No artigo anterior, eu me dirigi a vocês apresentando um pouco da
teoria da neurociência e da neuroeducação. Em todo o mundo, os olhares
acadêmicos estão voltados para essas teorias. Há centenas de estudos que
demonstram que a forma como os pais se relacionam com os filhos, se com rígida
disciplina ou empática compreensão, indiferença ou simpatia, está impactando em
suas inteligências emocionais.
Mas o que é inteligência emocional? A Psicologia descreve a
inteligência emocional como a capacidade que a pessoa tem de reconhecer os
próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com
eles. Ora, o que isso tem a ver com o ambiente familiar? Recentemente
descobriu-se que ter pais emocionalmente inteligentes é em si um enorme
proveito para as crianças. A maneira como o casal lida com os seus sentimentos
passa poderosas lições para os seus filhos.
Como o tema é novidade para muitos, acho interessante aprofundar um pouco
sobre o que estou abordando, por isso listei o perfil de pais emocionalmente
inábeis.
Observe alguns aspectos:
· Ignorar
qualquer tipo de sentimento, banalizando as perturbações emocionais dos filhos.
São os que acham que tudo passa e não
aproveitam essas situações para se aproximar dos filhos;
·
Achar
que as crianças saibam lidar com as tempestades emocionais.
São aqueles que tentam compensar os filhos
emocionalmente com presentes para que não fiquem tristes e não aprofundam no
problema;
·
Ser
muito rigoroso e não respeitar o que as crianças sentem.
São os pais que berram irados com a criança,
quando ela tenta argumentar.
Muito bem, aí temos as características mais comuns de pais com pouca
habilidade emocional. Mas, qual seria o papel dos pais inteligentes
emocionalmente que ensinam os filhos a conhecerem e a desenvolverem a sua
inteligência emocional? Aqueles que aproveitam um momento de perturbação dos
filhos para agir como uma espécie de treinador ou mentor emocional. Levam os
sentimentos dos filhos tão a sério que fazem tudo para entender o que realmente
está acontecendo. Acolher, conversar, compreender, acompanhar, participar,
apoiar, corrigir, interagir, amar, isso é demonstrar esse amor. O impacto de
uma paternidade exercida nesses termos é muito significativo. Sabemos que à
medida em que crescem, as crianças vão adquirindo maturidade para chegar a um
outro nível de aprendizagem emocional. O melhor caminho, até então, é afeição e
menos tensão.
A primeira oportunidade para moldarmos os ingredientes da inteligência
emocional é nos primeiros anos de vida, quando a criança ainda está formando a
sua personalidade. Esse ensinamento emocional elas levarão por toda a vida.
Crianças estimuladas de forma positiva e amorosa pelos pais, certamente terão
mais energia emocional em suas vidas. Essas crianças crescerão com mais
confiança, com curiosidade para descobrir emoções novas, autocontrole para
controlar as próprias ações. Também terão mais capacidade de relacionamento e
comunicação com as pessoas. Terão mais cooperatividade e habilidade de
contornar crises. Que maravilha!
Crianças bem resolvidas emocionalmente... adultos felizes e
emocionalmente competentes. O sucesso está aí: lidar bem com as emoções e criar
oportunidades de bom relacionamento e comunicação adequada. Quem sabe lidar com
tudo isso torna-se uma pessoa resiliente. Os grandes líderes são tudo isso. Por
isso, eu me dirijo a vocês, pais. Nós temos em mãos a chave para abrir o portão
da felicidade para os nossos filhos. Uma boa inteligência emocional, uma boa
escola e boas companhias é tudo o que eles precisam para brilharem. A
autocofiança, a fé em si e em Deus os empurram para o sucesso e a felicidade.
Fonte: Inteligência Emocional de Daniel Goleman.
Ed. Objetiva.