamente
separados, mas unidos na boa criação dos filhos, mesmo não coabitando sob o
mesmo teto, podem sim gerar as condições emocionais adequadas para o bom
desenvolvimento psíquico dos filhos. Conheço pais separados que agem como pais
que amam os seus filhos e cooperam para que tudo corra bem. Conheço casais que
convivem dia-a-dia com os filhos e que não têm essa mesma convergência. O
conforto emocional não falta às crianças e, por isso, elas se sentem seguras e
realizadas. Chegam à maturidade emocional a ponto de conviver com o namorado da
mãe, a namorada do pai, com muita tranquilidade. Uma relação de amor e respeito
nunca pode ser ameaçadora.
Não posso deixar sem registro que há, de fato,
em casais separados uma tendência maior em não oportunizar conforto emocional
aos filhos. Brigam, disputam e colocam os filhos no centro do problema. Aí sim,
fica complicado e muito. Então, qual é, afinal, a resposta a essa questão que
dá título a este artigo? O que posso dizer com toda honestidade é que há mais
possibilidades de filhos de pais separados apresentarem problemas, não pelo
fato de eles serem separados, mas por eles
não lidarem bem com essa separação. Isso sim é que precisa ser resolvido
entre os adultos. Relações mal resolvidas provocam impactos terríveis nos
filhos. Vamos lembrar sempre que os laços do casamento podem ser defeitos, mas
o compromisso e o amor com os filhos é incondicional. Por isso, tenhamos esse
cuidado. Brigas em casa, “jogo emocional” com os filhos e falta de diálogo com eles
geram problemas. Nós, pais, adultos e racionais que somos, temos que saber que
deveremos fazer sempre um enorme esforço para superarmos as amarguras e
conversar sobre a melhor solução para os nossos problemas. Claro, um terá que
dar o primeiro passo, se a separação for difícil (e sempre é) ou quando
permanecem em um “casamento ruim”. É preciso focar na ideia de que os filhos
são o nosso objetivo e necessitam crescer acolhidos emocionalmente.
Por conviver diariamente com crianças e
adolescentes e como educador e pai, o que desejo é que nossos alunos e filhos
sejam felizes e que encontrem um caminho livre de traumas para que possam ser
felizes. Afinal, qual é mesmo o nosso objetivo enquanto pais e educadores?
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