Nós que temos filhos crianças e adolescentes, em algum momento do
desenvolvimento de nossos filhos, nos deparamos com a rebeldia. Isso acontece
na fase da “meninice” ou, com certeza, na fase da “aborrecência”, como nos
acostumamos a referendar a adolescência. Assim, nessa época é bem comum pais
ficarem chateados com alguns comportamentos dos filhos.
Você já pensou que muitas vezes o comportamento humano
exteriorizado está intrinsecamente ligado às vivências emocionais
internalizadas durante o processo de formação da personalidade? Sabia que
também devemos considerar as heranças culturais e genéticas no que tange ao
comportamento do indivíduo?
Hoje, sabemos que a qualidade do vínculo formado expressa o
conteúdo afetivo da vivência. Assim, embora a rebeldia seja inerente às
diversas fases do desenvolvimento humano, a sua manifestação irá variar
conforme essas considerações. O nível de relação afetiva com os nossos filhos,
o ambiente em que vivem, o histórico cultural e o grau de relacionamento
positivo ou não, com os pais, irá dar qualidade de expressão à sua forma de
rebeldia.
Estou aqui de forma simplista, partindo do postulado que ajuda a
introduzir a importância de analisarmos o significado da rebeldia nas
diferentes fases do desenvolvimento e formação de nossas crianças. Quero aqui
ajudá-los a ver que os pais, dependendo da forma como criam, convivem e educam
os seus filhos, são fundamentais na manifestação dessa rebeldia. A intensidade
da rebeldia, então, será proporcional à “carga de vivência de cada um”. A
rebeldia é um comportamento da criança ou do adolescente que busca uma maneira
de tornar visível algo invisível. Ela é uma conjunção de emoções. E, em síntese,
uma forma de defesa.
Nós, como educadores e escola, estamos trabalhando no sentido de
organizar e dar coerência ao mundo escolar de nossas crianças e jovens. A
tarefa é sempre árdua, mas muito significativa para nós educadores. Sabe por
quê? Porque sabemos que é na escola que essa expressão de rebeldia mais
aparece, pois é na escola que a criança e o adolescente, “livres” da rotina
doméstica e da influência dos pais, se colocam como um “eu independente”.
Entendem as matrizes de autoridade, mas por estímulo da própria escola e
atribuições da educação, elas querem mostrar o eu que habita cada um. É a
personalidade em formação.
Que bom! Se a escola fosse um ambiente como a nossa casa, as
nossas crianças e adolescentes jamais cresceriam. Portanto, não se pode mesmo
ser, sem rebeldia. É a rebeldia que dá expressão ao ser humano. Somente nós
educadores sabemos ler e sabemos, no tempo certo, dar às crianças e aos
adolescentes o espaço para que possam manifestar-se em seu eu “ultrauterino”,
fora de casa. Educação é isso. Bem-vindos todos ao mundo de formação de
pessoas: à Escola.
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