Sou membro da Comunidade
Aprender Crianças, que é a primeira comunidade acadêmica no Brasil dedicada
ao aprimoramento do ensino e aprendizado através dos avanços nas pesquisas
sobre o cérebro. Esta comunidade é liderada pelo Prof. Dr. Marco Antônio
Arruda, da USP-RP (Universidade de São Paulo, Campus Ribeirão Preto) e fundador
do Instituto Glia, maior centro de estudo e cura da cefaleia infantil e da
Neurociência e Neuroeducação. Com sede em Ribeirão Preto- SP, o Instituto Glia
é referência mundial no assunto. Como o tema é muito pertinente e como temos
avançado muito nos diagnósticos de déficit de atenção, hiperatividade,
desenvolvimento emocional e deficiências, quero muito compartilhar alguns
resultados de pesquisa que muito ajudará você, no acompanhamento do aprendizado
de sua criança.
Sempre queremos entender as razões do baixo
rendimento escolar. Claro que existem diversos casos e cada um é um, no
universo infantil. A diversidade de casos, no entanto não atrapalha um trabalho
de investigação acerca das raízes do problema. Apenas sedimenta e reorganiza a
pesquisa. De maneira geral e com intenção apenas informativa, compartilho aqui
alguns fatores de risco para um baixo desempenho escolar obtidos através de
análise estatística:
1. Meninos apresentam um risco de até 1, 7 vez maior;
2. Adolescentes apresentam um risco de até 1, 6 vez maior do que crianças;
3. Filhos de pais separados um risco de até 1, 5 vez maior;
4. Crianças e adolescentes que não moram com os pais têm um risco até 1, 8
vez maior;
5. Baixo grau de instrução do chefe da família é um risco até de 5, 8 vezes
maior;
6. Pertencer à classe econômica baixa (D / E) implica um risco de até 4, 8 vezes
maior;
7. Se, para os pais, a criança ou adolescente não é feliz, o risco é 2, 8
vezes maior;
8. Se a criança ou o adolescente é portador de TDAH, tem-se um risco 15
vezes maior;
9. Se a mãe ingeriu substâncias, com álcool ou drogas leves durante a
gestação da criança, o risco é 1, 7 vez maior;
10. Se a criança ou o adolescente é incapaz de adiar recompensas, temos um
risco 2 vezes maior.
Mas nem tudo é problema. Nós temos boas dicas que nos
ajudam a diminuir o impacto negativo dos fatores de risco que enunciamos acima.
É possível desenvolvermos os fatores de proteção, a partir de ações e
transformações sociais que não são de alcance imediato, mas surtem efeitos a
médio prazo.
No entanto, há ações positivas que dependem
exclusivamente de nossa intervenção imediata:
1. Sono: o sono é fundamental para o desenvolvimento e desempenho cognitivo
da criança. Crianças e adolescentes que dormem mais de 8 horas por noite
apresentam uma chance de 1, 9 vezes maior de ter altos índices de saúde mental
e desempenho escolar em comparação com aqueles que dormem menos do que 8 horas.
Nossa moderna sociedade globalizada vem literalmente tirando o sono de nossas
crianças e adolescentes. Essa falta de sono advém da exposição ao mundo
digital, TV, Internet, consumo exagerado de cafeína, consumo de chocolate em
demasia, telefone celular acompanhando a criança ou adolescente na cama etc.
Essa falta de “higiene do sono” leva a pessoa a desregular o seu “relógio
biológico”. Além da produção de hormônios, o sono é responsável pela
restauração do metabolismo cerebral e consolidação da memória e do processo de
aprendizagem.
2. Acesso à mídia eletrônica: excesso de jogos eletrônicos provoca
compulsão e isolamento social da criança e adolescente. Além da exposição
visual e auditiva, crianças e adolescentes costumam torna-se mais agressivos e
“elétricos”, o que dificulta a atenção e, consequentemente, a aprendizagem.
Aprender exige concentração e, principalmente, calma. “Crianças elétricas” têm
mais dificuldade em concentrar e aprender. Na escola, costumam estar
vivenciando conflitos com colegas e um enorme desassossego, pois não aprendem.
Portanto, cabe aos pais administrarem o acesso de seus filhos às mídias.
3. O clima de segurança em casa: a criança e o adolescente necessitam, para
o seu bom desenvolvimento, de um lar seguro. A segurança aqui é emocional. O
ambiente deve ser acolhedor, e eles precisam sentir a segurança de que, se
preciso for, terão o apoio necessário. Os pais não são professores nem
psicólogos, mas são parceiros dos filhos em suas tarefas escolares e no diálogo
franco e aberto. A insegurança leva à negligência, e essa cultura interfere no
comportamento e no bom aproveitamento escolar das crianças. Precisamos estar
atentos!
O que então devo fazer?
1. Manter uma comunicação eficiente com os filhos. Não se trata apenas de
falar, mas ouvir com atenção e explicar com clareza os motivos da negativa
quando for o caso;
2. Mudar roteiros negativos, criando hábitos saudáveis, levando os filhos a
cumprirem obrigações. Regular o uso de mídias e acesso à TV e colocar regras na
rotina diária.
3. Amar de forma que os filhos se sintam especiais e compreendidos. Amor de
pai e de mãe é diferente dos outros amores. Ele deve ser um “amor responsável”
que saiba dizer não quando necessário, que discipline e que crie laços de
confiança;
4. Aceitar os filhos como eles são. Toda criança é única e não adianta
comparações entre elas. Havendo aceitação, aí sim, os pais poderão estabelecer
as suas expectativas. Temos que desejar para nossos filhos aquilo que cada um
consegue atingir. Todos têm talentos e habilidades. Ajude-os a encontrar;
5. Ajude-os a compreender que aprendem com os erros, que nós erramos mesmo
e que errar não é problema. A punição simples e banalizada não irá surtir
efeitos. Ensine-os o que é certo e ensine com exemplos.
Como podem ver, a escola tem um papel importante na
relação ensino-aprendizagem de seu filho, mas a família, os pais em especial,
tem uma grande parcela. Saibam mais sobre a Neurociência e a Neuroeducação
acessando o site: www.aprendercriança.com.br, muito teremos lá para
conhecer.
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