segunda-feira, 7 de março de 2016

O que você faria?



Vamos fazer uma simulação muito interessante. Irei descrever um caso relativamente corriqueiro em nossas escolas pelo Brasil e você irá me ajudar a analisar. Vale lembrar que os nomes são fictícios e a situação por mais verdadeira que possa parecer, foi criada para nos ajudar na análise. Vamos lá...
Maria Paula e Eduardo trabalham o dia todo. A jornada começa logo pela manhã e ambos só conseguem retornar para casa no início da noite. A filha, Maria Eduarda, tem nove anos de idade e estuda em uma escola no período da manhã. Como os pais trabalham e chegam tarde, Maria Eduarda fica sob os cuidados de Silvia, funcionária da casa. A orientação para a funcionária é sempre a mesma, após o almoço, Maria Eduarda fará um breve descanso e depois irá se dedicar nas tarefas escolares. Para ter o controle da situação, Maria Paula todos os dias liga para a filha para garantir que a mesma realize o combinado e se dedique aos compromissos escolares. Confirma com a Silvia o comportamento da filha e sente-se tranquila, pois fica sabendo que a filha está estudando. No entanto, as notas de Maria Eduarda não estão boas e seu aprendizado mostra-se comprometido. A escola sempre convida Maria Paula para reuniões, mas quase sempre ela não encontra espaço em sua agenda. O pai diz que “não leva jeito para cuidar dessas coisas” e deixa tudo com a mãe.
Se você fosse a mãe de Maria Eduarda, qual providência tomaria? O que você faria?
O caso de Maria Eduarda é bastante comum e necessita de atenção. Os pais trabalham fora, precisam acompanhar a filha à distância e os resultados não estão bons.
Vamos começar a nossa análise?
A mãe trabalhar fora não justifica a situação de baixa aprendizagem de Maria Eduarda. Sabe por que não? A mulher está há anos no mercado de trabalho e a maioria das profissionais tem filhos e certamente as mães são convidadas a dar conta da situação. O desafio é conciliar o trabalho com as obrigações domésticas. Chegar em casa e passar um visto na lição da filha ajudaria e muito a criança e oportunizaria a retomada de algo que não estivesse certo. Dialogar a respeito do que foi estudado e do que está aprendendo, motiva a criança a procurar saber mais para informar aos pais e mostrar a eles a sua evolução.
O pai alegar que “não leva jeito para isso” é cômodo e não traduz a realidade. Cá para nós, muitos de nós não levamos jeito para medicina ou enfermagem. No entanto, quando os filhos estão doentes, somos nós pais e mães quem ministramos os remédios indicados pelos médicos e acompanhamos a recuperação de nossas crianças. Realmente não é fácil ensinar as crianças, mas o simples fato de mostrar interesse pelos seus estudos, ajudar a criança a se organizar, parabenizá-la quando ela acertar, são iniciativas que fazem uma diferença enorme. É disso que ela precisa. Aprender mesmo é na escola com a professora e nós sabemos disso e tenha certeza que ela aprende sim. O que ela precisa é de organização e orientação em casa para conseguir cumprir com as suas metas.
Deixar que a funcionária de casa seja a orientadora ou fiscal de nossas crianças não funciona bem. Há um abismo sociocultural, que uma “ajuda” aí nesse caso, pode trazer sequelas para o seu aprendizado. Infelizmente os “mundos” são diferentes e o espelho de nossos filhos tem que refletir os pais e não as babás. Educação é como reflexo de espelho.  O correto a fazer então é: procurar a ajuda da escola para que estratégias viáveis sejam criadas, desenvolver na criança o hábito de estudo diário, desenvolver nela o senso de responsabilidade, deixar disponibilizado todo o material de estudo para ela em um ambiente da casa que seja propício à aprendizagem. Estudar, com a televisão ligada, celular nas mãos e o cachorrinho por perto, não será nada produtivo. Quando retornar do trabalho, solicitar à criança o material estudado e supervisionar. Se for preciso, terá que ser refeito. Essa prática provoca o senso de responsabilidade e a necessidade de cuidados ao fazer as suas atividades para ela não ter o retrabalho. Outra coisa importante, é dividir a responsabilidade com o pais. Que tal uma escala de revezamento nessa missão? A criança irá adorar essa “brincadeira”. Passa a ser um momento de convívio e de trocas fabulosas.
Estabeleça combinados, onde a disciplina seja a referência. Valorize as entregas certas da criança e faça ela entender que toda vez que entregar as atividades completas e certas, terá uma recompensa. Nada de premiação. A recompensa é a sua satisfação e carinho. O elogio e o apoio. Saiba que não gastará trinta minutos de seu dia.
Vale a pena lembrar que, as crianças não aprendem com castigos, mas sim com motivação. Por isso não relacione estudo com castigo. Nada de implantar a pedagogia do medo. Não resolve mesmo. O que é importante é planejar a agenda da semana com os horários bem organizados para ela. Organize junto com a criança para conquistar a cumplicidade dela. Deixe sempre o material escolar organizado e as tarefas revistas. Verá que essa organização será fundamental para o sucesso de sua criança. Você acha que essas sugestões foram providentes? Pense em outras formas de ajudar a sua criança a se organizar para o estudo diário e tenha certeza de que a qualidade da sua relação com ela não está no tempo que passam juntas, mas, sim, na sua dedicação nesse tempo que passam juntas.



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