sexta-feira, 10 de julho de 2015

Onde está a minha esperança?



Em junho, quando comemorei mais uma primavera, ganhei de presente de um grande amigo, o livro Pimentas, de Rubem Alves. A leitura foi e como sempre é, com Rubem Alves, um grande aprendizado. Gosto muito dele e, identifico-me com a sua vida. Assim como ele, sou educador, psicanalista e escritor.
Onde está a minha esperança? É titulo de uma abordagem feita pelo Rubem na página 136 desse mesmo livro. Adorei a leitura, pois me fez pensar muito nessa pergunta. Voltei-me para o meu interior e questionei-me: Onde está a minha esperança? Pensei e pensei. Como fazer uma reflexão aprofundada? E a resposta que tive foi: está no trabalho que faço, está na educação! É isso que me dá razão para viver. Ao longo de muitos anos me dedico à educação e hoje sei que não o faço apenas para a minha sobrevivência, mas por acreditar que é com a educação que poderemos construir um amanhã melhor para os nossos filhos e para as gerações futuras.
Lendo o texto, deparei-me com algumas verdades: sei que a minha esperança não está na maneira tradicional de fazer política, não está na maneira tradicional como atuam os diversos movimentos sociais e religiosos que existem por aí. Minha esperança está em uma multidão de indivíduos que precisam se educar. Minha esperança não está nas ideias tradicionais preconceituosas e excludentes! Está na inclusão e no respeito às diferenças e na capacidade de oportunizarmos a todos a mesma chance. Minha esperança está na tolerância, no respeito, na cordialidade e nas trocas positivas entre as pessoas. Está no espírito cooperativo e voluntarioso de pessoas abnegadas que querem ser solidárias.
Em meu momento de reflexão, pude sentir que a minha esperança está mesmo em uma educação que desafia e motiva à mudança e a formação de pessoas dotadas de sentimentos puros e de inteligência múltipla. Precisamos de uma sociedade formada por pessoas tecnicamente competentes, mas socialmente mais solidárias, éticas e com senso moral apurado. Precisamos de pessoas que não façam piadas dos absurdos, mas que se choquem com eles e que não se conformem com esses absurdos que dilaceram os valores e trituram as pessoas. Precisamos ter esperança que a educação será capaz de trazer a justiça social sem rupturas, além de promover o senso crítico comum a todos, a ponto de não nos deixarmos enganar com os truques e costumes viciados de práticas políticas que corroem o tecido social de nosso país.
Por acreditar na educação e por ser um educador, compartilho com você a alegria de ter novamente os alunos em nossa Escola. Crianças e adolescentes precisam da Escola, dos saberes e das vivências proporcionadas pelo ambiente educativo. Precisam estar aqui, lendo o mundo e se fazendo ler como pessoa. Mais uma vez agradeço muito a confiança depositada em nosso trabalho e saibam que a nossa esperança, a minha em particular, está em cada criança e adolescente que estão aqui em nossa Escola.


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