segunda-feira, 27 de julho de 2015

A criança e o adolescente brasileiro: A questão da aprendizagem escolar




Sou membro da Comunidade Aprender Crianças, que é a primeira comunidade acadêmica no Brasil dedicada ao aprimoramento do ensino e aprendizado através dos avanços nas pesquisas sobre o cérebro. Esta comunidade é liderada pelo Prof. Dr. Marco Antônio Arruda, da USP-RP (Universidade de São Paulo, Campus Ribeirão Preto) e fundador do Instituto Glia, maior centro de estudo e cura da cefaleia infantil e da Neurociência e Neuroeducação. Com sede em Ribeirão Preto- SP, o Instituto Glia é referência mundial no assunto. Como o tema é muito pertinente e como temos avançado muito nos diagnósticos de déficit de atenção, hiperatividade, desenvolvimento emocional e deficiências, quero muito compartilhar alguns resultados de pesquisa que muito ajudará você, no acompanhamento do aprendizado de sua criança.
Sempre queremos entender as razões do baixo rendimento escolar. Claro que existem diversos casos e cada um é um, no universo infantil. A diversidade de casos, no entanto não atrapalha um trabalho de investigação acerca das raízes do problema. Apenas sedimenta e reorganiza a pesquisa. De maneira geral e com intenção apenas informativa, compartilho aqui alguns fatores de risco para um baixo desempenho escolar obtidos através de análise estatística:

1. Meninos apresentam um risco de até 1, 7 vez maior;
2. Adolescentes apresentam um risco de até 1, 6 vez maior do que crianças;
3. Filhos de pais separados um risco de até 1, 5 vez maior;
4. Crianças e adolescentes que não moram com os pais têm um risco até 1, 8 vez maior;
5. Baixo grau de instrução do chefe da família é um risco até de 5, 8 vezes maior;
6. Pertencer à classe econômica baixa (D / E) implica um risco de até 4, 8 vezes maior;
7. Se, para os pais, a criança ou adolescente não é feliz, o risco é 2, 8 vezes maior;
8. Se a criança ou o adolescente é portador de TDAH, tem-se um risco 15 vezes maior;
9. Se a mãe ingeriu substâncias, com álcool ou drogas leves durante a gestação da criança, o risco é 1, 7 vez maior;
10. Se a criança ou o adolescente é incapaz de adiar recompensas, temos um risco 2 vezes maior.

Mas nem tudo é problema. Nós temos boas dicas que nos ajudam a diminuir o impacto negativo dos fatores de risco que enunciamos acima. É possível desenvolvermos os fatores de proteção, a partir de ações e transformações sociais que não são de alcance imediato, mas surtem efeitos a médio prazo.

No entanto, há ações positivas que dependem exclusivamente de nossa intervenção imediata:

1. Sono: o sono é fundamental para o desenvolvimento e desempenho cognitivo da criança. Crianças e adolescentes que dormem mais de 8 horas por noite apresentam uma chance de 1, 9 vezes maior de ter altos índices de saúde mental e desempenho escolar em comparação com aqueles que dormem menos do que 8 horas. Nossa moderna sociedade globalizada vem literalmente tirando o sono de nossas crianças e adolescentes. Essa falta de sono advém da exposição ao mundo digital, TV, Internet, consumo exagerado de cafeína, consumo de chocolate em demasia, telefone celular acompanhando a criança ou adolescente na cama etc. Essa falta de “higiene do sono” leva a pessoa a desregular o seu “relógio biológico”. Além da produção de hormônios, o sono é responsável pela restauração do metabolismo cerebral e consolidação da memória e do processo de aprendizagem.
2. Acesso à mídia eletrônica: excesso de jogos eletrônicos provoca compulsão e isolamento social da criança e adolescente. Além da exposição visual e auditiva, crianças e adolescentes costumam torna-se mais agressivos e “elétricos”, o que dificulta a atenção e, consequentemente, a aprendizagem. Aprender exige concentração e, principalmente, calma. “Crianças elétricas” têm mais dificuldade em concentrar e aprender. Na escola, costumam estar vivenciando conflitos com colegas e um enorme desassossego, pois não aprendem. Portanto, cabe aos pais administrarem o acesso de seus filhos às mídias.
3.  O clima de segurança em casa: a criança e o adolescente necessitam, para o seu bom desenvolvimento, de um lar seguro. A segurança aqui é emocional. O ambiente deve ser acolhedor, e eles precisam sentir a segurança de que, se preciso for, terão o apoio necessário. Os pais não são professores nem psicólogos, mas são parceiros dos filhos em suas tarefas escolares e no diálogo franco e aberto. A insegurança leva à negligência, e essa cultura interfere no comportamento e no bom aproveitamento escolar das crianças. Precisamos estar atentos!

O que então devo fazer?

1. Manter uma comunicação eficiente com os filhos. Não se trata apenas de falar, mas ouvir com atenção e explicar com clareza os motivos da negativa quando for o caso;
2. Mudar roteiros negativos, criando hábitos saudáveis, levando os filhos a cumprirem obrigações. Regular o uso de mídias e acesso à TV e colocar regras na rotina diária.
3. Amar de forma que os filhos se sintam especiais e compreendidos. Amor de pai e de mãe é diferente dos outros amores. Ele deve ser um “amor responsável” que saiba dizer não quando necessário, que discipline e que crie laços de confiança;
4. Aceitar os filhos como eles são. Toda criança é única e não adianta comparações entre elas. Havendo aceitação, aí sim, os pais poderão estabelecer as suas expectativas. Temos que desejar para nossos filhos aquilo que cada um consegue atingir. Todos têm talentos e habilidades. Ajude-os a encontrar;
5. Ajude-os a compreender que aprendem com os erros, que nós erramos mesmo e que errar não é problema. A punição simples e banalizada não irá surtir efeitos. Ensine-os o que é certo e ensine com exemplos.
Como podem ver, a escola tem um papel importante na relação ensino-aprendizagem de seu filho, mas a família, os pais em especial, tem uma grande parcela. Saibam mais sobre a Neurociência e a Neuroeducação acessando o site: www.aprendercriança.com.br, muito teremos lá para conhecer.



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