sexta-feira, 6 de março de 2015

“Não se pode ser sem rebeldia” (Paulo Freire)



Nós que temos filhos crianças e adolescentes, em algum momento do desenvolvimento de nossos filhos, nos deparamos com a rebeldia. Isso acontece na fase da “meninice” ou, com certeza, na fase da “aborrecência”, como nos acostumamos a referendar a adolescência. Assim, nessa época é bem comum pais ficarem chateados com alguns comportamentos dos filhos.
Você já pensou que muitas vezes o comportamento humano exteriorizado está intrinsecamente ligado às vivências emocionais internalizadas durante o processo de formação da personalidade? Sabia que também devemos considerar as heranças culturais e genéticas no que tange ao comportamento do indivíduo?
Hoje, sabemos que a qualidade do vínculo formado expressa o conteúdo afetivo da vivência. Assim, embora a rebeldia seja inerente às diversas fases do desenvolvimento humano, a sua manifestação irá variar conforme essas considerações. O nível de relação afetiva com os nossos filhos, o ambiente em que vivem, o histórico cultural e o grau de relacionamento positivo ou não, com os pais, irá dar qualidade de expressão à sua forma de rebeldia.
Estou aqui de forma simplista, partindo do postulado que ajuda a introduzir a importância de analisarmos o significado da rebeldia nas diferentes fases do desenvolvimento e formação de nossas crianças. Quero aqui ajudá-los a ver que os pais, dependendo da forma como criam, convivem e educam os seus filhos, são fundamentais na manifestação dessa rebeldia. A intensidade da rebeldia, então, será proporcional à “carga de vivência de cada um”. A rebeldia é um comportamento da criança ou do adolescente que busca uma maneira de tornar visível algo invisível. Ela é uma conjunção de emoções. E, em síntese, uma forma de defesa.
Nós, como educadores e escola, estamos trabalhando no sentido de organizar e dar coerência ao mundo escolar de nossas crianças e jovens. A tarefa é sempre árdua, mas muito significativa para nós educadores. Sabe por quê? Porque sabemos que é na escola que essa expressão de rebeldia mais aparece, pois é na escola que a criança e o adolescente, “livres” da rotina doméstica e da influência dos pais, se colocam como um “eu independente”. Entendem as matrizes de autoridade, mas por estímulo da própria escola e atribuições da educação, elas querem mostrar o eu que habita cada um. É a personalidade em formação.
Que bom! Se a escola fosse um ambiente como a nossa casa, as nossas crianças e adolescentes jamais cresceriam. Portanto, não se pode mesmo ser, sem rebeldia. É a rebeldia que dá expressão ao ser humano. Somente nós educadores sabemos ler e sabemos, no tempo certo, dar às crianças e aos adolescentes o espaço para que possam manifestar-se em seu eu “ultrauterino”, fora de casa. Educação é isso. Bem-vindos todos ao mundo de formação de pessoas: à Escola.


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